McDonald´s questionado na sociedade

Após veiculação de vídeodenúncia, audiências públicas serão realizadas para debater a legalidade da jornada de trabalho móvel

Para o Sinthoresp , a jornada móvel é uma prática ilegal e danosa aos trabalhadores - Foto: Jack Zalium/CC

Michelle Amaral

A jornada móvel e variável adotada pela rede de restaurantes McDonald´s está sendo questionada por parlamentares, após a veiculação de uma vídeo-reportagem que denuncia a ilegalidade da prática.

O McDonald´s adota a jornada móvel como uma cláusula no contrato de trabalho. Ela estabelece que os trabalhadores serão remunerados pela hora trabalhada e que não terão uma jornada diária fixa, ficando à disposição das necessidades da empresa. Conforme a denúncia feita por meio da vídeo-reportagem do Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis e Restaurantes de São Paulo (Sinthoresp), a prática é ilegal e traz muitos danos aos trabalhadores.

O vídeo-denúncia foi veiculado pela primeira vez a parlamentares na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal, no dia 10 de outubro, durante uma audiência pública sobre a implantação do Registrador de Ponto Eletrônico (REP). Posteriormente, foi encaminhado a deputados, senadores e ao escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil. Em São Paulo, o vídeo foi enviado à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), à Câmara dos Vereadores da capital paulista e às Câmaras Municipais de Atibaia, Guarulhos, Mogi das Cruzes e Osasco, na região metropolitana. (mais…)

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SP – Crianças são libertadas de trabalho escravo em São Carlos

Impedidas de ir à escola, crianças e adolescentes ajudavam os pais na colheita de tomate em fazenda do interior paulista. Número de acidentes laborais e autorizações judiciais realçam preocupação acerca do trabalho infantil no país

Por Bianca Pyl

Sete crianças e adolescentes – com idades entre 7 e 15 anos – e 13 adultos foram libertados de condições análogas à escravidão de uma plantação de tomate pela Gerência Regional do Trabalho (GRTE) de São Carlos (SP), no interior do Estado de São Paulo. As crianças encontradas na Fazenda Palmeira Ltda. não recebiam qualquer pagamento salarial e ajudavam os pais com o propósito de aumentar a quantidade colhida da produção.

Responsável pelos empregados, o produtor Edson Rossi é reincidente: já foi flagrado explorando trabalho escravo em outras duas ocasiões, em 2009 e 2010. Durante a libertação, as crianças declararam aos auditores fiscais do trabalho que gostariam de estudar, mas que, por causa da jornada que tinham que cumprir, e frequência na escola não era permitida pelo empregador. Pesquisa sobre perfil de atores sociais envolvidos em casos de escravidão, divulgada recentemente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), reforçou a conexão existente entre o trabalho infantil e o trabalho escravo. (mais…)

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A economia cresce, a proteção ambiental cai

Leonardo Sakamoto

Vi comemorações semelhantes a uma vitória em Copa do Mundo à divulgação, nesta quarta, pelo IBGE, de que a safra brasileira de grãos deve chegar a 159,7 milhões de toneladas este ano – 6,8% superior à safra já recorde de 2010. A área a ser colhida em 2011 (48,6 milhões de hectares) cresceu 4,6% se comparada à de 2010 – a da soja aumentou 3,2% e a do milho, 3,5%.

Ao mesmo tempo, o Departamento de Agricultura do Tio Sam anunciou que as exportações brasileiras de soja devem chegar a 38 milhões de toneladas na safra 2011-2012. Isso combinado à diminuição da produtividade nos Estados Unidos, trará o Brasil de volta à liderança mundial nas exportações de grãos. Durma com essa, ianques!

Mas tudo tem seu preço.

Um relatório da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) apontou que o desmatamento para plantio de soja na Amazônia cresceu 85% neste ano com relação a 2010. Ou seja, no período 2010/2011, a área desmatada para soja foi de 11.653 hectares entre 375 mil ha monitorados em 53 municípios enquanto que, no período 2009/2010, o corte foi de 6.295 ha em uma área monitorada 24% menor. Vale ressaltar que cidades campeãs de desmatamento no Mato Grosso são também grandes produtoras de soja, como Feliz Natal. (mais…)

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Dilma tratora as cisternas?

Confira artigo de Roberto Malvezzi, o Gogó, sobre o esforço de organizações, movimentos sociais e militantes nordestinos para que o projeto de 1 milhão de cisternas na região seja concluído.

Roberto Malvezzi (Gogó)

A sociedade civil articulada trabalha há anos a construção de um milhão de cisternas para a população difusa do semiárido. O P1MC já construiu cerca de 350 mil dessas cisternas.

O resultado desse trabalho de rendeira, ponto a ponto, cisterna a cisterna, junto com outras políticas públicas como a elevação do salário mínimo, Luz para Todos e Bolsa Família, fizeram com que desaparecesse do cenário nordestino as grandes migrações, os altíssimos índices de mortalidade infantil, as famigeradas Frentes de Emergência, os macabros saques de famintos e sedentos. Parece pouco, mas é uma conquista histórica.

Seriam impossíveis essas conquistas sem que uma legião de pessoas, articuladas em mais de 700 entidades, não dedicassem suas vidas para vencer essas tragédias. Com uma pedagogia paciente, envolvendo as comunidades beneficiadas, fazendo a reflexão sobre a convivência com o semiárido, replicando tecnologias que passam a ser controladas pelas comunidades, a realidade mudou. (mais…)

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Conselho Nacional realiza balanço da saúde indígena

O secretário nacional de Saúde Indígena informou que a autonomia dos distritos sanitários indígenas, de forma plena, já foi alcançada em 29, das 34 unidades. Os outros cinco atingirão a capacidade completa de gestão até o fim de 2011

O ministro da Saúde Alexandre Padilha, e o secretário Antônio Alves de Souza, da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), participaram da 227ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional da Saúde (CNS). O debate entre gestores e integrantes da plenária, girou em torno do balanço de um ano da secretaria e da implementação do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Ministério da Saúde. O CNS é a instância máxima de participação social do Sistema Único de Saúde (SUS).

A SESAI completou, em 20 de outubro passado, um ano de criação. O ministro Alexandre Padilha, em uma análise sobre esse curto tempo de trabalho, ressaltou os avanços e apontou a necessidade de ter sempre medidas assertivas e com ampla consulta às comunidades indígenas. “O primeiro passo é consolidar todos os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), como Unidades Gestoras e executoras. Isso será realidade até o fim de dezembro. O segundo passo na organização da estrutura é realizar um concurso público nacional, com características regionais e dentro de um processo que possamos escolher profissionais que realmente tenham relação com as características das comunidades em que irão trabalhar”. (mais…)

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Demorou, mas o racismo ganha espaço na mídia

premios abdias nascimento vencedores

José Reinaldo Marques

Ações afirmativas e outras iniciativas que têm ajudado os negros a superar as mazelas sociais provocadas pelo preconceito e o racismo, principalmente nos campos da educação e do trabalho, a situação específica da mulher negra e o panorama sobre a vida dos remanescentes de Quilombos, no campo e na cidade, foram alguns dos principais temas abordados pelos vencedores do 1º Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, cuja cerimônia de entrega foi realizada na noite desta segunda-feira, 7 de novembro, no Teatro Oi Casa Grande no Leblon, no Rio de Janeiro.

De um total de mais de 150 trabalhos inscritos, foram selecionados 21 finalistas para a etapa final, concorrendo a um prêmio de valor de R$ 35 mil (trinta e cinco mil reais), distribuído em sete categorias (Mídia Impressa, Televisão, Rádio, Mídia Alternativa e Comunitária, Internet, Fotografia e Categoria Especial de Gênero). Cada um dos primeiros colocados recebeu a quantia de R$ 5 mil (cinco mil reais), um troféu criado pela designer Maria Júlia e um certificado de participação. (mais…)

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O quilombo do Timbó

José Romero Araújo Cardoso*

O quilombo do Timbó está localizado no agreste meridional pernambucano sob domínio orográfico do Planalto da Borborema, a quase mil metros acima do nível do mar, entre os municípios de Garanhuns e Correntes. Integra verdadeiro cordão de aldeamentos negros que se espalham pelos ermos elevados das alterosas do Estado conhecido como “Leão do Norte”.

O quilombo do Timbó dista cerca de dois quilômetros da Fazenda da Esperança Santa Rosa, onde outrora funcionou sede da FEBEM. Trata-se de testemunho do que em um passado distante foi a grande estrutura social do quilombo dos Palmares, o qual se estendia de Porto Calvo, no Estado de Alagoas, até a cidade pernambucana de Sanharó.

A população do lugar descende de heróicos negros fugidos da ênfase fomentada por Gilberto Freyre à “doçura” dos canaviaias litorâneos, bem como das plantações de fumo e dos currais de gado circunvizinhos. Em épocas pretéritas, as plantações de fumo serviram para implementar o escandaloso escambo por vidas humanas que existiu no continente africano. (mais…)

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Impecável Dr. Rosinha: Dobrem a língua para falar do SUS

A maioria daqueles que hoje escrevem contra o SUS não conhece o SUS, apesar de muitas vezes terem usado serviços do sistema. Baseiam sua críticas tendo como referência as TVs, principalmente a Globo, ou matérias jornalísticas suspeitas

Por excesso de trabalho, entro neste debate atrasado. Mas, como sempre, antes tarde do que nunca. Não poderia deixar de fazê-lo mesmo que muitos já tenham se manifestado sobre o tema.

Alguns, como Nina Crintzs, no ótimo texto “Eu, o SUS, a ironia e o mau gosto”, contaram o seu drama pessoal. Ao iniciar, peço desculpas, porque sei que aqui não é um espaço autobiográfico, mas também conto um pouco da minha vida.

Nunca me esqueço, nem hei de esquecer, uma pequena e triste história que meu pai contava. Contou-me ele que adoeci quando tinha menos de um ano de idade. Pegou-me no colo e caminhou por mais de doze quilômetros, a pé, para me levar a um médico.

Não tinha dinheiro no bolso. Levava no seu íntimo a esperança e, na sua honradez, a promessa. A esperança de que o médico me atendesse, e a promessa de pagá-lo depois que vendesse a colheita ou algum animal (porcos ou galinhas). Ele era um pobre lavrador, empregado em uma propriedade rural. (mais…)

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Sempre despeitada, velha classe média demonstra preconceito com nova classe média

Osmar e Maria enfrentam preconceito de cabeça erguida
Nossa fixação por títulos e hierarquia é parte do nossa herança portuguesa. As pessoas aqui querem ser vistas como diferentes, como superiores aos outros, e não gostam de se misturar

O casal de aposentados Osmar e Maria Ferreira conseguiu realizar um sonho de longa data: pela primeira vez os dois viajaram em um avião a caminho de uma semana de descanso sob o sol de Porto Seguro, na Bahia.

As dez parcelas que eles ainda têm de pagar vão morder todo mês um bom pedaço da renda do pintor aposentado e dos lucros de Maria – que ainda trabalha em casa como manicure – mas eles têm a certeza que é dinheiro bem gasto. 

“Comida não é a única coisa que precisamos para viver”, diz Ferreira enquanto relaxa a beira-mar. “Isso é que é viver! Olha que beleza!”

À medida que a nova classe média chega a mais lugares e tem acesso a novos serviços, surgem, no entanto, tensões com a classe média tradicional brasileira, que parece sentir seu espaço sendo tomado. (mais…)

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