Minimizadores do caso Samarco tentam reinventar palavra “tóxico”, por Alceu Castilho

Defensores da mineradora ignoram definição de toxicidade para amenizar impactos do rompimento da barragem em Mariana; não somente metais pesados têm efeito nocivo

No Outras Palavras

Tomemos a definição do Dicionário Houaiss:

“tóxico \cs\adjetivo e substantivo masculino. 1 que ou o que produz efeitos nocivos no organismo ‹ substância t. › ‹ a cocaína é um t. ›. 2 que ou o que contém veneno”

E agora o leitor decidirá: a lama da Samarco que arrasou povoados em Mariana e já chegou ao mar, matando milhares de peixes, aves, algas… é tóxica ou não é tóxica? (Atente: isso independe de conter ou não metais pesados.) (mais…)

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‘Invasões’ x ‘Ocupações’. Por um curso intensivo para jornalistas, por Alceu Luís Castilho

Como ensinar a editores distraídos a diferença entre ocupação e invasão? Sem complicar muito, com rápidas pinceladas de Constituição e história do Brasil?

No Outras Palavras

Não se trata de algo inocente, como sabemos. Chamar uma ocupação de “invasão” tem consequências graves para a luta política. Para a disputa por espaços. A favor de quem detém o poder, e a favor do nivelamento por baixo, da banalização das verdadeiras invasões. Invasões = assaltos. Uma coisa feia. Um abuso. Violência.

(Como, invadir não significa exatamente assaltar? Deem um Google em “Invadir” e “assaltos” ou “assaltantes” e vejam como as palavras estão estatisticamente associadas.) (mais…)

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Por que 200 soterrados por uma mina em Mianmar não geram catarse?, por Alceu Castilho

Ocidente minimiza catástrofe no Sudeste Asiático motivada por ganância de mineradoras; qualquer semelhança com Minas Gerais não será mera coincidência

Em Outras Palavras

Tome-se a editoria de Internacional do Estadão nesta segunda-feira. Ela que já foi a mais completa do jornalismo brasileiro. Procure-se a última notícia. Lá está: “Deslizamento de mina deixa pelo menos 100 mortos em Mianmar”. Mas há outros 100 trabalhadores desaparecidos. Ou seja, soterrados. Observem a matemática do crime: são duzentos assassinados por falta sistemática de segurança nas minerações de jade – a pedra preciosa. Certamente pendurada em alguns pescoços elegantes pelo planeta. (mais…)

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E se fosse a lama da Petrobras na Praia de Ipanema?, por Alceu Luís Castilho

Impacto da barragem destruída gera uma Escola Base às avessas; imprensa brasileira perde ímpeto acusatório quando casos emblemáticos envolvem as elites econômicas

No Outras Palavras

A maior catástrofe ambiental do século 21 no Brasil ganha novo ícone com a chegada da lama da Samarco (Vale, BHP) no Oceano Atlântico. Mas quem se importa com a avalanche gosmenta de resíduos na Praia de Regência, no Espírito Santo? Em um litoral que o biólogo André Ruschi define como “a Amazônia marinha do planeta“? Pouco após a barragem da mineradora se romper, no dia 5, houve quem perguntasse, diante da desatenção inicial da grande imprensa: “E se fosse com a Petrobras?” Cabe agora atualizar a pergunta: “E se essa lama estivesse chegando na Praia de Copacabana? Ou Ipanema, Leblon, Barra? Ganharia a capa de Veja?” (mais…)

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A lama da Samarco e o jornalismo que não dá nome aos bois, por Alceu Castilho

Bento Rodrigues: povoado soterrado pela Samarco sintetizava um modo de vida tão esquecido pela imprensa quanto os impactos sociais e ambientais do mundo corporativo

Em seu blog

Por trás da lama da Samarco afirma-se o gosto amargo de um jornalismo subserviente, a serviço do mercado. Dezenas de pessoas estão desaparecidas em Mariana (MG). Entre elas, crianças. O vídeo abaixo mostra como era o cotidiano de um povoado destruído. Mas a maior tragédia socioambiental brasileira do século XXI  já começa a ser soterrada pelos jornais, após uma cobertura protocolar. Da lama à ordem: ignoram-se os conflitos, minimizam-se as contradições e se assimilam os discursos cínicos de executivos e de membros do governo. Com a clássica blindagem dos sócios da empresa. (mais…)

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Por quantos dias uma tragédia como a que começou em Mariana é notícia?

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

Nos últimos dias apostei comigo mesma por quanto dias a tragédia que começou em Mariana seria notícia. Faço questão do “que começou” na medida em que – insisto – ela vai descendo rios abaixo sem matar pessoas, é verdade, mas arrasando com vidas outras: peixes, tartarugas, caranguejos, outras espécies da fauna, com repercussões na flora, e, ainda, destruindo os meios de vida de comunidades ribeirinhas e de pequenos agricultores e pescadores artesanais, além do abastecimento de água potável. Sem contar que autoridades preocupadas em desassorear o rio Doce para que tudo desemboque logo no oceano esquecem que também lá a onda de lama tóxica causará desgraças. Dito isso, volto ao início: quantos dias?

Decidi acompanhar um jornal específico, O Globo, que enviou inclusive repórteres do Rio de Janeiro e de São Paulo para cobrir a matéria. (mais…)

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A mídia alternativa e a liberdade de expressão

A grande mídia tem sido beneficiada por um afrouxamento de seus limites. Já a mídia alternativa é reprimida, inclusive com o apoio da grande mídia

Por Pedro Estevam Serrano, em Carta Maior

Discutir as relações entre mídia e liberdade de expressão se faz cada vez mais necessário no Brasil, na medida que a desigualdade de direitos entre veículos tradicionais e plataformas menores se acentua. No caso da dita grande imprensa, esse direito é bastante dilatado, ao ponto de ser quase impossível alguém, que se julgue ofendido por algo que ela tenha veiculado, sair vitorioso em um pleito judicial.

É reiterada na nossa jurisprudência a dificuldade de se obter uma condenação de um grande órgão de imprensa. Em geral, as ações de defesa da honra acabam não progredindo ou sendo julgadas improcedentes e é nítida a percepção de que os tribunais têm protegido a liberdade de expressão da mídia commercial, desidratando eventuais limitações desse direito. (mais…)

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Omar Rincón: “Falta diversificar estéticas y poner más ciudadanos en la pantalla”

Profesor de la Universidad de los Andes de Colombia y director del Centro de Estudios en Periodismo (CEPER), señala que las televisiones públicas latinoamericanas diversificaron los mensajes pero aún no le abrieron las puertas a los sectores populares.

Por Liana Rodríguez, em Servindi

Reproducimos una entrevista de la Agencia de Noticias de la carrera de Ciencias de la Comunicación de la Universidad de Buenos Aires (ANCCOM) al crítico y académico colombiano Omar Rincón.

“La Ley de Medios amplificó la enunciación de mensajes, formó un colectivo audiovisual de emisión, pero falta diversificar estéticas y poner más ciudadanos en pantalla”, afirma Rincón en su diagnóstico sobre el nuevo territorio de los medios en Argentina. (mais…)

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Carlos Nobre Cruz: Programas policialescos usam espetacularização e criminalizam comunidades carentes

Por tvbrasil

Carlos Nobre Cruz, jornalista e professor da PUC do Rio de Janeiro, defende que as séries policialescas na TV tendem a julgar e emitir opiniões durante as transmissões a respeito das pessoas que são retratadas nos programas. O professor diz que, quando as emissoras fazem a cobertura de crimes que acontecem em comunidades mais pobres eles tendem a colocar os moradadores à mercê de avaliações negativas a respeito delas.

“As pessoas ficam frustradas, só se veem como vilões, e não têm um espaço de queixa para se manifestar em relação aquilo. Muitas vezes elas acabam admitindo que são comunidades criminosas em função de só ter um discurso contra elas”, afirma o jornalista. (mais…)

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Crônica de um jornalismo que regrediu ao Facebook

Incapaz de examinar e debater grandes temas nacionais, velha mídia compartilha comentário de rede social como furo de reportagem e busca curtidas ao invés de leitores

Por Viegas Fernandes da Costa, no Observatório da Imprensa/Outras Palavras

Nestas últimas semanas venho tentando me afastar das redes sociais e, principalmente, do jornalismo mainstream brasileiro. Não se trata de uma tentativa de alienação, ou de proteção contra o mundo caótico que diuturnamente nos apresentam (afinal, este mundo sempre foi caótico), mas de tentar manter um mínimo de sobriedade reflexiva. (mais…)

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