A cor e o gênero das desigualdades no Brasil

unnamed (1)Silvana Bahia – Observatório de Favelas

“Conhecer a realidade para poder alterá-la”. É a partir dessa perspectiva que o Dossiê Mulheres Negras: Retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil traz indicadores sobre as desigualdades de gênero e raça que ainda hoje marcam de forma quantitativa e qualitativamente as relações sociais no país. O conceito da interseccionalidade — pensar categorias de classificação dos sujeitos de forma relacional e articulada — serviu de base para o estudo que aponta para a necessidade de compreensão sobre as desigualdades em diferentes campos e, para isso, coletou e disponibilizou um conjunto de informações dividas em doze áreas entre as quais estão: educação, violência, saúde e trabalho. A pesquisa trabalhou com a categoria negra, assim como o IBGE, construída a partir da soma das categorias pretas e pardas.

A busca por um maior conhecimento se faz necessária para sejam levadas em consideração demandas especifícas de diferentes grupos, como no caso das mulheres negras, na elaboração de políticas públicas que alcancem quem é, muitas vezes, menos beneficiado por elas.Todavia é importante ressaltar que as conquistas alcançadas nos últimos anos, como as políticas de ações afirmativas, entre outras, colaboraram, mas ainda temos muito que avançar para reduzir a distância que separa homens e mulheres, negros e brancos no Brasil. O enfrentamento ao racismo e elaboração de políticas efetivas que reduzam as diferenças entre os sujeitos são primordiais numa sociedade que carrega uma herança de valores e padrões sociais que estigmatizam e limitam a inserção de determinados grupos. (mais…)

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O racismo institucional e seus prejuízos para as mulheres negras

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Foto: Renan Gonçalves

Piê Garcia – Observatório de Favelas

Inúmeras pesquisas confirmam as dificuldades que implicam ser uma mulher negra no Brasil. Elas ganham menos, são maioria entre as que sofrem violência sexual e doméstica, são mais mal tratadas no atendimento público de saúde e também são as maiores vítimas de homicídio, como comprova a pesquisa realizada pelo Ipea.

Uma em cada quatro mulheres que deram à luz em hospitais públicos ou privados relatou algum tipo de agressão no parto. Os dados do estudo  ”Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado“, mostram em escala nacional a incidência dos maus-tratos contra parturientes. Xingamentos, recusa em oferecer algum alívio para a dor, realização de exames dolorosos e contraindicados até ironias, gritos e tratamentos grosseiros com viés discriminatório quanto à classe social ou cor da pele foram apontados como tipos de maus tratos sofridos por quem deu a luz nos hospitais públicos e privados. (mais…)

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Moradores da Rocinha fazem ato em repúdio à inércia da UPP e à onda de violência na favela

Jornal A Nova Democracia – No início da noite de anteontem, moradores da favela da Rocinha fizeram um protesto em repúdio ao estupro e assassinato da jovem Gleice Oliveira, de 18 anos. Ela desapareceu na segunda-feira de carnaval e foi encontrada morta na manhã do dia 5. Manifestantes pararam a Autoestrada Lagoa-Barra nos dois sentidos e culparam a UPP pela onda de crimes que tem assolado os moradores da Rocinha desde a instalação da Unidade de Polícia Pacificadora. Segundo parentes e amigos de Gleice, roubos, assaltos e estupros estão se tornando cada vez mais frequentes.

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O grito da mulher

mulhergritoEustáquio José – Um Brasil de Fato

O que comemorar? O que festejar? Num mundo machista, sexista, desigual, que homens ainda tratam as mulheres como objeto sexual, propriedades e títulos de posse. Nada a comemorar. Há sim o que lutar.

As estatísticas assombram. Eu darei apenas os dados do Brasil para se ter uma ideia do assombro e da impunidade. Em setembro de 2013 uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) que foi divulgada na Revista Fórum registrou um número de 5,82 femicídios (acostumem-se com essa palavra, pois ela indica o homicídio cometido contra a mulher) para cada 100 mil mulheres no país. Mesmo com a lei Maria da Penha (lei n 11.340/2006) o número assustadoramente aumentou e a violência continuou a crescer – mesmo que a mesma lei n 11.340/2006 tenha sofrido uma série de alterações para torná-la mais eficaz, o caso de denúncias diminuiu justamente porque entre deixar uma lesão corporal e matar os homens femicidas preferem a segunda opção e engrossam a estatística medonha que cerca esse número. Ainda temos os dados que cerca de 15 mulheres morrem por dia por conta de agressões e violência doméstica cometidas por companheiros, maridos, namorados que se apossam da mulher como mercadoria sua numa abusiva relação de exploração. O único tipo de exploração e escravidão social que não parece ter fim nem mesmo com os arroubos iluministas e com as falácias contadas pelo mundo capitalista que se diz cioso do papel social da mulher em tempos de consumo. (mais…)

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A Mulher Negra

mulher_negraCENPAH – A situação da mulher negra no Brasil de hoje manifesta um prolongamento da sua realidade vivida no período de escravidão com poucas mudanças, pois ela continua em último lugar na escala social e é aquela que mais carrega as desvantagens do sistema injusto e racista do país. Inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos mostram que a mulher negra apresenta menor nível de escolaridade, trabalha mais, porém com rendimento menor, e as poucas que conseguem romper as barreiras do preconceito e da discriminação racial e ascender socialmente têm menos possibilidade de encontrar companheiros no mercado matrimonial.

A mulher negra ao longo de sua história foi a “espinha dorsal” de sua família, que muitas vezes constitui-se dela mesma e dos filhos. Quando a mulher negra teve companheiro, especialmente na pós-abolição, significou alguém a mais para ser sustentado. O Brasil, que se favoreceu do trabalho escravo ao longo de mais de quatro séculos, colocou à margem o seu principal agente construtor, o negro, que passou a viver na miséria, sem trabalho, sem possibilidade de sobrevivência em condições dignas. Com o incentivo do governo brasileiro à imigração estrangeira e à tentativa de extirpar o negro da sociedade brasileira, houve maciça tentativa de embranquecer o Brasil.

Provavelmente o mais cruel de todos os males foi retirar da população negra a sua dignidade enquanto raça remetendo a questão da negritude aos porões da sociedade. O próprio negro, em alguns casos, não se reconhece, e uma das principais lutas do movimento negro e de estudiosos comprometidos com a defesa da dignidade humana é contribuir  para o resgate da cidadania do negro. (mais…)

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Luchamos contra el capitalismo, el patriarcado y por nuestros derechos!

b_350_0_16777215_00___images_centro_mujer8 de Marzo- Día Internacional de las Mujeres Trabajadoras – Comunicado  La Vía Campesina

Hoy 8 de marzo, Día Internacional de las Mujeres, la Vía Campesina reafirma  su  lucha anticapitalista y antipatriarcal, expresando  nuestra firme decisión de luchar, tomar las calles y movilizarnos por una nueva visión del mundo, construida sobre los principios de respeto, igualdad, justicia, solidaridad, paz y de libertad, librando batallas por llevar adelante una lucha conjunta con las mujeres trabajadoras del campo y  de la ciudad.

La primera convocatoria de celebración del Día Internacional de la Mujer trabajadora tuvo lugar el 19 de marzo de 1911 en Alemania, Austria, Dinamarca y Suiza, con mítines en los que se reivindicaba para las mujeres el derecho a voto, derecho a ocupar cargos públicos, derecho al trabajo y a la no discriminación laboral.

Apenas algunos días después, 25 de marzo, más de 140 trabajadoras, inmigrantes en su mayoría, murieron en el incendio de una fábrica textil en Nueva York. Este suceso repercutió enormemente en la legislación laboral de Estados Unidos, y también en las celebraciones posteriores por el Día Internacional de la Mujer Trabajadora, haciendo referencia a las condiciones laborales que condujeron al trágico suceso. (mais…)

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Michael Sandel: “Vivemos numa época em que quase tudo está à venda”

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‘Passamos de uma economia de mercado para uma sociedade de mercado’, afirma Sandel. Foto: Stephanie Mitchell/Harvard Staff Photographer

Para Michael Sandel, a lógica de mercado se infiltrou em áreas em que sua presença seria considerada insólita três décadas atrás

Rodrigo Carro , em Brasil Econômico

Por US$ 500 mil, é possível adquirir o direito de ser imigrante nos Estados Unidos. Uma barriga de aluguel na Índia para quem quer ter um filho custa US$ 6.250. Reunidos pelo americano Michael Sandel no livro “O que o dinheiro não compra”, esses exemplos – e muitos outros – ilustram como a lógica de mercado se infiltrou em áreas do cotidiano em que sua presença seria considerada insólita três décadas atrás. Descrito como um “superstar acadêmico” pelo “New York Times”, Sandel leva para suas aulas na Universidade de Harvard discussões sobre o conceito de justiça e os limites morais dos mercados.

A crise financeira de 2008 representou de alguma forma a falência moral do mercado?

Os mercados têm se mostrado muito eficientes para organizar a produção de bens materiais, mas, de forma crescente, a lógica de mercado começou a prevalecer e até dominar aspectos da vida cotidiana onde antes não estava presente. Quando a crise financeira veio em 2008, muitos de nós esperávamos que ela trouxesse um debate público nas sociedades democráticas sobre onde os mercados contribuem para o bem comum e quais os lugares aos quais eles não pertencem. Mas esta última crise não trouxe um debate sério sobre o papel adequado dos mercados nas nossas sociedades. (mais…)

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