Advogado quer habeas corpus e transferência dos cinco indígenas Tenharim presos pela PF

Indios na aldeia Marmelo - Foto Avener Prado (Folhapress)
Indios na aldeia Marmelo – Foto Avener Prado (Folhapress)

Além do habeas corpus, Albuquerque irá solicitar a transferência dos detidos: “A cadeia onde eles estão é desumana. O chão estava molhado, inclusive dormiram a primeira noite neste chão molhado. Havia lixo, rato, barata. Completamente insalubre”, afirmou o advogado.

Por Juliana Coissi, da Folha

A defesa dos cinco índios tenharim que foram presos na noite de quinta-feira (30) em Humaitá (AM) vai pedir um habeas corpus para a soltura dos suspeitos. A Polícia Federal responsabiliza os cinco pela morte de três homens desaparecidos no mês passado.

O advogado Ricardo Tavares de Albuquerque, que representa os detidos, disse que não teve acesso ainda à íntegra do inquérito. Por essa razão, segundo ele, orientou os cinco indígenas a ficarem calados durante depoimento prestado na última sexta-feira (31) à polícia. Eles negam a acusação, conforme a defesa. (mais…)

Ler Mais

A vitória de Snowden e o fracasso de Obama

snowden-e1387275348570Ex-agente que denunciou NSA indicado para Nobel da Paz. Em Washington, presidente debate-se para preservar espionagem e salvar aparências

Por Cauê Seignemartin Ameni, em Outras Palavras

Aos poucos vão surgindo as evidências de que a história trabalha mais a favor do ex-agente Edward Snowden, do que do presidente americano Barack Obama. Na quarta-feira (29/01), o ex-agente que revelou a maior plataforma de vigilância da história, foi indicado para concorrer o Prêmio Nobel da Paz. Oscar Wilde, escritor inglês do século XIX, sintetizou uma vez a importância histórica de fatos como este: “a desobediência, é aos olhos de qualquer estudioso da História, a virtude original do homem. É através da desobediência que se faz o progresso, através da desobediência e da rebelião”.

No outro lado da corda, Obama admitiu pela primeira vez em público (17/01), a necessidade de mudanças no trabalho da Agência de Segurança Nacional americana (NSA). Depois de sete meses de revelações cada vez mais desconfortáveis e crescente clamor público, ponderou: “nossa liberdade não pode depender das boas intenções de quem está no poder, e sim da lei que restringe esse poder”. Num longo discurso, apoiou alguns pontos do grupo de especialistas criado pela Casa Branca para reformular o sistema de vigilância do governo. Mas ignorou as sugestões mais importantes, mantendo-se em apenas dois pontos superficiais: 1) restringir progressivamente o programa de armazenamento maciço de dados telefónicos nos EUA, tal como existe hoje e; 2) limitar a espionagem sobre líderes aliados – inimigos continuam sendo alvo – , que provocou uma tempestade diplomática com países amigos. (mais…)

Ler Mais

Padre João Batista Libanio é enterrado em Belo Horizonte

Padre Libanio era jesuíta e foi precursor da teologia da libertação
Padre Libanio era jesuíta e foi precursor da teologia da libertação

Por Fernanda Borges, em EM

Enterrado na tarde deste sábado, em Belo Horizonte, o corpo do padre João Batista Libanio, vigário da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Vespasiano, na Grande BH.

O sepultamento ocorreu às 17h no Cemitério Bosque da Esperança. Segundo informações da administração do cemitério, a cerimônia foi fechada. O corpo do padre foi velado nessa sexta-feira no auditório da Faje – Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, no Bairro Planalto. Hoje pela manhã, o arcebispo dom Walmor Oliveira de Azevedo presidiu missa. Em seguida, o corpo seguiu para velório na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Vespasiano.

Nascido na capital mineira, o jesuíta de 81 anos estava em Curitiba (PR) e sofreu um infarto na última quinta-feira, quando ministrava um curso.

O padre era reconhecido mundialmente por seu profundo conhecimento na área teológica e sua ação pastoral junto aos mais simples. Ele prestou importante e valioso serviço à Arquidiocese de Belo Horizonte e é autor de mais de 100 livros.

O religioso também era professor da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje), no Bairro Planalto, na Região Norte da capital. Jesuíta, assim como o papa Francisco, Libânio foi um dos precursores da teologia da libertação que marcou uma opção preferencial, de um segmento da Igreja, pelos pobres. (Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos).

Ler Mais

Waud Kracke, um leitor de sonhos, por José Ribamar Bessa Freire

Waud Kracke e Levinho, 1985Em Taqui Pra Ti

Quem é aquele gringo jovem, louro e de olhos azuis, desengonçado e bonachão, que desembarca no Brasil, em 1966, em plena ditadura militar, com a mala cheia de livros em inglês? O que vem fazer aqui? A Polícia Federal, paranoica, desconfia que se trata de um militante maoista. É que Waud Hocking Kracke nasceu em Pequim, em 1939, diz seu passaporte norte-americano. Muito suspeito. Consultada, a Embaixada dos EUA esclarece: o pai e a mãe dele, americanos, viveram breve temporada na China. Mas o “pequinês” tem ficha limpa. Vem ao Brasil estudar os índios para uma tese de doutorado em antropologia na Universidade de Chicago.

O “maoista subversivo”, às gargalhadas, contou essa história ao seu amigo, também antropólogo, José Carlos Levinho, atual diretor do Museu do Índio. Liberado, enfim, pelos meganhas, Kracke se embrenhou na floresta amazônica, na região do rio Madeira, onde conviveu com os Parintintin, cuja língua começou a falar antes mesmo do português. Levinho diz, brincando, que o português dele guardava forte sotaque da língua Kagwahiv, que aprendeu para se comunicar melhor com os índios.

Kracke conviveu com os Parintintin nos igarapés Maici-Mirim, Traíra e Nove de Janeiro no período de abertura da rodovia Transamazônicaquando aldeias foram invadidas e malocas incendiadas. “Aprendi, então, a ministrar remédios e a enterrar os mortos“, contou a Levinho, lembrando com tristeza que prestou assistência às vítimas de violências físicas, de malária e de gripe, sem qualquer apoio oficial. “Durante a construção da estrada, não foram poucos os estupros e assassinatos de índios”, disse, trazendo informações que interessam à Comissão da Verdade na apuração dos crimes cometidos pela ditadura. (mais…)

Ler Mais