Movimentos sociais frustram-se com início de Dilma e reclamam

Para CUT, UNE e MST, presidenta Dilma Rousseff manteve-se distante em seu primeiro ano de mandato. Mais identificadas com estilo Lula, entidades queixam-se de perda de influência em decisões do governo, política econômica contraditória e falta de reforma agrária. Secretario Geral da Presidência evitou mal maior. Sem pressão constante, acham que situação não muda

Najla Passos

BRASÍLIA – O primeiro ano da presidenta Dilma Rousseff foi contraditório, para três dos principais movimentos sociais brasileiros. Embora problemas de relacionamento com Dilma, que tem um estilo bem diferente do “companheiro” Lula, tenham sido contornados pelo ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o tempo de resposta às reivindicações deixou muito a desejar. Compromissos assumidos não teriam saído do papel, enquanto o empresariado arrancava concessões. Se não houver pressão, 2012 corre os mesmos riscos.

“O debate sobre a situação macroeconômica permeou todas as discussões. E, para nosso espanto, o governo adotou uma postura mais conservadora perante a crise, pautada pelos grandes veículos de comunicação”, avalia o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu. (mais…)

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O Bem Viver e as formas de felicidade

A antropóloga Rita Segato - Foto: Paul Walters

Em entrevista, a antropóloga Rita Segato critica o projeto hegemônico do estado brasileiro, apresentando o Suma Kawsay como alternativa

Renato Santana, de Luziânia (GO)

O registro de nascimento aponta como país a Argentina, mas como seu conterrâneo, Ernesto Che Guevara, a antropóloga Rita Segato decidiu assumir como nacionalidade a América Latina desde a juventude, quando desembarcou no Nordeste brasileiro. Pelos sertões da Ameríndia transformou-se numa estudiosa e intelectual respeitada em todo mundo.

Rita é professora da Universidade de Brasília (UNB) e conhece de perto a realidade dos povos indígenas das Américas. Sua prática antropológica sempre se desloca ao encontro do outro e rechaça contatos antissépticos. Talvez por isso, somada à capacidade de relacionar temas e perspectivas teóricas, Rita hoje tenha grandes contribuições aos discursos construídos sobre o Bem Viver – que ela chama de Bom Viver – no Brasil.

A antropóloga faz profundas críticas ao modelo de desenvolvimento adotado pelos governos populares eleitos na América Latina e aponta as relações coloniais do Estado brasileiro. Confira a entrevista. (mais…)

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MA: Terra Indígena Araribóia – Festa do Moqueado

Álbum de Sônia Guajajara

Para quem não conhece, a festa do moqueado (Wihaohawo) – ritual de passagem –  na TI Araribóia, do povo Tenetehara

Normalmente, são os pais das meninas que convidam as comunidades das aldeias próximas para participar da festa, que começa em geral no final da tarde e só termina no dia seguinte.

Ela marca a passagem da infância para a puberdade, após a primeira menstruação das meninas, que passam uma semana de “resguardo” quando isso acontece.

A partir daí, começa a preparação da festa, com caçadas para fornecer, para a tribo e os convidados, o “moqueado”.

Há muita dança, música e pinturas, num ritual que serve para preparar as jovens para a vida como mulheres. É comum a presença de convidados de outras tribos e, até, de não índios amigos. (mais…)

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Escritório da Rede Justiça nos Trilhos é arrombado em Açailândia (MA)

Por Claudio Maranhão

Na madrugada de 04 de janeiro, foi arrombado o escritório de assessoria e consultoria jurídica da ‘Rede Justiça nos Trilhos’, em Açailândia. Os invasores entraram pela porta dos fundos, espalharam documentos e objetos vários, mas estranhamente não levaram nada. Computador e impressora e outros objetos de um certo valor estavam no mesmo lugar de sempre.

A hipótese mais realista é de que os anônimos quiseram intimidar a entidade, mostrando que eles têm força e que podem fazer o que querem. Uma espécie de intimidação. Outra hipótese é de que estavam à procura de algum documento que eles avaliavam importante. Mas na sede só há documentos públicos e notórios.

Evidente que os que fizeram o serviço ‘sujo’ obedecem a ordens vindas de ‘setores importantes’ que se sentem incomodados com a atuação da Rede Justiça nos Trilhos. A diretoria da entidade já prestou denúncia e foi elaborado um boletim de ocorrência.

Aguarda-se o resultado da investigação. Evidente que parecem ser ações orquestradas e padronizadas nesse Estado. Os arrombamentos de sedes de entidades ligadas às causas populares que aconteceram recentemente no Maranhão possuem as mesmas características. Recentemente, CPT e CIMI foram vítimas disso.

http://www.viasdefato.jor.br/

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Congresso uruguaio aprova imposto sobre grandes propriedades

O Congresso do Uruguai aprovou imposto sobre os latifúndios, no final de dezembro. Com essa medida, os parlamentares e o presidente Pepe Mujica pretendem conter a concentração de terras agrícolas nas mãos de poucos proprietários.

Donos de 2 mil a 5 mil hectares (4.942 a 12.355 acres) de áreas produtivas terão que pagar perto de US$ 8 por hectare cada um ao ano.

Aqueles que detêm entre 5 mil e 10 mil hectares desembolsarão US$ 12 por hectare, e os que possuem mais de 10 mil hectares arcarão com cerca de US$ 16 por hectare.

De acordo com o site oficial da presidência, aproximadamente 1.500 dos 50 mil agricultores do país terão que pagar esses tributos.

Ainda segundo o governo, 10% dos maiores proprietários de terras do país controlam 64% da área agrícola total do Uruguai.

O valor das terras agrícolas do Uruguai saltou nos últimos anos com o boom das commodities agrícolas e o investimento especulativo em áreas da América do Sul. (mais…)

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Frei Gilvander: as lutas e conquistas do MST em Minas Gerais em 2011

Cerca de 700 sem terra estão acampados em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Por Frei Gilvander

Dia 8 de janeiro de 2012, no Acampamento Novo Cruzeiro, em Jequitaí, no Norte de Minas, aconteceu a celebração-festa de várias conquistas do MST em Minas em 2011.

Como 1ª turma do MOVA-Brasil – curso de alfabetização – do acampamento Novo Paraíso, 17 pessoas se alfabetizaram. Transbordando alegria foram abraçados e assumiram o compromisso de continuar estudando. “Eu não sabia que era tão importante aprender a ler e a escrever. Eu pensava que não conseguiria mais aprender. Estou muito feliz e assumo o compromisso de continuar estudando para escrever bem nossa vida”, disse uma senhora com mais de 50 anos de idade.

O MST luta em Minas Gerais há 24 anos, organizado em sete grandes regiões: Triângulo, Sul, Leste, Norte, Zona da Mata, Metropolitana e Vale do Jequitinhonha. Já conquistou 42 assentamentos e tem hoje 39 acampamentos em 39 latifúndios que não cumprem sua função social. Entre assentadas e acampadas, cerca de 7 mil famílias Sem Terra integram o MST nas Minas e nos Gerais. (mais…)

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BA – Flagrada por delegada no supermercado, mulher é presa por racismo

 

Ato foi flagrado por uma delegada, que estava em um supermercado em Salvador

Uma mulher foi presa em um supermercado de Salvador, suspeita de ter praticado ato de racismo. Ela teria ofendido uma mulher negra no estabelecimento.

O fato foi flagrado por uma delegada, que deu voz de prisão à suspeita. Segundo informações da polícia, ela teria dito que a outra mulher era “uma negra burra, que não tinha estudado”.

Ela foi levada à delegacia para prestar depoimentos, mas não quis falar à imprensa sobre o caso. As pessoas que estavam no supermercado aplaudiram a ação da polícia.

http://www.band.com.br/noticias/cidades/noticia/?id=100000478964

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História e Cultura Afro-brasileira no currículo oficial da Rede de Ensino: 9 anos de luta pela implementação

A Lei Federal N° 10.639/2003 que garante a obrigatoriedade da História e Cultura Afro-brasileira no currículo oficial da Rede de Ensino completou, nesta segunda-feira (9), nove anos de promulgação. No entanto, a Lei ainda se mostra frágil no que diz respeito à própria implementação. As discussões em torno do assunto são comuns, porém a prática precisa ser mais incentivada.

Professora da Gerência Regional de Ensino-CRE do Guará, em Brasília, Neide Rafael é referência no acompanhamento do ensino de história da realidade negra em escolas de ensino médio da Região Administrativa. Em sua avaliação, após nove anos o Governo Federal continua tímido em relação a implementação da Lei n° 10.639. “Sentimos falta do exercício do Poder junto ao Ministério da Educação, frente às Secretarias de Estado de Educação”, afirma.

Direito a uma história – A importância da Lei está em garantir o acesso de 51% da população brasileira à própria história. A escola foi escolhida como ferramenta para mudar a imagem do negro por se tratar do espaço, onde são tratados os conflitos sociais, as ideologias e os princípios coletivos. (mais…)

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Comissão se reúne para discutir situação do Quilombo Rio dos Macacos

Por Daiane Souza

Com o objetivo de cumprir a legislação nacional e internacional sobre comunidades quilombolas, representantes da Fundação Cultural Palmares (FCP) se reuniram, na última quinta-feira (5), com membros da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O tema do encontro foi o Quilombo Rio dos Macacos, do Estado da Bahia, sob ameaça da Marinha de Guerra do Brasil.

O órgão das forças armadas disputa judicialmente a área pertencente à comunidade a fim de utilizá-la para a ampliação de sua Base Naval de Aratu. No último mês de novembro, a Marinha conseguiu uma ordem para despejar os moradores da comunidade, a decisão foi adiada por quatro meses para que as instituições competentes à proteção de Rio dos Macacos se manifestassem.

Voltada à garantia de defesa do quilombo, diante do vencimento do prazo de suspensão do processo judicial de reintegração de posse, a comissão em parceria com outros órgãos do Governo Federal decidiu reforçar as negociações com o Ministério da Defesa. De acordo com a Procuradora Federal junto à FCP, Dora Lúcia de Lima Bertúlio, a repercussão será encaminhada à Secretaria-Geral da Presidência da República para avaliação. “A Fundação Palmares mantêm a diretriz de defesa dessa comunidade no sentido de garantir-lhe seus direitos, para sua melhor qualidade de vida e preservação de seus valores ancestrais”, explica. (mais…)

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Ministério da Integração dos Coronéis, por Roberto Malvezzi (Gogó)*

[EcoDebate] Há algumas décadas o Ministério da Integração Nacional é reduto dos coronéis nordestinos. Na era lulista o Ministério ficou inicialmente com Ciro Gomes. Ele se presume um estadista. Pensou estrategicamente o desenvolvimento do Brasil a partir do Ceará. Ali, um porto para exportar para o mundo – a competitividade dos preços pelo encurtamento das distâncias – com uma siderurgia no porto, movida pelas águas do São Francisco, com uma ferrovia (Transnordestina) que carreasse toda a produção mineral e do agronegócio desde o Piauí até o porto do Pecém. Em debates mais internos Ciro sempre foi sincero e nunca negou a natureza econômica da Transposição.

Saiu Ciro e entrou Geddel Vieira Lima. Aproveitou a pasta e dirigiu mais de 60% dos recursos do Ministério para a Bahia. Fez a base de sua campanha eleitoral para governador no vale do São Francisco com recursos do Ministério para as prefeituras da região. Trombou politicamente com Wagner, perdeu, está no ostracismo político.

Entra Dilma e o Ministério foi para Fernando Bezerra Coelho, ex-prefeito de Petrolina, da oligarquia reciclada dos Coelhos. Dominam a região há praticamente um século. É aliado de Eduardo Campos e quer ser prefeito do Recife e eleger o filho prefeito de Petrolina. (mais…)

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