O que move o partido-imprensa

Merval Pereira, Miriam Leitão, Sardenberg, Eliane Catanhede, Dora Kramer e outros mais necessitam ser analisados pelo que são: intelectuais orgânicos do totalitarismo financeiro. O conteúdo de suas colunas representa a tradução ideológica dos interesses do capital financeiro.

Gilson Caroni Filho

A leitura diária dos jornais pode ser um interessante exercício de sociologia política se tomarmos os conteúdos dos editoriais e das principais colunas pelo que de fato são: a tradução ideológica dos interesses do capital financeiro, a partitura das prioridades do mercado. O que lemos é a propagação, através dos principais órgãos de imprensa, das políticas neoliberais recomendadas pelas grandes organizações econômicas internacionais que usam e abusam do crédito, das estatísticas e da autoridade que ainda lhes resta: o Banco Mundial (BIrd), o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização Mundial do Comércio (OMC). É a eles, além das simplificações elaboradas pelas agências de classificação de risco, que prestam vassalagem as editorias de política e economia da grande mídia corporativa.

Claramente partidarizado, o jornalismo brasileiro pratica a legitimação adulatória de uma nova ditadura, onde a política não deve ser nada além do palco de um pseudo-debate entre partidos que exageram a dimensão das pequenas diferenças que os distinguem para melhor dissimular a enormidade das proibições e submissões que os une. É neste contexto, que visa à produção do desencanto político-eleitoral, que deve ser visto o exercício da desqualificação dos atores políticos e do Estado. Até 2002, era fina a sintonia entre essa prática editorial e o consórcio encastelado nas estruturas de poder. O discurso “modernizante” pretendia – e ainda pretende – substituir o “arcaísmo” do fazer político pela “eficiência” do economicamente correto. Mas qual o perigo do Estado para o partido-imprensa? Em que ele ameaça suas formulações programáticas e seus interesses econômicos? (mais…)

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“A intervenção na Cracolândia não pode ser policial” , afirmou Pedro Abramovay

O ex-secretário nacional de Justiça Pedro Abramovay defende que a intervenção na Cracolândia não pode ser policial. Para ele, O Plano de Ação Integrada Centro Legal executado em conjunto pela prefeitura e pelo estado de São Paulo, que começou na terça-feira, com a intenção de esvaziar a cracolândia, não está “lidando, de fato, com política sobre drogas”. A entrevista é publicada pelo sítio Poder Público, 08-01-2012.

– A intervenção na Cracolândia não pode ser policial porque o objetivo não é segurança pública, não é diminuir a violência. A intervenção na Cracolândia tem que ser uma combinação de saúde pública com intervenção social. E saúde pública e intervenção social não combinam com polícia. Porque a polícia intimida a ação – afirmou ele em conversa com o Poder Online.

Para Abramovay, que chegou a assumir a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas no início de 2011, mas foi a primeira baixa do governo Dilma Rousseff, uma política sobre drogas só funcionará a partir do momento que se apresentar como resultados a redução de consumo, a melhoria da condição de saúde das pessoas e a diminuição da violência. Eis a entrevista. (mais…)

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”O CNJ está incomodando setores do Judiciário”. Entrevista especial com Lênio Streck

Por Márcia Junges

“Quando magistrados e autoridades em geral reagem contra o fato de serem investigados, na verdade estão se comportando como se fossem os donos do poder. Parece que a ‘coisa pública’ no Brasil ainda está muito privada”. A declaração é do jurista Lênio Streck, professor da Unisinos, na entrevista concedida por e-mail, em que reflete a respeito das investigações realizadas pelo Conselho Nacional de Justiça CNJ nas movimentações financeiras de juízes consideradas atípicas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF. Em sua opinião, a questão central é que “o CNJ está incomodando setores do poder Judiciário”. Sobre a punição dos magistrados caso essas movimentações sejam consideradas ilegais, Streck pondera: “lei é o que não falta. O grande problema é a funcionalidade das leis, principalmente as leis que tratam dos crimes do colarinho branco, enfim, das leis que tratam dos ‘mal feitos’ do ‘andar de cima’ da sociedade”. Outro tema debatido na entrevista é a questão da impunidade, que se aplica sobretudo “ao andar de cima” da sociedade, nos crimes do colarinho branco. Já para o “andar de baixo”, as leis são muito mais duras, basta ver o contingente carcerário, que ultrapassa 500 mil pessoas.

Lênio Luiz Streck cursou mestrado e doutorado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. É pós-doutorado pela universidade de Lisboa. Atualmente, além de professor da Unisinos, é professor visitante da Universidade de Coimbra, da Univesidade de Roma e da Universidade Javeriana, na Colômbia. É presidente de honra do Instituto de Hermenêutica Jurídica, membro catedrático da Academia Brasileira de Direito Constitucional e procurador de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Entre seus livros publicados citamos Hermenêutica jurídica E(m) Crise (10 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008) e Verdade e consenso: Constituição, hermenêutica e teorias discursivas da possibilidade à necessidade de respostas corretas em direito (4.ed ed Saraiva, 2011). Seu site pessoal é http://www.leniostreck.com.br/. Confira a entrevista. (mais…)

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Luta de pescadores e Povo Pataxó contra especulação imobiliária continua, em Trancoso

Crianças Pataxó brincando no manguezal

No dia 27 de dezembro publicamos um pedido de ajuda da Associação dos Pescadores de Trancoso, que, assim como os Pataxó, tiveram seu acesso ao mar – conhecido inclusive como Caminho dos Pescadores – cercado por um especulador imobiliário, que pretende construir um hotel de luxo no local. O acesso, que começa na Estrada do Rio Verde e desemboca na Praia dos Coqueiros, onde ficam ancorados os barcos, passa por uma área de mangue chamada de Porto Livre, que também está sendo privatizada.   (mais…)

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Moçambique: “Votar no ilegível?”

Na véspera das eleições para três municípios em Moçambique, uma troca de correspondência tornou-se pública entre um conhecido jornalista e um jurista que já ocupou lugar de topo na hierarquia do governo da Frelimo. O jornalista defende que se deve continuar a votar na Frelimo porque ela é uma organização que representa a «esquerda» enquanto a oposição (no caso o MDM) representa uma força de «direita». Para o jurista essa tipologia não tem, no caso de Moçambique, nenhum sentido. Ele declara que lhe apetece votar na oposição.

O jurista argumenta haver uma diferença sensível entre eleições para os municípios ou eleições a nível nacional. Mais do que discursos políticos, uma cidade necessita de bons gestores. E será que um país não precisa do mesmo? O jornalista argumenta que não se pode mudar de camisa no meio da corrida, há que salvar a coerência das antigas opções.

Ambos concordam, contudo, que o discurso inovador e revolucionário que a Frelirno já teve no passado se esgotou e que agora os seus militantes vivem de uma vida e uma prática que nada tem a ver com o socialismo de que inicialmente se proclamavam. Tornaram-se todos parecidos: para além das vestes festivas que parecem diversas, mora a mesma ganância, o mesmo interesse de ganhar à custa de quem se deveria servir. Ou pode ser que não, pode ser – argumenta o jurista – que um jovem de um partido novo queira mostrar que a diferença é possível. (mais…)

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Exclusivo: disputa por territórios entre fazendeiros e índios vira guerra no MS


 

Comentário indignado de Vânia Regina de Carvalho para o GT Combate, a partir do qual o vídeo foi localizado e copiado: Acabei de ver documentário da Record sobre o conflito no MS entre os indios Guarani Kaiowá e fazendeiros. Mostraram o massacre, a conivência do Estado, do STF, indios na miséria, convivendo com plantações de soja, água contaminada por agrotóxicos, lideranças indígenas desaparecidas e assassinadas. Lembraram o ataque a ônibus de estudantes indígenas onde vários foram incendiados e uma indígena acabou morrendo queimada, e ninguém foi responsabilizado. Caciques executados, professor indígena assassinado, pistoleiros foram condenados mas recorreram e estão em liberdade e voltaram a fazer ameaças, e existe uma lista de índios marcados para morrer. Mesmo acompanhando e tendo acesso a informações sobre esse massacre diário, fiquei chocada com as imagens. A declaração do presidente da FUNAI Marcio Meira foi ridícula, apática. Que governo é esse, que deixa nossos índios morrerem à míngua?????!!!!!

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