Em meados de 1975, o jornalismo brasileiro realizou uma utopia, ironicamente durante a ditadura militar. Um grupo de jornalistas, motivados pela necessidade urgente de um jornal que expressasse a oposição democrática, livre e destemidamente, criou o semanário “Movimento”, jornal que, para ser de fato independente, não possuía dono – os patrões eram os próprios jornalistas que o faziam. E também os cerca de 500 acionistas que “compravam as ações sabendo que não iriam render nada”, mas conscientes de que estavam colaborando com algo politicamente relevante, como conta em entrevista ao Magazine Carlos Alberto de Azevedo, um dos muitos colaboradores do semanário e autor de “Jornal ?Movimento?, uma Reportagem”, livro que tem lançamento esta noite (15), na Livraria Mineiriana, com a presença do autor.
Resultado de uma pesquisa de fôlego de Azevedo e de mais duas jornalistas, Marina Amaral e Natalia Viana, a obra organiza a trajetória do “Movimento” em seus seis anos de vida, período em que militou em temas cruciais como a criação de uma assembleia constituinte. “?Movimento? teve essa importância na época como uma janela para o debate político”, comenta Azevedo. “Ele tinha um programa político muito claro e explícito nas suas páginas, pela redemocratização do país”. (mais…)