RJ – Vila Kennedy comemora Mês da Consciência Negra

negros de mão para o alto

Rio On Watch

Quando era pequeno, William Reis olhava para si mesmo no espelho e desejava que sua pele fosse mais clara, seu nariz mais fino, seu cabelo mais liso e que seus olhos fossem azuis. Na adolescência, ele alisou o cabelo e planejou fazer cirurgia plástica no nariz quando fosse mais velho. Ele era contra cotas e começou a antagonizar seus amigos negros.

Tudo isso mudou quando Reis começou a ler Malcolm X.

“Eu peguei um livro do Malcolm X e fiquei abismado de ver um negro inteligente, de um negro ser bonito, de um negro ter poder, de o negro ter construído civilizações”, disse William. “Do porquê a gente ser tão submisso ao branco. Ele fala da época da segregação racial – porque que o branco nasce livre e o negro tem que ir ao tribunal pra ser livre? Eu me descobri e pensei: vou falar para os outros jovens que passam pela mesma coisa que eu passei, e vou querer transformar e fazer esse trabalho junto com o AfroReggae”. (mais…)

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O voto na Dilma e alguns equívocos de interpretação

reforma agraria - marcha

Por Elaine Tavares, em Palavras Insurgentes

O anúncio dos novos ministros do próximo mandato de Dilma Roussef vem gerando, outra vez, uma onda de violências e agressões nas redes sociais. Mesmo entre companheiros de esquerda que, agora, cobram uma posição daqueles que ofereceram à presidente o tal do “voto crítico”, contra o ex-governador de Minas, Aécio Neves.

A primeira coisa a esclarecer é que não existe voto crítico. Quem inventou esse conceito? Existe o voto, e pronto. O voto é um dos momentos da nossa democracia representativa e aquele ou aquela que decide votar em alguém e não nulo, simplesmente vota. Não há como embutir criticidade a esse voto.

Pelo menos não foi o que aconteceu nesse segundo turno das eleições. Aqueles e aquelas que, no campo da esquerda, decidiram não votar nulo tinham suas razões.  Um bom número acreditava que com o “susto” dado pelo crescimento da figura do Aécio levaria a presidente e seus aliados mais para a esquerda, uma vez que haveria de firmar alguns compromissos com esses grupos para garantir o voto. Outros, menos ingênuos, votaram na Dilma por saber que, de alguma forma, esse governo seria mais sensível às emergências do povo mais pobre, ainda que não saísse da borda da direita. (mais…)

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Oficina de artesanatos reúne artesãos e artesãs indígenas do Rio Negro para troca de experiências na Maloca da FOIRN em São Gabriel da Cachoeira, alto Rio Negro

Participantes da oficina realizada na Casa dos Sabres da FOIRN. Foto: SETCOM/FOIRN
Participantes da oficina realizada na Casa dos Sabres da FOIRN. Foto: SETCOM/FOIRN

FOIRN

A FOIRN através do Departamento de Mulheres realizou em parceria e apoio da Fundação Nacional do Indio, a oficina de Artesanatos na Casa dos Saberes em São Gabriel da Cachoeira, entre 25 a 28 de Novembro de 2014. A oficina reuniu cerca de 60 participantes, representantes das 5 coordenadorias regionais: CABC, COITUA, COIDI, CAIARNX e CAIMBRN.

Durante os três dias de oficina teve palestras, troca de experiências, exposição e venda de artesanatos. E ainda, teve momentos de troca de conhecimentos e saberes relacionados a produção e técnicas de confecção entre as conhecedoras.

Outros assuntos discutidos, em destaque foram: Reativação do Fundo Rotativo, paralisado há alguns anos, que tem como objetivo apoiar as produtoras e artesãos, e a reconstrução da Loja Wariró também foi tema de debate. A diretoria da FOIRN apresentou o planejamento da reconstrução que está em processo, e que deve ser iniciado nos próximos meses. “Estamos articulando apoio com parceiros e apoiadores para a reconstrução da Wariró, o primeiro passo nesse sentido foi a aquisição de um terreno em frente à FOIRN, onde será construído o novo espaço”- disse, Almerinda Ramos de Lima, presidente da FOIRN, durante a oficina. (mais…)

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Foirn realiza assembleia geral em Santa Isabel do Rio Negro (AM)

Ginásio dos Salesianos em Sta Isabel do Rio Negro durante abertura da XIV Assembleia Geral da Foirn|Renato Martelli Soares-ISA.
Ginásio dos Salesianos em Sta Isabel do Rio Negro – abertura da XIV Assembleia Geral da Foirn. Renato Martelli Soares – ISA.

Em 27 anos de existência foi a primeira vez que a Foirn realizou sua assembleia geral em Santa Isabel do Rio Negro que ao lado de Barcelos e São Gabriel da Cachoeira formam a área de abrangência da organização. Os três municípios totalizam 295 mil km2

Instituto Socioambiental – ISA

A decisão de realizar a assembleia em Santa Isabel foi tomada com o objetivo de promover a melhoria das políticas públicas governamentais e fortalecer a atuação do movimento indígena e parceiros na região, suas iniciativas e demandas, já que o processo de demarcação de Terras Indígenas está, assim como em Barcelos, incompleto. O tema da assembleia foi “Programa Regional de Desenvolvimento Indígena Sustentável. Fortalecimento da Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas, valorizando o Sistema Agrícola do Rio Negro”.

Um dabucuri de peixe, tradicional ritual de troca rionegrino, foi oferecido na abertura da assembleia por lideranças locais que tocaram e dançaram cariçu, japurutu e mauaco para as mais de 170 pessoas presentes no auditório dos Salesianos. O planejamento e a execução do encontro pela Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (Acimrn) foi chave para garantir a assembleia inédita em Santa Isabel do Rio Negro. (mais…)

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Em busca de conforto, neozelandeses adotam estilo ‘hobbit’ e andam descalços no verão

Da esq. à dir.: o barista Pascal Reuck, 20; o tatuador Liam Parks, 18; o engenheiro Will Black, 37; e um transeunte maori
Da esq. à dir.: o barista Pascal Reuck, 20; o tatuador Liam Parks, 18; o engenheiro Will Black, 37; e um transeunte maori. Foto: Thais Sabino

No país onde foi filmada a trilogia ‘O Senhor dos Anéis’, sair de casa sem sapatos é hábito motivado pelo bem-estar e cultivado desde a infância

Conhecida pelas distintas paisagens, a Nova Zelândia ganhou notoriedade com os filmes da série O Senhor dos Anéis, dirigidos pelo neozelandês Peter Jackson e filmados em locações espalhadas pelo país. Apesar de a trilogia ser ambientada em um universo fantástico, relatando fatos da Terra Média distantes do mundo real, existe um ponto em comum entre os filmes de Jackson e a realidade na terra dos “kiwis”, como é conhecida a população local.

Assim como os hobbits de J.R.R. Tolkien, os neozelandeses também têm o costume de andar descalços. E seus pés nus não são vistos apenas em parques e praias, mas também pelas ruas da cidade, em supermercados, lojas e restaurantes.

Com a aproximação do verão, os dias cada vez mais quentes impulsionam o hábito descontraído e livre dos neozelandeses.  A preocupação com as tendências das passarelas de moda passa longe dos guarda-roupas das pessoas comuns. Afinal, se é mais confortável caminhar sem sapatos, “por que não?”, perguntam-se os neozelandeses. Até mesmo o aclamado diretor neozelandês, laureado com prêmios internacionais por suas produção, já foi visto fazendo compras com a atriz Kate Winslet em Wairarapa sem qualquer calçado para proteger os pés. Percorrendo as ruas de Auckland, o motivo principal para quem caminha descalço sem qualquer preocupação é um só: o conforto. (mais…)

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O Povo Xukuru propõe uma alternativa de vida: a Agricultura do Bem-Viver

Iran Neves Ordonio
Foto: Cimi

Para o agrônomo e liderança indígena a salvação do planeta estará na sabedoria ancestral dos povos originários

Por Luciana Gaffrée em Rel-Uita

Está ocorrendo na Aldeia de Canabrava o II Encontro Urubá Terra, do povo da etnia Xukuru Urubá, no município de Pesqueira, Pernambuco. Esse encontro discutirá a agricultura do bem-viver como um projeto de vida, com seus princípios e valores de base ecológico-ancestral, numa luta histórica contra o etnogenocídio. Durante o evento ocorrerá a feira de sementes tradicionais.  A Rel-UITA dialogou com Iran Neves Ordonio, liderança Xukuru do Orubá, formado em Agronomia, com especialização em Pesca Agrícola e mestrado em Ciência do Solo.

O Povo Xuruku ocupa hoje uma área de 27.525 hectares e sua organização social possui os Conselhos Indígenas para a agricultura, a saúde, e a educação. No caso, o liderança Iran Neves Ordonio está no conselho indígena para a agricultura.

Como surgiu a ideia de fazerem esse encontro, que já está na sua segunda edição?

O despertar para a agricultura como modo de vida faz parte do tradicional projeto de vida Xukuru. Portanto, neste evento não se discute agricultura, discute-se um projeto de vida, com os princípios e valores do modo de vida ancestral. E, ao mergulharmos no tempo, na memória dos anciões, percebemos que a agricultura permeia praticamente todas as falas, etapas e processos de luta.  E que essa agricultura é bem diferente da agricultura comercial. (mais…)

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Ministro Ricardo Lewandowski reitera importância de priorizar a conciliação

Ricardo LewandowskiSTF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, participou de reunião do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) nesta sexta-feira (28), na qual apresentou números relativos ao funcionamento do Judiciário e alertou para a necessidade de se estimular o uso de formas alternativas de solução de controvérsias. Para o ministro, é necessária uma transformação cultural que leve à mudança da forma como hoje é encarada a solução de conflitos.

Apresentando números relativos aos anos de 2012 e 2013, produzidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no relatório “Justiça em Números”, o ministro mostrou que o aumento na produtividade e na estrutura do Judiciário não conseguiu aliviar a taxa de congestionamento da Justiça. Em 2013, o Judiciário produziu 25,7 milhões de sentenças, um aumento de 3,5% com relação ao ano anterior, e deu baixa em 27,7 milhões de ações. Mas recebeu 28 milhões de novos processos. O resultado é que a taxa de congestionamento subiu 1,3%, chegando a 70,1% –o que significa que de cada 100 novos casos, apenas 30 foram resolvidos. (mais…)

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Munduruku ocupam Funai de Itaituba e exigem demarcação da Terra Indígena Sawré Muybu

Munduruku na Funai

Agência Pública

Os Munduruku ocuparam o prédio da Funai de Itaituba (Pará) às 10 horas de hoje (sexta, 28) para exigir a demarcação da terra Sawré Muybu. A área é de ocupação centenária e já foi indicada para demarcação por técnicos da Funai, mas o processo está parado há mais de um ano em Brasília. São três aldeias que ficam em área a ser alagada pela usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Como remover indígenas de suas terras é vedado pela Constituição, a demarcação da área inviabiliza a construção da usina, que está em fase de estudos ambientais. Os Munduruku pedem a publicação do Relatório Circunstanciado que identifica e recomenda a imediata demarcação da área.

Há um mês os Munduruku deram início ao processo de autodemarcação de sua terra. Quatro quilômetros já foram abertos na mata. A ocupação do prédio da Funai foi precipitada depois que os indígenas acharam mais de 300 garimpeiros explorando as fronteiras de seu território, em um local considerado sagrado para eles. Os garimpeiros disseram que só vão sair depois que a área for demarcada. “Queremos que Brasília demarque logo nossa terra porque nós sabemos cuidar dela muito melhor que o Ibama ou ICMBio”, disse o cacique Juarez Saw Munduruku, ao que foi saudado por cerca de 40 indígenas com os gritos de “Sawe” – o que, na tradição Munduruku, é o equivalente a aplausos. (mais…)

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Nota de Repúdio da CUT MS à violência contra os Terena da Terra Indígena Taunay/Ipegue

Constituição Demarcação JáVimos através desta nota, repudiar a ação violenta realizada na manhã desta sexta-feira (28), por jagunços armados que estavam em seis caminhonetes e dispararam tiros contra lideranças indígenas da etnia terena, na terra indígena Taunay/Ipegue, no município de Aquidauana, que fica à 181 Km da capital.

Esta região é alvo de um longo processo de demarcação de terras indígenas já em fase final de conclusão, pois falta apenas a homologação do governo Federal, para a devolução dessa terra indígena aos irmãos indígenas.

Lideranças Terena nos informaram que os jagunços seriam contratados por fazendeiros da área ainda conhecida como Fazenda Maria do Carmo. Segundo os indígenas, eles foram alvejados nesta manhã, naquela região, por jagunços encapuzados. Relatos também indicam que desde ontem (27) à noite, estes jagunços estavam rondando os Terena nestas caminhonetes.

A CUT-MS é totalmente contra essas ações violentas organizada por fazendeiros do Estado de Mato Grosso do Sul, que vitimaram centenas de lideranças indígenas nos últimos trinta anos. Somos radicalmente contra a presença de uma máquina miliciana e violenta que foi alvo até de leilão, para seu financiamento.

Repudiamos veementemente este tipo de situação. A violência institucional ou privada, que vem ocorrendo há décadas quando dos conflitos com indígenas é um absurdo, um atentado à nossa democracia.

Externamos aqui a nossa solidariedade ao povo Terena em luta pelas suas terras ancestrais. Exigimos que as autoridades de governo, justiça e polícias busquem garantir um caminho de paz para a resolução deste conflito, sem violência de qualquer espécie. Não queremos ver mais, em nenhuma hipótese em solo sul-mato-grossense tragédias como se abateram no conflito da terra Buriti em Sidrolândia (MS), onde o guerreiro Oziel Gabriel, de 36 anos de idade, foi morto no ano passado.

Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso do Sul (CUT-MS)

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Isabel Carmi Trajber.

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Como rasgar a Constituição e massacrar índios, segundo o governo Dilma Rousseff, por Eliane Brum

Foto: Maurício Torres. Arquivo Pessoal
Foto: Maurício Torres. Arquivo Pessoal

Eliane Brum, em Desacontecimentos

O segundo mandato nem começou e o governo Dilma Rousseff já escreve mais um capítulo de violência contra os povos indígenas, desta vez no rio Tapajós, na Amazônia. Depois de impor Belo Monte, que já considera fato consumado, o governo concentra seus esforços em esmagar toda a resistência contra as hidrelétricas de São Luiz do Tapajós e Jatobá, no município de Itaituba, no oeste do Pará. E, como já fez em Belo Monte, atropelando também a Constituição e qualquer princípio de respeito aos direitos e à dignidade humana. Um vídeo gravado pelos Munduruku, etnia que vive na área afetada pelas usinas, mostra a então presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Augusta Assirati, afirmando a lideranças indígenas, durante uma reunião no mês de setembro, que o relatório da demarcação da sua terra ancestral não tinha sido publicado ainda porque estava no caminho das barragens. “Eu tô em débito com vocês, sim, vocês têm toda razão, mas eu acredito, e quero acreditar, porque o dia que eu não acreditar eu não tenho que estar mais aqui falando com vocês”, afirmou Maria Augusta. Nove dias depois, ela deixou a presidência da Funai.

A Funai não publicou o relatório que comprova a terra indígena Munduruku Sawré Muybu porque, segundo a Constituição, os povos indígenas só podem ser retirados de sua terra em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do país. E isso só após deliberação do Congresso e garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco. Assim, ainda que o governo federal, quando se trata de impor seu projeto de desenvolvimento e o interesse das grandes empreiteiras, não costume demonstrar qualquer prurido antes de rasgar a Constituição, com a terra Sawré Muybu demarcada, ficaria bem mais complicado, porque ela é atingida diretamente por São Luiz do Tapajós. E o escândalo internacional teria proporções muito maiores. (mais…)

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