Nota de repúdio às reportagens da série “Terra Contestada” do Grupo RBS

Encontro Catarinense de História, promovido pela ANPUH-SC, divulga Nota de Repúdio à Empresa Rede Brasil Sul de Comunicação (Grupo RBS). Eis a nota

IHU On-Line – Os membros do Simpósio Temático nº 13: “Indigenismo e Movimentos Sociais Indígenas” proposto no XV Encontro Estadual de História, com tema “1964-2014 – Memórias, testemunhos e estado”, realizado entre 11 e 14 de Agosto de 2014, na Seção Santa Catarina (ANPUH-SC), vem a público divulgar Nota de Repúdio à Empresa Rede Brasil Sul de Comunicação (Grupo RBS) devido à reportagem “especial” veiculada em seus meios, sobretudo no Jornal Diário Catarinense, intitulada: Terra Contestada, nos dias 07 a 12 de Agosto de 2014.

É importante salientar que não se pretende com esta nota, repetir o conteúdo vexatório, discriminatório, racista, tendencioso, “parcial” e contraditório das reportagens veiculadas, pois estaríamos corroborando com ideias e pensamentos que marginalizam os povos indígenas ao longo da História deste país. Estes povos vêm sendo paulatinamente execrados e deixados à margem de uma sociedade que se diz plural, diversa, pluriétnica e culturalmente rica quando se trata de divulgar e identificar a imagem da região a qual pertence este estado de Santa Catarina.

Inicialmente, convém questionar e depois esclarecer a tão propalada imagem desta empresa, que tenta promover um jornalismo pautado na imparcialidade. Caso não seja de clareza de seus dirigentes e funcionários, as reportagens apresentam conteúdo conivente e subserviente ao sistema político e econômico dos setores administrativos dos governos, quer em esfera estadual ou federal.

No que se refere à “imparcialidade” do caso em questão, foram ouvidas pessoas de duas entidades, uma governamental e outra não governamental, que segundo a própria reportagem, fazem o mesmo trabalho. Então, ao apresentar informações que denotam juízo de valor, verifica-se uma postura parcial, a qual confunde o leitor desavisado e leigo sobre o assunto. Os sujeitos envolvidos e atacados pela reportagem, sequer foram ouvidos, lideranças (cacique, professores, anciões), famílias Guarani que residem na comunidade Itaty do Morro dos Cavalos. A reportagem veiculou a entrevista de apenas um Guarani, que há algum tempo já não reside mais na Comunidade Itaty. Isso é parcialidade. A parcialidade está visível também em relação aos estudos, laudos e pareceres técnicos, pois são consideradas pela reportagem apenas informações fragilmente embasadas por um antropólogo já desligado formalmente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA). (mais…)

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Manifesto de docentes em solidariedade às ocupações do Isidoro

Um iminente despejo, de proporção ainda mais exorbitante que o ocorrido em 2012, no Pinheirinho, na cidade de São José dos Campos/SP, ameaça mais de 8 mil famílias, no estado de Minas Gerais. Trata-se das ocupações Esperança, Vitória e Rosa Leão, todas localizadas na região de Mata da Granja Werneck, no Bairro Isidoro, em Belo Horizonte. O histórico de despejos ocorridos em diferentes estados brasileiros nos últimos anos torna temerário o cenário de reintegração de posse das terras onde se encontram tais ocupações. Há uma grande preocupação de que normas nacionais e internacionais, que garantem uma série direitos e proteção às famílias do Isidoro, sejam desrespeitadas; além de desalojamento forçado e violento, o qual atenta contra a vida dos moradores, entre os quais há um grande número de mulheres, crianças e idosos.

Nós, docentes abaixo-assinados, vimos por meio deste manifesto solicitar às autoridades responsáveis que prezem pelo direito fundamental à vida, à moradia, à dignidade humana e à segurança. Diversos trabalhos de extensão e pesquisa tem sido realizados em todo o Brasil e amplamente divulgados através de artigos, teses, dissertações, monografias, etc. e revelam que a violação dos direitos humanos tem ocorrido de forma sistemática por meio de intervenções das políticas urbanísticas implementadas de forma autoritária em diversas cidades brasileiras. A especulação imobiliária não pode se sobrepor aos direitos humanos das famílias que fizeram do Isidoro o seu abrigo e a sua comunidade. Exigimos que os poderes judiciário e executivo observem o direito das populações pobres, que não devem ser criminalizadas e/ou punidas por materializarem o seu direito fundamental à moradia, invibializado por um histórico político e econômico de beneficiamento de especuladores.

Os docentes, de todas as áreas do conhecimento, que assinam este manifesto, acreditam que a ciência e a educação produzidas neste país têm por objetivo a eliminação da desigualdade social, não apenas formal, mas substancialmente. Assim, rechaçam qualquer decisão que viole os direitos fundamentais dos moradores do Isidoro e configure um novo massacre às populações pobres e sem teto deste país. (mais…)

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Dois acampamentos do MST sofrem incêndio criminoso no DF

incendio_acampamentoDa Página do MST

Na tarde desta quinta-feira (13), os acampamentos Keno e 8 de março, ambos localizados na região de Planaltina do Distrito Federal (DF), foram incendiados de forma criminosa, segundo os Sem Terra. No Keno, todos os barracos e pertences dos acampados foram queimados.

“Quando o incêndio começou no Keno, chegamos a pensar que pudesse ser um acidente, devido ao período de seca no DF, mas logo depois soubemos que o acampamento 8 de março também foi incendiado. Ou seja, não é uma coincidência, mas uma ação criminosa contra os trabalhadores Sem Terra”, disse Lucimar Nascimento, integrante da direção distrital do MST.

O acampamento Keno é fruto da ocupação da Fazenda Santa Isabel, em Planaltina.  A área, de propriedade da empresa Rural Whittmann Agropecuária Ltda, foi flagrada com 33 trabalhadores em situação análoga à escrava no último dia 3 de julho, após uma operação de resgate realizada pelo Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal (MPT-DF) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Devido à reintegração de posse, os Sem Terra estão em um terreno próximo da BR 020. (mais…)

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Rafael Custódio, da Conectas: ‘A quem interessa que as pessoas tenham medo de protestar?’

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Paulo Emanuel Lopes – Adital

Rafael Custódio é advogado especialista em Direito Penal. Há dois anos e meio, atua como coordenador do Programa de Justiça da Conectas, lidando com problemas relacionados à justiça criminal e ao sistema prisional. Participa ainda do Conselho da Comunidade de São Paulo, órgão que auxilia na execução penal, composto pela sociedade civil, com o objetivo de entrar nos presídios, fazer relatórios de inspeção, denúncias, entre outras coisas.

Nesta entrevista concedida à Adital, Custódio avalia o quadro de repressão às manifestações no Brasil, uma tentativa de intimidar os movimentos reivindicatórios. Contesta a cobertura dada pela chamada “grande mídia” às manifestações de rua, e apresenta um resumo das principais iniciativas legislativas que pretendem desestimular a prática democrática dos protestos no Brasil.

“Se a gente pensar, por exemplo, nos sindicatos, nos anos 1980, ou no movimento pela reforma agrária, nos anos 1990 e 2000, ou mesmo outros movimentos, como os estudantes, tradicionalmente, o poder público brasileiro vem lidando [com as manifestações reivindicatórias] de um jeito só, com a justiça, a repressão criminal.” (mais…)

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Forças pacificadoras devem mudar abordagens no Complexo da Maré, no Rio

Agência Brasil 

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro recomendou ao comando da Força de Pacificação no Complexo da Maré, zona norte da capital fluminense, mudanças nas abordagens feitas a crianças e adolescentes na comunidade. Segundo o órgão, relatos dão conta de que militares têm cometido excessos quando abordam os jovens para fazer buscas, de acordo com documento divulgado ontem (14).

Na recomendação, o Ministério Público diz que os eventuais constrangimentos feitos por militares, nas revistas pessoais em jovens, podem causar “danos graves e irreversíveis a pessoas em formação física e psíquica”. As denúncias sobre os excessos foram feitas pelo Conselho Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente.

O documento, assinado pelo promotor Jaime Mitropoulos, cita que a ameaça à integridade física da criança constitui crime tipificado, e ressalta que a abordagem só deve ser feita quando houver “fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos [ilegais] que constituam corpo de delito”.

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com o Comando Militar do Leste, para que comentasse a recomendação, mas não obteve retorno até a edição da matéria.

Na última terça-feira (12), o Ministério da Justiça autorizou o uso da Força Nacional de Segurança Pública no patrulhamento do Complexo da Maré. A segurança extra auxiliará o Exército, que ocupa a área desde o início de abril.

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Povo Karajá se reúne para pensar sobre sua cultura

400_bonecas_karajDurante dois dias, indígenas Karajá estiveram reunidos para proporem ações para o Plano de Salvaguarda das Ritxòkò, suas bonecas de cerâmica

Lilian Brandt Calçavara/AXA

Nos dias 11 e 12 de agosto estiveram reunidos em São Félix do Araguaia (MT) cerca de 60 indígenas da etnia Karajá (autodenominados Iny) para a 1ª Reunião de Articulação para Salvaguarda dos Bens Culturais Registrados do Povo Karajá. A reunião foi promovida em parceria pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e o Museu Antropológico, da UFG (Universidade Federal de Goiás) e contou com a presença de ceramistas, artesãs e lideranças Iny dos estados do Mato Grosso, Tocantins, Goiás e Pará.

Os modos de fazer e as formas de expressão que envolvem a produção das bonecas de cerâmica Karajá foram registrados como um bem cultural nacional em janeiro de 2012. As famosas bonecas de cerâmica, chamadas ritxòkò (na fala feminina) e ritxòò (na fala masculina) são uma importante fonte de renda das famílias Karajá.  Somente as mulheres as fazem, utilizando técnicas tradicionais transmitidas de geração a geração. (mais…)

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Morre Sem Terra atropelada por caminhão em protesto no Pará

400_sem_terra_atropelada_no_parMulher participava de manifestação quando foi atingida pelo veículo. Um caminhoneiro tentou furar o bloqueio dos trabalhadores na rodovia, na última terça-feira, dia 12, e atropelou a trabalhadora

Portal G1 Pará

A integrante do MST foi atropelada na madrugada desta terça-feira (12), na BR 155, rodovia que liga Redenção a Marabá (PA), quando teve início o protesto. Ela morreu no local. O Instituto Médico Legal foi acionado para fazer a remoção do corpo da vítima.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o caminhoneiro que atropelou a mulher teria sido agredido e a carga do caminhão conduzido por ele, saqueada. (mais…)

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Para UNICEF, países não cumprem compromissos com crianças indígenas

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Jornal GGN* – Mesmo com os ganhos significativos conseguidos desde a adoção da Convenção sobre os Direitos da Criança, em 1989, os países não cumprem este mesmo compromisso em relação às crianças indígenas. Essas crianças ainda enfrentam diferenças imensas em todos os indicadores de desenvolvimento humano, tanto nos países de baixa, média ou alta renda.

No Brasil, para se ter uma ideia, o índice médio de mortalidade de crianças indígenas de até nove anos é quase o dobro da média de crianças não indígenas.

Este panorama foi divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Dia Internacional dos Povos Indígenas no dia 9 de agosto. “Não é admissível que, um quarto de século após afirmar os direitos das crianças em todas as partes do mundo, as nações continuem deixando para trás parcelas significativas de suas populações”, disse a diretora adjunta de programas do UNICEF, Susana Sottoli, na área de direitos da criança. “Está mais do que na hora de eliminar as diferenças para todas as crianças indígenas, de modo que a Convenção se torne uma realidade também para elas”, completou Susana. (mais…)

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Caminhos Divergentes: Moradores da Vila Autódromo Resistem, Seguem o Caminho, ou Aguardam

First-paragraph-Maria-garage-1“O meu lugar,
É cercado de luta e suor,
Esperança num mundo melhor”

Rio On Watch – A filha de Maria do Socorro, de 14 anos, escreveu este verso na garagem de sua casa, chorando enquanto olhava a casa adjacente a sua ser brutalmente demolida, sinalizando a partida de sua amiga e vizinha.  Foi em abril, no início das temidas demolições de moradias na Vila Autódromo, e um burburinho de jornalistas e fotógrafos documentando a cena. Vários deles subiram a escada da porta de Dona Maria para terem uma melhor visão da destruição; azulejos de cozinha quebrados por marretas, estruturas de metal sendo retorcidas, equipamentos de perfuração atacando as paredes, e finalmente, uma escavadeira retirando o que havia sobrado do esqueleto da estrutura.

As demolições continuaram sistematicamente na Vila Autódromo por vários meses. Os próprios moradores estimam que até metade das famílias deixaram a comunidade, a maioria optando por um reassentamento no complexo habitacional Parque Carioca e o restante aceitando indenização. (mais…)

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“Os políticos encobrem os conflitos da água como se fossem religiosos e étnicos”. Entrevista com a ativista Vandana Shiva

Fonte: http://goo.gl/3UcisX
Fonte: http://goo.gl/3UcisX

“Em abril de 2011 a ONU adotou uma resolução sobre a água como um direito humano. Mesmo com toda a ganância das multinacionais, a energia democrática dos movimentos sociais também está crescendo e desafiando a privatização da água”. É o que aborda Vandana Shiva, física e ativista defensora do meio ambiente e dos direitos das mulheres, nascida na Índia. O jornal britânico The Guardian a definiu como uma das cientistas de maior destaque e mais promissoras do mundo. Em seu livro “As guerras da água”, Shiva destaca que este recurso é um direito humano fundamental, o qual não pode ser tratado como uma mercadoria. No mundo, 768 milhões de pessoas não têm acesso à água potável

Gabriel Díaz – Diário.es

Que importância a água tem para a vida humana, para as comunidades e a natureza? Que importância tem para você e para sua cultura?

A água é o próprio sangue da vida. Compõe 70% do planeta, 70% das plantas, 70% do nosso corpo é água. Sem água não há vida. A água circula através de todas as espécies e pelo ciclo hidrológico, que conecta a todos em uma comunidade. É a comunidade da água.

Eu nasci em Himalaya e cresci na região que é a fonte do Ganges. O movimento Chipko, ao qual me uni há uma década, é um movimento de mulheres para proteger o bosque e a água. Durante 10 anos estamos construindo movimentos para evitar a privatização das águas do Ganges. Nosso lema é “Nossa mãe Ganges não está à venda”. Detivemo-los. (mais…)

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