Cidades mineiras enfrentam falta de água nos reservatórios do Rio São Francisco

Em Três Marias, por exemplo, o volume de água liberado caiu pela metade, de 400 metros cúbicos por segundo para 200

Mateus Parreiras – Estado de Minas

O volume crítico e a má qualidade das águas do Rio São Francisco em Minas Gerais marcaram ontem, em Brasília, o lançamento da data 3 de junho como o Dia Nacional em Defesa do Velho Chico. De acordo com o Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio São Francisco, a região dos municípios de Três Marias, Região Central do estado, Pirapora, São Francisco e Manga, no Norte, enfrentam regime de desabastecimento só antes visto no semiárido nordestino. “Neste momento, a situação mais crítica está em Três Marias. Em Sobradinho (BA), por exemplo, a redução dos níveis da água é frequente, mas lá (Três Marias) não era. E as cenas que vemos na região são dramáticas”, considera o presidente do CBH, Anivaldo Miranda.

Desde 2001, os reservatórios do São Francisco sofrem com redução de vazão para atender às demandas do setor hidrelétrico. Em Três Marias, por exemplo, o volume de água liberado caiu pela metade, de 400 metros cúbicos por segundo para 200. Ou seja, mesmo que o curso d’água enfrente seca e desabastecimento, o reservatório vai represar mais água. O volume atual da represa se encontra em 16% da capacidade total e há medo de que ocorra um esvaziamento praticamente completo ao fim da época de estiagem. (mais…)

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As Mulheres Agroestrativistas do Babaçu – A Pobreza a Serviço da Preservação do Meio Ambiente

Agência ProdeTec

O presente trabalho busca mostrar a importância de uma categoria de pequeno produtor familiar (as mulheres agroextrativistas do Maranhão ou quebradeiras decoco babaçu) que no setor agrícola local assume uma particularidade única. Não só pelo número, que representa 10% da força de trabalho da agricultura, mas,sobretudo, pelo papel que desempenha na preservação do meio ambiente, a favor da reforma agrária e no combate à exclusão social, da qual é vítima. Mostra-se ainda que o trágico quadro de pobreza em que estão inseridas essas mulheres se relaciona à devastação do seu principal meio de subsistência, o coco babaçu, e da política governamental implementada ao longo de décadas. No início dos anos 90, com a constituição de uma ONG (Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB), elas têm lutado para dar um outro rumo à atuação do Estado e do agronegócio no que se refere ao meio ambiente. Este segmento social assume assim um papel que constitucionalmente caberia ao Estado executar, mas do qual se omite

Benjamin Alvino de Mesquita2

1. INTRODUÇÃO

No Estado do Maranhão, três atividades produtivas se destacam no cenário agrário. Majoritariamente, tem-se a pecuária empresarial, a mais importante das três, oriunda da década de setenta, período de incentivos fiscais e crédito rural farto e barato; a ocupação com pastagens é de algo em torno de 5 milhões de hectares. Em seguida, a agricultura temporária, baseada, sobretudo, na cultura do arroz e da soja. A primeira, tocada à base do trabalho familiar, em pequena escala e articulada ao mercado nacional, muito importante até os anos oitenta, e a segunda, estruturada em base capitalista, que emerge no final dos anos noventa e tem por trás o médio e o grande produtor atrelado ao mercado internacional. A última atividade importante é o extrativismo do babaçu3. Sua relevância atual não se encontra no aspecto econômico (renda gerada, que já foi importante nos anos 70), que é declinante, mas no caráter eco/preservacionista, político e social que assumem seus atores sociais – as mulheres agroextrativistas ou quebradeiras de coco babaçu – através do seu principal organismo de atuação, o MIQCB (Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu). (mais…)

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Carta de Vila Velha

A Rede Brasil – Memória, Verdade, Justiça, composta por comitês, comissões, fóruns, coletivos e outras organizações que lutam pela memória, verdade e justiça, reunida em Vila Velha, Espírito Santo, nos dias 24 e 25 de maio de 2014, aprovou a seguinte carta aberta:

Valorizamos o progresso já alcançado, desde a promulgação da Constituição de 1988, no campo dos Direitos Humanos no Brasil, mas avaliamos como preocupante a persistência de violações dos direitos dos pobres, negros/as, jovens, moradores/as de periferia, mulheres, LGBTT, camponeses, indígenas e outros, como resultado da herança da ditadura militar e da ineficiência dos poderes democráticos instituídos.

Conhecendo a tradição de impunidade seletiva brasileira, sabemos que o poder econômico e o Estado patrimonialista perseveram na mentira e na ocultação da verdade. Por isso, pressionamos, construtivamente, os sucessivos governos democráticos com demandas e exigências de uma política ativa e positiva de promoção dos Direitos Humanos e segurança pública. Com revezes e vitórias, viemos somando conquistas e encaramos a leniência dos agentes governamentais, legislativos, judiciários e militares como obstáculos que a nossa sociedade saberá superar.

Após mais de quatro décadas de resistência e luta das vítimas, familiares de vítimas, de militantes de DHs, de cidadãos/ãs e entidades democráticas, obtivemos avanços na busca por direito à verdade, memória e justiça, que ganhou impulso com a mobilização da sociedade e com a consequente criação da Comissão Nacional da Verdade.

 A RBMVJ é resultado deste processo, busca estimulá-lo e vê com otimismo as perspectivas de progressão na senda da justiça, reparação e não repetição dos crimes praticados pela ditadura militar, e eliminação de todos os entulhos autoritários.

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Encuentro de la espiritualidad

Foto: Luiz Henrique Eloy Amado / Cimi
Foto: Luiz Henrique Eloy Amado / Cimi

Pueblos indígenas de Brasil, Chile, Paraguay y Bolivia alzan sus voces en defensa de la Madre Tierra

Luciana Gaffrée | Convenio CIMI | Rel-UITA

Entre el 10 y el 14 de mayo, en Campo Grande, Mato Grosso do Sul, los pueblos Terena, Guarani Kaiowá, Xavante de Brasil, el aymara y el quechua de Chile, el aymara de Bolivia y el Padre Tavyterá de Paraguay se reunieron en celebración del centenario de la Congregación “Hermanas Lauritas”. La Rel reproduce fragmentos de un documento en el que los indígenas denuncian las maniobras de los gobiernos para apoderarse de sus territorios tradicionales.

“Nosotros, pueblos originarios de este continente durante siglos resistimos a todos los proyectos de exterminio. Logramos esto de una manera especial, a través de nuestras espiritualidades y culturas.

Nuestras profundas raíces impidieron la destrucción física (genocidio) y cultural (etnocidio). El sistema colonial y el actual neoliberalismo pisaron de forma implacable nuestro corazón y nuestra alma, pero no lograron destruir nuestra espiritualidad, identidad y valores.

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Quase um terço dos britânicos admite ser racista

550

Estudo revela que nível de preconceito racial regressou aos níveis de há 30 anos

TVI 24 – Quase um terço dos britânicos admite ter algum preconceito racial, de acordo com um estudo divulgado, esta quarta-feira, pelo Centro Nacional de Investigação Social do Reino Unido. O instituto britânico independente dedicado à pesquisa social sublinha que a proporção de ingleses que confessa ter algum preconceito racial aumentou desde o começo do século XXI, regressando ao nível de há 30 anos.

De acordo com a Sky News, entre os mais de 20 mil britânicos ouvidos no inquérito, 30% admitiu ter «muito» ou «pouco» preconceito contra pessoas de outras raças. O número é superior aos 25% que admitiram ter preconceito na pesquisa realizada em 2001.

A conselheira do Centro Nacional de Investigação Social, Penny Young, considera o resultado «inquietante». (mais…)

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A Copa é espaço da política, por Elaine Tavares

foto: André Dusek - Estadão
foto: André Dusek – Estadão

Elaine Tavares – Palavras Insurgentes

De repente, como se fosse uma surpreendente novidade, os jornalistas brasileiros abrem manchetes nos jornais, informando à população de que “índios disparam flechas em protesto na capital federal”. Como sempre acontece, desde há 500 anos, os povos indígenas, quando “no seu lugar”, ou seja, bem quietinhos, nas reservas definidas para eles, ou chorando pitangas, são alvo de comiseração. E, quando muito, no 19 de abril, pode-se falar deles, no passado, como se fossem uma etapa já superada da integração nacional. Mas, basta que se levantem em luta pela demarcação de suas terras, ou contra os sucessivos golpes que o agronegócio vem dando na tentativa de se apossar das terras ricas, para que as forças de manutenção do “estado das coisas” iniciem suas cruzadas contra o que consideram “atraso”. Os índios são atraso, sempre.

As vozes que se expressam nos jornais e TVs questionam a necessidade de tanta terra demarcada para tão pouco índio. São cerca de 896 mil no Brasil de hoje. A considerar que a nação tem 180 milhões de almas, esses 896 mil seriam como uma ferida, dessas, que não sara, “incomodando” a vertiginosa saga do progresso. Há um desejo muito claro dos latifundiários e mineradores em se apropriar das largas extensões de terra indígena, ainda protegidas, que guardam riquezas sem fim, seja no que diz respeito a mananciais de água ou minérios. Daí a necessidade de inocular na opinião pública a ideia de que eles são o atraso. Melhor seria que se “integrassem” à sociedade brasileira, acabando de vez com essa “incomodação” que é a necessidade de demarcar territórios para que eles vivam “isolados”. E não bastasse toda a campanha contra o direito de os indígenas terem sua terra, ainda os condenam por querer permanecer na “pré-história”, que é como definem o direito de terem sua própria cultura. (mais…)

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