História e consciência de classe no Alto Rio Pardo: trabalhadores e trabalhadoras rurais ressignificam o seu chão

mandala de mãos

Por Cristina Rodrigues Fernandes*

As mudanças ocorridas no campo com a implementação da política de ampliação da fronteira agrícola no Norte de Minas, a partir dos anos 70, desorganizou as dinâmicas vigentes na região, modificando as formas de trabalhar, viver e se relacionar com a natureza de vários indivíduos, grupos e populações que ali viviam. Pretendo, neste artigo, apontar algumas alterações sofridas pela população rural, especificamente, pelo que hoje se denomina agricultura familiar do município de Rio Pardo de Minas, procurando analisar como essas mudanças foram vivenciadas no que se refere principalmente ao uso da terra, peça chave no entendimento desse processo de transformação. Assim, questiono até que ponto tais mudanças reforçaram ou não o sentimento de pertencimento desses grupos, do seu lugar, suas vivências e saberes, e quais estratégias emergiram na busca pela permanência dos seus modos de vida. Paralelamente, tentarei fazer uma reflexão desse evento sobre consciência de Classe, segundo abordagens de Thompson em Usos e costumes comuns.

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AM – Violência contra povos indígenas em Humaitá revela o etnocentrismo exacerbado no pensamento e na ação dos “invasores” que se acham donos!

Populacao-revoltada-Humaita-promove-municipio_ACRIMA20131226_0002_5Por Iremar Antonio Ferreira, em Sem Fronteiras no Madeira

Venho por meio deste texto oferecer uma leitura do conflito em Humaitá – AM, intensificado no dia de ontem seguindo até hoje.

No dia 03 de dezembro o cacique Ivan Tenharim foi encontrado desacordado na beira da Rodovia Transamazônica perto de sua aldeia ao lado de sua moto, com sinal de espancamento. Foi socorrido e conduzido pro Hospital Joao Paulo II em Porto Velho onde veio a falecer no dia 6.

Embora a Policia Federal tenha registrado ou divulgado que a morte foi por acidente de transito, nãos convenceu os parentes. O clima de desconfiança aumentou quando no blog da Funai foi registrado que poderia ter sido provocado por não indígenas moradores numa localidade Matupi perto da aldeia do Ivan, deixando parentes do mesmo consternados e revoltados.

Já no dia 16 ocorreu o desaparecimento de três pessoas que se tem o nome, que seguiam viagem com mais 2 desconhecidos, e que estes não chegaram no destino, ou seja, desapareceram no meio da viagem o que significa dizer que seria dentro dos limites da terra indígena dos Tenharim.

Segundo delegado da Policia Federal de Porto Velho, tem registro de depoimento de testemunhas de que viram indígenas empurrando um veiculo, mas não falam a marca e modelo do veículo, nem mesmo se explica como estes viajavam com outros dois desconhecidos. Como sumiriam com um veículo sem deixar rastro, ou com pessoas… Já faz muito tempo que não se registrava conflito algum envolvendo indígenas e não indígenas mesmo com a aplicação do pedágio na rodovia na parte interna da aldeia. (mais…)

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Nota de repúdio da Articulação dos Povos Indígenas de Rondônia

cocarA Articulação dos Povos Indígenas de Rondônia (AIR), criada para defender, promover e lutar pelos direitos destes povos, vem a público manifestar seu repúdio e insatisfação contra os protestos em relação aos povos indígenas Tenharin e Parintintin na cidade de Humaitá, Sul do Amazonas.

No inicio do mês de dezembro o Cacique Ivan Tenharin foi atropelado na Rodovia que corta a Terra Indígena Tenharin, e os índios suspeitam de um assassinato, a mando de não indígena.

No dia 16 de dezembro desapareceu 03 pessoas vistas próximo à Terra Indígena Tenharin no Km 85 na BR 320 na Transamazônica no município de Humaitá. Com a falta de informações sobre as buscas conduzidas pela Policia Federal de Rondônia revoltou familiares e amigos dos desaparecidos e assim culpando os povos indígenas pelo fato ocorrido.

Os protestos iniciaram na tarde desta terça-feira (24/12/13) por familiares dos desaparecidos. Na noite de quarta-feira (25/12/13), os familiares e a população de Humaitá iniciaram uma manifestação aterrorizante contra aos indígenas, incendiando o prédio da FUNAI, SESAI e as duas Sedes das Organizações Indígenas Tenharin e Parintintin, além de barcos, carros e motocicletas que prestavam assistência aos indígenas, tendo um prejuízo de mais de 2 milhões. Os grupos indígenas que reside no município, de aproximadamente 140 pessoas entre crianças, jovens, adultos e velhos ficaram apavorados com  esse terrorismo, não tendo para onde ir que pediram proteção no Quartel do 54 Batalhão de Indantaria de Selva (BIS). (mais…)

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Retrospectiva 2013 no Brasil: mais um ano para se esquecer (Parte 1)

LutoCentenas de índios mortos e jurados de morte. Racismo aberto em todos os cantos do Brasil. Um ano a mais de desgosto social e de desigualdade animada. O ano de 2013 mostrou mais uma vez a face do problema e a dificuldade que teremos para resolvê-lo. 

Por Eustáquio José, em Um Brasil de Verdade

Entre as perdas que somamos está a situação indígena no país. A tal da bancada ruralista conseguiu povoar a comissão da demarcação em todos os níveis (inclusive na presidência, o que não é novidade para um país que permite um racista e homofóbico presidir a comissão dos direitos humanos e das minorias sociais na Câmara dos Deputados mostrando o porquê da descrença total de mais de 90% dos brasileiros em políticos/partidos) e o índio ficou mais uma vez preso às promessas de uma presidente e ao gargarejo populista de um ex-presidente que não evitou que a situação do índio chegasse até a penúria que se encontra. A população indígena, inferior a um milhão dos quase duzentos milhões de brasileiros, sofre por redução política de sua representatividade. Deveras nós estamos com um ou outro político atentando às causas genuinamente indígenas, e o resto está preocupado em despovoar as terras para aumentar o lucro do agro-negócio. Enquanto pseudo-ambientalistas estão mais ocupados, como a presidenciável Marina Silva, em defender um agronegócio sustentável – o que me parece uma calamidade só sugerida por alguém que acha que o mundo está sustentado por meias-verdades e por uma acomodação de discurso de conveniência, prova de sua amizade próxima e conceitual com Al Gore, por exemplo -, os índios parecem não ter mais espaço na realidade social. Chico Mendes que morreu há 25 anos atrás teria um desgosto profundo em enxergar a odiosa cor da bandeira que se pinta em defesa da natureza. (mais…)

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Humaitá em chamas! – sobre o atual conflito em curso e a posição do Estado brasileiro [Por favor, divulguem!]

Constituição 1988Por Djalma Nery

Neste exato instante, a cidade de Humaitá – AM, vive um intenso conflito. Como de costume, praticamente toda a informação a respeito desta situação disponível na internet e nos meios de comunicação não dão conta de sua complexidade e tampouco explicitam o pano de fundo e as motivações dos fatos que se desenrolam. Primeiro acompanhe uma breve cronologia dos fatos que levaram a conflagração de um conflito de imensas proporções:

http://racismoambiental.net.br/2013/12/am-violencia-anti-indigena-em-humaita-multidao-incendeia-funai-barcos-e-carros-e-indigenas-estao-abrigados-no-batalhao-do-exercito/

Nos últimos dias os Tenharim foram surpreendidos com a controversa morte de seu cacique Ivan Tenharim. Ele foi encontrado desacordado e ferido próximo à Transamazônica, foi levado ao hospital e não resistiu. As causas de sua morte ainda não foram averiguadas o que tem gerado profunda indignação entre os indígenas, já acostumados com o descaso do governo brasileiro em relação às suas questões. Após esta fatalidade, uma sucessão de fatos igualmente estranhos levaram a um conflito sem precedentes na cidade de Humaitá.

Correm rumores do desaparecimento, desde o dia 16.12.2013, de 03 homens no KM 123 no trecho da BR – Transamazônica, que atravessa a Terra Indígena Tenharim. Um servidor da FUNAI conversou com as lideranças indígenas repassando a eles o que estava acontecendo na cidade e as acusações que pesavam contra eles. Nas duas vezes os índios negaram qualquer envolvimento sobre os desaparecidos e ainda disseram que as aldeias estavam abertas para averiguação, buscas e investigação por parte da Policia Federal ou do Exercito.

A população saiu às ruas exigindo maior participação da PF para a busca e localização dos desaparecidos que, segundo eles, encontram-se na TI dos Tenharins. Porém, ao invés de um protesto legítimo, o que de fato está ocorrendo é um estado de terror, possivelmente financiado pelos madeireiros, uma vez que muitas vezes, órgãos como a FUNAI e FUNASA se colocam como empecilhos aos interesses escusos desses. (mais…)

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