“O discurso para a Rio+20 vende a ideia de que a solução de todos os problemas está na tecnologia, e não está”

Em junho, o Rio de Janeiro vai sediar a Rio+20, conferência que, segundo a ONU, pretende “renovar o compromisso político rumo ao desenvolvimento sustentável”. No entanto, o canadense Pat Mooney, diretor do ETC Group, ONG que monitora novas tecnologias, alerta que a Rio+20 corre o risco de legitimar o desenvolvimento de tecnologias que podem causar enormes impactos sociais, econômicos e ambientais se empregadas indiscriminadamente, incluindo a apropriação dos recursos naturais por grandes corporações e alterações de larga escala nos sistemas naturais da Terra. Mooney, que há 40 anos integra entidades da sociedade civil ligadas ao monitoramento do comércio mundial de alimentos, produtos agrícolas e minérios, fala sobre aquelas que, segundo ele, são as principais tecnologias discutidas nos preparativos da Rio+20: a biologia sintética, a nanotecnologia e a geoengenharia. Segundo ele, empresas como Shell e Syngenta investem pesado nelas, bem como governos de países como os EUA. A entrevista é de André Antunes para a Revista Poli de jan/fev de 2012 e reproduzida pelo sítio da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio – Fiocruz, 04-01-2012. Eis a entrevista.

Por que se acredita que essas tecnologias podem acabar com nossa dependência de recursos naturais e solucionar o problema climático?

A nanotecnologia permite a manipulação da matéria em escala nanométrica, ou seja, um bilionésimo de metro. Nessa escala, as características dos elementos químicos se alteram: sua condutividade elétrica, sua cor, a forma com que ele reage à pressão atmosférica, etc. Ela oferece a possibilidade de que seja usada muito menos matéria prima para produzir determinados produtos e acredita-se que com ela seja possível tornar determinadas commodities desnecessárias, sendo possível substituir uma por outra. Por exemplo, o giz que é usado nas escolas: manipulado na escala nanométrica, ele fica 100 vezes mais duro que o aço e mais leve. Então, acredita-se que algo barato como o giz poderá ter características que permitam que ele seja usado para construir prédios ou pontes. (mais…)

Ler Mais

Josué de Castro: Patrono de um mundo sem fome

por Natália Pesciotta

“Ele era a pessoa mais brilhante que já conheci”, dizia o antropólogo Darcy Ribeiro. O médico, professor e escritor pernambucano dedicou a vida a revelar e desmistificar a questão da fome, “assunto tabu coberto por mentiras”. Autoridade internacional no tema, colecionou admiradores como Darcy, Betinho, Câmara Cascudo e Jorge Amado.

O rapaz virou médico de uma grande fábrica no Recife, onde pairava um mistério: os funcionários adoeciam e ficavam impossibilitados de trabalhar, mas não se diagnosticava neles nenhuma doença conhecida. Depois de um tempo, o novo doutor desvendou a situação: “Sei o que meus clientes têm. Mas não posso curá-los porque sou médico e não diretor daqui. A doença dessa gente é fome”.

O episódio, no começo dos anos 1930, mudou para sempre a vida do jovem que gostava de poesia, lia Freud e pensava em ser psiquiatra. “Há dois caminhos diante de nós: o caminho do pão e o caminho da bomba atômica. É preciso escolher sem vacilação.” Não havia demagogia alguma na fala de Josué de Castro quando completava: “Eu simbolizo pelo caminho do pão”.

Talvez esta simples frase possa resumir a vida do médico pernambucano, que se especializou em nutrição quando o tema não era nem especialidade, e dedicou todos seus estudos e ações ao problema da fome – mesmo pagando um preço alto por isso. (mais…)

Ler Mais

Governo faz mega desapropriação em Belo Monte e revolta entidade

Agência Nacional de Energia Elétrica desapropria em três cidades do Pará área equivalente à metade do Distrito Federal. Para Movimento Xingu Vivo, que reúne 250 entidades de dentro e fora do Brasil contrárias à hidrelétrica, área é bem maior que plano original e afetará até 10 mil pessoas a mais. É a última desapropriação necessária à execução das obras, iniciadas em junho. A reportagem é de Najla Passos e publicada por Carta Maior, 04-01-2012.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) formalizou nesta terça-feira (3) a última desapropriação de terras para a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que será a terceira maior do mundo quando estiver pronta. E causou revolta num grupo de mais de 250 entidades nacionais e internacionais que são contra a obra e fazem propaganda de desmoralização dela e das autoridades brasileiras.

O Movimento Xingu Vivo, nome alusivo ao rio amazônico que hospedará a usina, contesta o tamanho da mega desapropriação – equivalente a 282 mil campos de futebol e à metade da área do Distrito Federal -, a falta de negociação prévia e o momento do ato da Aneel.

“Essa decisão envolve uma área gigantesca e afeta a vida de milhares de pessoas. E isso não estava previsto no projeto original. Mesmo assim, o governo toma essa decisão de forma anti-democrática, sem sequer ouvir a população afetada”, diz a coordenadora do movimento, Antônia Melo. “Nós fomos pegos desprevenidos. A decisão foi tomada em meio aos feriados de final de ano, quando as pessoas estão desmobilizadas. Não houve uma única audiência pública para discutir essa questão.” (mais…)

Ler Mais

No Chile, governo decide que currículos das escolas não usarão mais expressão ditadura militar

Falta de informação! Podiam ter pedido assessoria à Folha e trocado por “ditabranda militar”! TP.

Amanda Cieglinski*, Repórter da Agência Brasil

Brasília – O governo chileno decidiu alterar o currículo das escolas de ensino fundamental sobre os conteúdos relacionados à ditadura militar que o país viveu durante 17 anos. Agora, os alunos não aprenderão mais que o Chile passou por uma “ditadura militar”, mas por um “regime militar”. A mudança foi anunciada pelo novo ministro da Educação do Chile, Harald Beyer.

Segundo o ministro, em outras partes do mundo, se usa a definição mais geral que é regime militar e não ditadura. O novo texto do currículo indica que devem ser comparadas “as diferentes visões sobre a quebra da democracia no Chile, o regime militar e o processo de recuperação da democracia ao final do século 20, considerando os diferentes atores, experiências e pontos de vista”, disse Beyer.

O governo do general Augusto Pinochet, de1973 a 1990, foi um dos mais violentos da América Latina. O militar liderou o golpe de Estado que derrubou e assassinou o presidente socialista Salvador Allende. Pelos dados oficiais, foram 28 mil pessoas torturadas e outras 2.279 desaparecidas e mortas. As chamadas comissões da Verdade identificaram 180 crianças e adolescentes assassinados, além de 1.283 presos e torturados. (mais…)

Ler Mais

Santa Catarina adota sistema de defensoria dativa com advogados atuando em nome de pessoas de baixa renda

A síntese da matéria abaixo seria digna de riso, não fosse pelo desrespeito total não só à Constituição como, principalmente, à Lei Complementar4 132/2009, que regula especificamente a questão das Defensorias Públicas. Tentar mostrar como vantagem o sistema inteiramente equivocado existente em São Paulo, que nos levou a uma grande mobilização no final de 2011 e com certeza exigirá outra em março próximo, é de um cinismo cruel. O que está acontecendo em São Paulo, que tem a melhor DP do País, é exatamente uma tentativa de enfraquecê-la, contando para isso com a ganância da OAB local, que até agora vem sendo a “fornecedora” dos advogados dativos para os municípios onde a DP ainda não conseguiu se instalar no estado, por falta de pessoal. Por lei, o Defensor Público tem que ser concursado, o que tem por objetivo garantir não só sua capacidade profissional como (tão importante quanto) sua isenção e liberdade de atuação, exercendo seu ofício sem favores e compadrios, como infelizmente ainda acontece em muitos estados, onde os governadores continuam a indicar @s DPs. Agora, defender a defensoria dativa dada a sua “eficiência” já é escarnecer da nossa inteligência! Qual será o QI (de “quem indica”, claro!) dessas pessoas, a Gerente esqueceu de dizer… TP.

Da Agência Brasil

Brasília – Único estado do país sem legislação específica para instalação de Defensoria Pública própria, Santa Catarina defende o modelo de defensoria dativa, adotado atualmente, e sinaliza que não haverá mudanças em um futuro próximo. A criação de defensorias públicas nos estados é uma determinação da Constituição Federal de 1988, mas o governo catarinense explica que adota um modelo diferente devido à maior eficiência alcançada com o modelo dativo.

Na defensoria dativa, advogados privados que atuam em nome de pessoas sem renda são reembolsados pelo estado. De acordo com a gerente da Defensoria Dativa da Secretaria da Justiça e Cidadania do estado, Flavia Pimentel, em Santa Catarina há um defensor dativo para cada 1.058 pessoas, enquanto nos estados com o modelo tradicional a relação é de um defensor público para cada 32 mil pessoas. (mais…)

Ler Mais

Atenção: A Vale está em penúltimo lugar! Vamos ajudá-la a vencer!

Tania Pacheco

Ainda não enlouqueci, juro! Acontece que já começou a votação para a Pior Empresa de 2012. Acontece também que as indicadas para e eleição deste ano são seis: Barclays (Reino Unido), Freeport McMoRan (EUA), Samsung (Coréia), Tepco (Japão), Syngenta (Suíça) e a brasileira Vale. E acontece, finalmente, que a Vale está em penúltimo lugar até este instante, com apenas 175 votos (já contado o meu)! Uma grande injustiça, convenhamos!

Para mudar esta triste realidade e honrar a indicação feita por Justiça nos Trilhos, com o apoio de Amazon Watch e International Rivers, basta clicar AQUI. Vamos votar na Vale! (mais…)

Ler Mais

Especialistas em direitos humanos vão intermediar diálogo de moradores de comunidades pacificadas com as UPPs

Isabela Vieira, Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – As comunidades com unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na capital fluminense vão contar a partir da próxima segunda-feira (9) com o apoio de especialistas da área de ciências sociais e direitos humanos, que terão a missão de ouvir os moradores e levar suas reclamações e sugestões aos comandantes das UPPs, facilitando o diálogo com a Polícia Militar.

De acordo com o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves, que coordena o programa Gestor Social Territórios da Paz, a ideia oferecer instrumentos de controle social e dar transparência as ações da segurança pública nas comunidades pacificadas, contribuindo para a mediação de conflitos e na identificação de violação de direitos humanos.

Atuarão de forma permanente no programa cerca de 50 profissionais selecionados, em 2011, por meio de edital público. A coordenação é de Daniel Misse, mestre em ciências jurídicas e sociais e superintendente de Territórios da secretaria. Desde o ano passado, Misse promove debates e seminários para discutir com representantes das comunidades as políticas públicas necessárias para as regiões pacificadas. (mais…)

Ler Mais

Tecnologia Terminator em cultivos agrícolas e árvores transgênicos: uma ameaça a soberania alimentar

Julian Perez-Cassarino e Larissa Packer*

“Eu venho de uma família que tem a semente como uma coisa sagrada. No tempo do meu pai, os vizinhos dormiam tranqüilo pois sabiam que meu pai tinha semente garantida para o plantio”. (Agricultor familiar – Paraíba)

As sementes são o maior patrimônio dos agricultores. São a base para a produção agrícola, portanto para a alimentação de qualquer nação. Durante dez mil anos, comunidades de agricultores, indígenas e povos tradicionais melhoraram e multiplicaram suas sementes livremente, fazendo da troca de sementes um momento de união e partilha entre povos e nações.

Não é por outro motivo que tratados internacionais como Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para Alimentação e Agricultura -TIRFAA (art. 5, 6 e 9), e a Convenção da Diversidade Biológica – CDB (art. 10, c e 8, j) protegem e incentivam o empoderamento das práticas comuns como armazenamento, troca, venda e melhoramento de sementes on farm (nas unidades produtivas) pelos agricultores, fundamentais à conservação da biodiversidade e da agrobiodiversidade dos países.

Somente nos últimos 40-50 anos é que as sementes se tornaram um grande negócio, pequenas mudanças feitas pelas multinacionais podem ser patenteadas e as sementes, que sempre foram de livre intercâmbio, passaram a ser privatizadas e passaram das mãos dos agricultores, portanto dos cidadãos de cada país, para as mãos das grandes empresas. (mais…)

Ler Mais

Não há soberania alimentar sem biodiversidade

As monoculturas em larga escala para a produção de alimentos foram sendo introduzidas, acompanhadas pelos ´pacotes tecnológicos´ da ´revolução verde´ que, ao longo dos anos, têm envenenado e empobrecido a biodiversidade. Isso tem afetado em especial as mulheres, por elas, em muitas comunidades ao redor do mundo, serem as principais responsáveis para cuidar da saúde, do abastecimento de água e da produção de alimentos, atividades muito atreladas à conservação da biodiversidade.

Enquanto muito da diversidade foi perdida, foram introduzidas e avançaram monoculturas geneticamente modificadas, como a soja, milho, eucalipto, etc., aprofundando os impactos sobre a biodiversidade. Nas suas definições, organismos oficiais, como a FAO, apoiam e fortalecem o modelo monocultural, chamando, por exemplo, uma monocultura de eucalipto transgênica de ´floresta´ e, com isso, desconsiderando por completo, a biodiversidade imensa de uma verdadeira floresta.

O modelo monocultural em larga escala tem sempre alegado a sua suposta ´produtividade´ que, no entanto, não conseguiu evitar que cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo continuem passando fome. Vale esclarecer que essa ´produtividade´ está sendo contestada seriamente, inclusive pela ciência. O mais longo estudo nos Estados Unidos sobre o assunto comprovou que a agricultura sem insumos químicos é muito superior ao modelo convencional em termos de colheita e viabilidade (1). E mais: é fato que os camponeses, mesmo com todas as pressões vividas, continuam responsáveis pela produção da maior parte da comida consumida pela população mundial. (mais…)

Ler Mais

Diamante Interno: O Despertar da Consciência

Por Eliane Potiguara*

Toda a Humanidade em sua maioria e no seu mais profundo momento íntimo busca o despertar da consciência humana. Nos seus momentos de silêncio e reflexão, por mais alienada que seja, a sociedade certamente busca o resgate de algo que se perdeu no nosso passado histórico. Há milhões e milhões de anos, seres humanos buscam dignidade de vida enfrentando poderes, não só ocultos, mas poderes culturais e sócio-econômicos. Não quero entrar na discussão do porquê de tudo isso, porque entraria em filosofias, correntes, divergências, processos históricos, etc. Quero apenas enfatizar que o ser humano é um eterno buscador. Ele busca a alegria, a felicidade, a paz, melhores condições de vida para si e seus semelhantes.

A maneira que a humanidade encontrou para resistir às adversidades da vida e encontrar as respostas para aquilo que perdeu ou esqueceu é através da religiosidade, da espiritualidade, da concentração e dos estudos, na busca do conhecimento contra a ignorância imposta, subliminarmente forjada pelo Poder. Nesse sentido, aquele que procura, depara-se com o fenômeno do despertar da consciência. (mais…)

Ler Mais