MPF move 20 ações contra hidrelétricas em Mato Grosso

Juiz Wilson Witzel e cocarSó Notícias

Os descumprimentos de legislações e acordos internacionais estão na lista dos argumentos das cerca de 20 Ações Civis Públicas movidas atualmente pelo Ministério Público Federal (MPF) de Mato Grosso contra a construção de hidrelétricas nos rios que cortam o Estado. Nos processos, o empreendedor e o governo federal são tratados como réus pela Procuradoria da República. “As hidrelétricas estão entre as maiores ameaças ao meio ambiente e aos povos da floresta. Quilombolas, ribeirinhos, indígenas que são invisíveis aos olhos dos empreendedores e do Estado”, endurece o Procurador da República Felipe Bogado, ressaltando que as usinas menores (PCHs) apresentam problemas semelhantes.

São questões como conflito de competências entre os órgãos ambientais e a interpretação de leis, tanto para licenciar os empreendimentos quanto os tipos de estudos necessários para viabilização determinadas usinas; não realização de consulta às populações tradicionais afetadas (determinada pela convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e incorporada à legislação brasileira em 2004); ausência de consulta aos órgãos ambientais dos empreendimentos próximos à Unidades de Conservação, como casos das usinas Teles Pires e São Manoel.

“As pessoas, às vezes, acham que é terrorismo e idealismo do MP, mas você vai analisar e vê as irregularidades”, afirma Bogado, lamentando, no entanto, que após vitórias nas primeiras instâncias, as liminares de suspensão das obras são “derrubadas” politicamente. “O presidente do Tribunal (TRF 1ª Região) cassa a liminar proferida sob a justificativa de a ação atrasar o planejamento energético do Brasil”. (mais…)

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O fio que dá sentido à vida, por Maria Rita Kehl

Os índios guaranis-kaiowás vigiam pequena aldeia próxima à cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul. Foto: Vicent Carelli
Os índios Guarani-Kaiowá vigiam pequena aldeia ameaçada próxima a Dourados, no MS. Foto: Vicent Carelli

Folha/UOL

Damiana agradeceu o modesto socorro que lhe oferecemos e se afastou com a família. É uma mulher miúda, como seus parentes guaranis-kaiowás. No momento, lidera o que restou de sua aldeia: a filha dela, dois adolescentes de idade indefinida e três crianças, além do cachorrinho que só percebi porque ganiu quando alguém pisou nele, no escuro.

O menino de oito anos segurava uma lança um pouco mais alta que ele; o adolescente maior, uma borduna. Será este talvez todo o arsenal de guerra que ainda possuem. Devem saber que as armas não teriam serventia para enfrentar um pistoleiro. Muito menos um bando. Vulneráveis desse jeito -e ainda resistentes. Até o fim. Que convicção sustenta a valentia deles? (mais…)

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