A quem interessa a radicalização?

Os povos do mundo inteiro estão insatisfeitos com a falta de sentido de uma sociedade conduzida pela ganância e pelo hedonismo. Nesse clima de angústia de muitos e da ansiedade geral, todos os pretextos servem para a explosão das ruas: uma árvore na Turquia e o aumento de vinte centavos nos transportes públicos no Brasil. Convocados pela internet, os manifestantes se reúnem, aos milhares. Cada um deles tem a sua árvore, a sua passagem de ônibus, as suas frustrações pessoais.

Que muitos jovens, ricos ou pobres, se deixem levar pelo entusiasmo e não controlem seus próprios impulsos, podemos entender. Mas não se pode aceitar que a isso fossem levados pelos noticiários de televisão, como qualquer pessoa com o mínimo de neurônios ativos podia claramente perceber. Ou incitados por um programa de televisão, cuja apresentadora ensinava a redigir cartazes “contra a corrupção”. Com tais estímulos, foi impossível que os mais sensatos deles impedissem o início de depredação do Itamaraty e o apedrejamento da Catedral de Brasília. Fatos como esses também ocorreram em outras cidades brasileiras, entre elas São Paulo e Rio. Só diante da força policial, parcelas enfurecidas de manifestantes se renderam.

A quem interessa a radicalização? Não interessa ao povo trabalhador deste país, que está conseguindo, pouco a pouco, cobrar da sociedade o que é de seu direito: educação, respeito social e empregos. E, como é a esperança, e não o desespero, que faz as revoluções, seria natural que o povo exigisse mais, em busca de sua plena emancipação histórica.  (mais…)

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Ministério Público do Rio vai apurar ação da polícia durante protestos

Da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O Ministério Público do Rio de Janeiro vai investigar a atuação da Polícia Militar durante as manifestações ocorridas nos últimos dias na cidade. A 2° Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania instaurou um inquérito civil ontem (21) para apurar o eventual excesso por parte de policiais militares e do Batalhão de Choque, como abuso de poder e uso de spray de pimenta, gás lacrimogêneo e balas de borracha, em protesto nas imediações do Estádio do Maracanã, no último dia 16.

O MPRJ informou que os comandantes dos batalhões responsáveis pela segurança no dia do jogo no Maracanã vão ser convocados a comparecerem a uma reunião nos próximos dias. O objetivo do encontro é esclarecer como são planejados e executados os planos de ação para acompanhamento e controle de manifestações populares.

“Temos por base o confronto entre manifestantes e policiais do Batalhão de Choque no último domingo (16), no Maracanã, [na zona norte]. Nós instauramos um inquérito acerca de possíveis atos de abuso de poder para englobar todos os fatos. Nós entramos em contato com a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] e a Comissão de Direitos Humanos da Alerj [Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro]. É muito difícil investigar um caso, porque temos que filtrar as informações de policiais e manifestantes. Desde então, um inquérito sobre o procedimento foi instaurado na 2° Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania”, disse o promotor Paulo Roberto Melo Cunha. (mais…)

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Comissão da Verdade de São Paulo recebe relatos de psicólogos sobre a ditadura militar

Elaine Patricia Cruz, Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A Comissão Estadual da Verdade de São Paulo recebeu ontem (21), do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, uma série de relatos de psicólogos que, de alguma forma, foram vítimas de violência durante a ditadura militar (1964-1985) no país.

A coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, Maria Orlene Daré, informou que 27 psicólogos paulistas contaram como a ditadura militar os atingiu. Os depoimentos fazem do projeto Psicologia e Direito à Memória e à Verdade, trabalho que começou a ser desenvolvido pelo conselho em setembro do ano passado. Maria Orlene disse que a  intenção é contribuir com o momento político atual e com as comissões Nacional e Estadual da Verdade, buscando dados e informações que possam ajudar a esclarecer todas as violações ocorridas naquele período.

À Comissão da Verdade, o conselho entregou uma pasta contendo os 27 depoimentos por escrito e CDs com vídeos dos relatos, de documentos e das atividades e oficinas que foram desenvolvidas durante o trabalho.

Segundo a presidenta do Conselho Regional de Psicologia, Maria de Fátima Nassif, os relatos reúnem histórias de pessoas que sofreram diretamente com a ditadura militar ou que a viveram por serem irmãos, filhos ou parentes de presos e torturados no período e também de profissionais que trabalharam com vítimas do regime. “O dossiê é muito variado, assim como o nível de implicação. Mas todos os depoimentos demonstram, de forma bastante forte, a amplitude desse mal.” (mais…)

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Manifestantes voltam ao Congresso Nacional para protocolar reivindicações

Iolando Lourenço, Repórter da Agência Brasil

Brasília – Uma pauta de 13 reivindicações foi protocolada ontem (21) no Congresso Nacional por sete pessoas que participaram da manifestação da última quinta-feira (20) em frente ao Parlamento. O documento foi apresentado nos protocolos do Senado, da Câmara e da Comissão de Legislação Participativa.

Na Câmara, os manifestantes foram recebidos pelo diretor-geral da Casa, Sérgio Sampaio, a quem entregaram o documento com as reivindicações. Os jovens informaram que decidiram apresentar uma pauta comum para dar foco único às reivindicações.

Entre os pleitos dos manifestantes, estão a rejeição da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, que tira poder de investigação do Ministério público, a aprovação da PEC que prevê o fim do voto secreto, mais investimentos para a saúde, a educação e a segurança pública, além da criação de comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar possível superfaturamento das obras da Copa.

Outras reivindicações são o fim do foro privilegiado para algumas categorias, veto ao projeto do Ato Médico e melhorias no transporte público.

Edição: Nádia Franco

Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.

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Quem são os Vândalos e os violentos?, por Gilvander Luís Moreira

Por Gilvander Luís Moreira[1]

Nos primeiros dias dos justos e necessários protestos na capital de São Paulo, do Movimento Passe Livre, a TV Globo e a mídia em geral estavam chamando todos os manifestantes de vândalos e arruaceiros, atitude criminalizadora.

Quando as manifestações se espalharam pelo país, a mídia começou a fazer uma distinção: “O movimento é pacífico, mas tem uns vândalos no meio que promovem quebradeira”. Provavelmente, os donos do poder midiático, principal “partido” no Brasil, querem conduzir as massas e reduzir as manifestações somente a “paz e amor”, o que não estremecerá o status quo podre do sistema capitalista, ora vigente no Brasil. É hora de resgatarmos a história e fazermos algumas reflexões.

Quem eram os Povos Vândalos? “Os Vândalos eram um povo germânico oriental que penetrou no Império Romano durante o século V e criou um estado no norte da África ocupando a cidade de Cartago, antiga cidade fenícia que fora ocupada pelos romanos desde o fim das Guerras Púnicas. A localização de Cartago às margens do Mediterrâneo era estratégica para os Vândalos. Ali centralizaram seu Estado, e logo após se estabelecerem, saquearam Roma no ano de 455.”[2]

“Ao longo da marcha para o oeste, os Vândalos atingiram a margem do Danúbio e alcançaram o rio Reno, onde entraram em combate com os francos. Aproximadamente vinte mil vândalos morreram no choque entre esses dois povos, sendo que os francos só foram derrotados quando os alanos entraram no combate para auxiliar os vândalos. Em ações ousadas, os Vândalos saquearam Roma durante duas semanas no ano de 455 e foram capazes de resistir ainda a uma frota enviada pelo Império Romano para combatê-los.”[3] (mais…)

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Com partido! Não dá pra eleger presidente por enquete do Facebook (Imperdível! Para ler e refletir…)

Manifestantes na avenida Paulista na noite desta quinta-feiraCom o fim dos partidos, as políticas públicas, serão debatidas onde, no Instagram? E depois de derrubarmos a Dilma, vamos escolher o próximo presidente por enquete do Facebook?

Por Lino Bocchini, em CartaCapital

Um senhor de seus 70 anos tentava caminhar pela avenida Paulista com uma bandeira vermelha do PCO na noite desta quinta-feira. Era hostilizado o tempo todo: “Sem Partido!” era o básico. O grito era direcionado a todos com qualquer bandeira ou camiseta de partido político. Sempre gritado em coro, e de forma pausada –“Sem par-ti-dooo!!”. Mais um pouco e um de grupo recém-saídos da adolescência começa a urrar em sua orelha, bem próximo, em uníssono: “O-por-tu-nis-taaa! O-por-tu-nis-taaa!”. O militante veterano teve mais sorte do que muitos outros que tiveram as bandeiras arrancadas de suas mãos e queimadas. “Só pode bandeira do Brasil!” foi a ordem determinada aos berros e que ecoou não apenas em São Paulo, mas em muitas outras cidades do país.

É surreal. E assustador. Achei que democracia fosse outra coisa. Esses garotos só podem protestar livremente agora justamente porque esse mesmo senhor, dentre tantos outros, foram às ruas dezenas de vezes, ajudando a restabelecer a democracia em nosso país. E fizeram isso muito antes desses garotos que o xingam nascerem. Milhares de pessoas foram torturadas e outros tantos morreram para garantir a liberdade de expressão desses que agora querem proibir os outros de se expressar.

E não pode bandeira de nada. Até as do movimento LGBT foram coibidas. Afinal, lembre-se, a regra do exército de patrioteens é clara: “só pode bandeira do Brasil”. Afinal o vermelho poderia macular a micareta da juventude da TFP que ocupou a avenida Paulista –e tantas outras Brasil afora– nesta quinta. (mais…)

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