Agricultores, movimentos sociais e pesquisadores se reúnem para lançar documento e construir um novo rumo para a produção de alimentos.
Viviane Tavares
Adilson é um pequeno agricultor de Sergipe que convive com uma realidade de outros tantos nordestinos. Embora não use agrotóxico em sua plantação, sofre com os latifúndios vizinhos que inserem em sua rotina a utilização do mesmo, inclusive por meio de pulverização aérea, o que resulta na poluição dos rios, da terra, do ar e desenvolve mutações de pragas. Embora não use o veneno, a água, o ar e a plantação contaminada agora também serão compartilhados e afetarão o sertanejo.
De acordo com ele, além desta convivência, o governo ainda incentiva o uso de agrotóxicos, com a oferta de crédito agrícola apenas para quem adquire esses venenos. “Todo povo do sertão hoje está sofrendo com o agrotóxico utilizado pelo vizinho. Ainda tem uma propaganda imensa e muito bonita para o agricultor usar o veneno que já vem com projetos do governo. Você é obrigado a comprar com os créditos do governo o veneno para botar na sua terra”, disse.
De norte a sul do país , o maior consumidor de agrotóxico do mundo, o drama é o mesmo. Para chamar atenção ao tema foi realizado o debate Impactos dos Agrotóxicos na Saúde e no Meio Ambiente no dia 16 de junho no Espaço Saúde, Ambiente e Sustentabilidade, na Cúpula dos Povos. Na ocasião também foi lançado a segunda parte do dossiê da ABRASCO – que tem como tema Agrotóxico, Saúde e Sustentabilidade. A primeira parte do documento foi apresentada em maio deste ano, durante o Congresso Mundial de Nutrição, e, em novembro, será lançada a parte final, no Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. (mais…)