Convocatória: Esforço final para dar a vitória à Vale no concurso de pior empresa do mundo

No início de janeiro, a Vale foi indicada ao prêmio de pior corporação do mundo no Public Eye Award, que todos os anos elege, por voto popular no mundo todo, a empresa com os maiores problemas sociais e ambientais do planeta.

Do penúltimo lugar na primeira semana do concurso, a Vale passou ao segundo nos últimos dias, e tem todas as chances de ganhar.

Para as milhares de pessoas que sofrem com os desmandos desta multinacional brasileira, que foram desalojadas, perderam casas e terras, que tiveram amigos e parentes mortos, que sofreram perseguição política, que foram ameaçadas por capangas e pistoleiros, que ficaram doentes, tiveram filhos e filhas explorados/as, foram demitidas, sofrem com péssimas condições de trabalho e remuneração, e tantos outros impactos, conceder à Vale o título de pior corporação do mundo é muito mais que vencer um prêmio. É a chance de expor aos olhos do planeta seus sofrimentos, e trazer centenas de novos atores e forças para a luta pelos seus direitos e contra os crimes cometidos pela empresa.

Por isso, vale que façamos um grande esforço coletivo para levar a Vale ao pedestal da vergonha corporativa durante um dos maiores eventos do capital mundial, o Fórum Econômico de Davos, onde a vencedora do Public Eye será anunciada.

Temos só três dias, até 26 de janeiro, para levar a Vale à vitória. Vamos votar e divulgar, http://www.publiceye.ch/en/vote/vale/ (clicar no ícone “Vote Now”).

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Nota da Aty Guasu à imprensa – aos dois meses do ataque ao Guarani

O objetivo desta nota das lideranças da Grande Assembleia Guarani e Kaiowá Aty Guasu é explicitar em detalhe e socializar a história e trajetória de vida do rezador ñanderu Nisio Gomes.

Nossa iniciativa tem o sentido de reafirmar a grande honradez e dignidade de uma autoridade religiosa e espiritual de nosso povo, que vem sendo atacada de forma leviana ao longo das investigações sobre o ataque sofrido pelo grupo de Nísio, no Tekoha Guaiviry, em 18/11/11.

Assim, destacamos que, ao longo das últimas três décadas, na condição de rezador e protetor do território, vida e cultura sagrada guarani e kaiowá, Nisio Gomes participou de todas as grandes assembleias Aty Guasu, coordenando nossos rituais religiosos. Por essa razão, ele é bem conhecido tanto pelas autoridades federais como pelas lideranças guarani e kaiowá de todas as aldeias do Cone Sul-MS.

A família extensa de Nisio Gomes é originária do território tekoha guasu Guaiviry. Ele nasceu no tekoha Guaiviry, casou-se com a também rezadora Odúlia Mendes, já falecida. Casado, foi expulso do Guaiviry em meados da década de 1970. Nisio tem dois filhos, duas filhas e vários netos(as). Analfabeto, Nísio tampouco sabia falar bem o português, entendia com dificuldade a língua portuguesa. No último ano, ele se sentia doente, portanto tomava remédios caseiros diversos. Não comia as comidas salgadas e nem doces. (mais…)

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Odebrecht compra mais 10% de Santo Antônio

Josette Goulart

O grupo Odebrecht, aos poucos, está se tornando uma grande empresa geradora de energia, deixando de ser apenas uma construtora do setor. A empresa de energia do grupo já detém contratos para erguer um parque gerador com capacidade instalada de 1.600 MW no Brasil e no Peru, com investimentos totais estimados a serem garantidos pela empresa superiores a R$ 5 bilhões.

A mais recente aquisição do conglomerado foi uma participação de 10% na sociedade dona da usina hidrelétrica de Santo Antônio, que estava na carteira do Fundo de Investimento em Participações (FIP) Amazônia Energia, conforme adiantou a edição do Valor Online de sexta-feira. Com isso, a empresa passa a deter 28,6% do capital da usina que está sendo construída no Rio Madeira com investimentos da ordem de R$ 13 bilhões.

O crescimento da área de geração está mais lento do que planejava a empresa, que tinha intenções de ser investidora em projetos como Belo Monte e hoje atua apenas na construção da usina. Por isso mesmo, a companhia passou a diversificar sua atuação. A dificuldade em vencer leilões de hidrelétricas no Brasil a levou para o investimento em eólicas. No ano passado, vendeu energia no leilão de reserva para construir parques no Rio Grande do Sul de 116 MW e ainda comprou o complexo Aracati, no Ceará, com capacidade de 240 MW. (mais…)

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“É preciso mais negros na universidade para ampliar seu espaço social”

Professora da PUC-SP, defende ações afirmativas, afirma que Brasil tem racismo historicamente instaurado e diz que livros didáticos deveriam ter avisos sobre “deformações da vida social e política”

Psicóloga e escritora, Fúlvia Rosemberg é uma das maiores autoridades do País nos estudos sobre ações afirmativas e educação infantil. Pesquisadora sênior da Fundação Carlos Chagas (FCC) e professora titular em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ela também é coordenadora do Programa Internacional de Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford no Brasil. É dessa última atividade que ela fala com prazer em um dos trechos desta entrevista, ao citar o exemplo de Maria das Dores Oliveira Pankararu, que se tornou a primeira indígena brasileira a concluir um doutorado.

Está no âmbito das ações afirmativas o maior foco de atuação da professora, que iniciou seu trabalho voltado para questões da infância e da literatura infanto-juvenil — é uma crítica do sexismo nas obras do gênero e não poupa o trabalho de Monteiro Lobato. “Expressões como ‘macaca’, que ele usava nos textos para se referir a Tia Nastácia, por exemplo, não seriam jamais aceitas hoje em dia.” (mais…)

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Aracy Tupinambá fala sobre mulheres indígenas na mídia brasileira

Aracy Tupinambá

Aracy Tupinambá (Renata Machado S. Rodrigues), do Povo indígena Tupinambá, nasceu em Niterói-RJ, em 25/07/1989. Graduanda em Comunicação Social pela UNESA, com previsão de fim de curso em 2012 e cursando Roteiro Cinematográfico no Instituto Brasileiro do Audiovisual Escola de Cinema Darcy Ribeiro

Cinemaartes: Como a mídia (TV, cinema, novelas, comerciais) trata e retrata a mulher indígena?

Aracy Tupinambá: Os povos originários começaram a ser retratados e representados nas telas do cinema e da televisão tendo como base a literatura indianista que resgata elementos etnocêntricos cristalizados no imaginário de grande parte da população brasileira. Obras da literatura de José de Alencar e outros. Para entender como a mídia, a televisão e o cinema retratam a mulher indígena, é preciso compreender como retratam o “ser indígena”, não diferente do que muitos ainda aprendem nas escolas. Faço parte da gestão de um Projeto chamado Índio Educa, voltado para alunos e professores do ensino médio e fundamental, no auxílio da História das Culturas Indígenas, junto com outros jovens: Marina Terena, Alex Makuxi, Micheli Kaiowá, Sabrina Taurepang e Amaré Krahô Canela. A gente sabe que começa na escola essa visão preconceituosa que muitos ainda possuem sobre o que é ser indígena, e reproduzem em seus trabalhos. A imagem romântica do “bom selvagem” e do “mau selvagem”. (mais…)

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Pelo menos cinco mulheres são assassinadas todos os meses no Distrito Federal

Mais da metade das vítimas são mortas pelos próprios companheiros

Mara Puljiz e Ana Pompeu*

Pelo menos cinco mulheres são mortas por mês no Distrito Federal vítimas de violência doméstica, assaltos, brigas e dívidas com drogas. A maioria tinha entre 18 e 24 anos e morreu em regiões administrativas afastadas do Plano Piloto. Em 2011, Recanto das Emas, Planaltina, Ceilândia, Samambaia e Taguatinga registraram, no total, 21 assassinatos de pessoas do sexo feminino — 38% dos 54 registrados pela Polícia Civil entre janeiro e outubro. Em 2010, dos 62 crimes, 34 (54%) tiveram como autores os próprios companheiros. Os dados são do Departamento de Estatística e Planejamento Operacional (Depo) da Polícia Civil.

As mortes ocorrem mesmo diante do aumento do número de denúncias sobre violência contra a mulher no DF. Segundo Maria Lúcia Leal, coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Tráfico de Pessoas, Violência, Exploração Sexual de Mulheres, Crianças e Adolescentes (Violes), ligado à Universidade de Brasília, isso ocorre porque as políticas de proteção não crescem na mesma proporção que os pedidos de socorro das vítimas. “Não funcionam a tempo de desconstruir a violência. O Estado precisa ser mais eficaz. E a Justiça tem de responsabilizar imediatamente o agressor, o que não ocorre. Hoje em dia, um processo demora tanto para ser constituído que, neste período, aumenta a raiva do agressor. A punição precisa ser mais imediata”, ressalta, acrescentando, porém, que o mais importante é a prevenção. (mais…)

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Políticos e fazendeiros respondem na Justiça por homicídio de indígenas

Denúncia do MPF é aceita e seis réus respondem por duplo homicídio e ocultação de cadáveres

O processo em que o Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF/MS) acusa seis pessoas pelo envolvimento no ataque à comunidade indígena Ypo’i (Paranhos, sul do estado) e a morte dos professores indígenas Jenivaldo Vera e Rolindo Vera, foi aceito pela Justiça. Agora, os denunciados são, formalmente, réus em processo penal e vão responder por homicídio qualificado – sem possibilidade de defesa da vítima -, ocultação dos cadáveres, disparo de arma de fogo e lesão corporal contra idoso. Para a Justiça, a denúncia do MPF reúne provas de materialidade do crime e indícios de autoria.

Os réus são Fermino Aurélio Escolbar Filho, Rui Evaldo Nunes Escobar e Evaldo Luís Nunes Escobar – filhos do proprietário da Fazenda São Luís -, Moacir João Macedo – vereador e presidente do Sindicato Rural de Paranhos-, Antônio Pereira – comerciante da região -, e Joanelse Tavares Pinheiro – ex-candidato a prefeito de Paranhos.

O MPF também requisitou abertura de novo inquérito na Polícia Federal de Ponta Porã para investigação da participação de outras pessoas nos crimes, além de indícios de utilização de veículo oficial da Prefeitura de Paranhos no deslocamento do grupo que atacou os indígenas. Este novo inquérito ainda não foi finalizado. (mais…)

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BA – Desenvolvimento de povos e comunidades tradicionais é o foco de cooperação internacional

Com o objetivo de identificar e desenvolver as potencialidades socioeconômicas dos povos e comunidades tradicionais na Bahia, a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), por meio do projeto de cooperação internacional, realizarão um amplo diagnóstico da produção e das redes de comercialização, incluindo o desenvolvimento de mapa de potencialidade e dados socioeconômicos. Serão investidos R$ 540 mil. Os estudos vão subsidiar a Sedes na implementação de diversos programas.

“Investir em conhecimento quanto às realidades dessas populações é a busca pela qualidade na aplicação dos recursos públicos por meio dos programas e projetos públicos”, destacou o secretário Carlos Brasileiro. Ele ressaltou que o projeto pretende proporcionar o aprimoramento de políticas e ações públicas de promoção do desenvolvimento social e combate à pobreza, buscando alcançar os grupos mais vulneráveis, além de empoderar povos e comunidades tradicionais para a afirmação de sua cultura e o exercício de sua cidadania. A Sedes, segundo Brasileiro, está aperfeiçoando a política de atenção aos povos e comunidades tradicionais com programas e projetos de proteção social, segurança alimentar e nutricional e inclusão socioprodutiva. (mais…)

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Agostinho Manduca Mateus Muru Inu

Eu sou Kaxinawa e na minha língua sou Huni Kui que quer dizer Gente Verdadeira. Meu nome é Agostinho Manduca Mateus Kaxinawá, registrado no meu documento. Mas meu nome mesmo é Agostinho Manduca Mateus Muru Inu. Muru é meu nome indígena e Inu é o partido do povo a que pertenço. Os Huni Kui tem dois partidos: Inu e Dua. Inu quer dizer onça, povo da onça. Nasci em 1944, no Rio Tarauacá, no seringal Seretama.

Meu pai nasceu nas cabeceiras do rio Envira e minha mãe nas cabeceiras do rio Jordão, que é hoje o nosso rio Yuraiá. Era nesses lugares que meu povo vivia quando os caucheiros peruanos invadiram nossas terras.

Os seringalistas, que também foram outros invasores das nossas terras, vinham de vários estados do Brasil. Nesse tempo houve muita correria. Meu povo espalhou-se pelos vários rios do Acre. Muitos morreram em tiroteios e outros muitos de doenças. Com o passar dos tempos, fomos perdendo a memória da nossa cultura, bolando de um seringal para outro.

Até chegar no rio Envira. Quando eu era ainda mais novo, eu não tinha nenhuma memória das histórias do meu povo. O que eu sabia eram algumas cantigas de cipó que meu pai cantava. Quando cheguei no Envira foi que, pela primeira vez, vi festas katxanawa, txiri, bunawa e nixpu pima. Ali, os meus parentes ainda moravam todos juntos, como no tempo do shubuã (casa tradicional dos Huni Kui). Foi ali que tive contato pela primeira vez com as festas do meu povo, com a minha história. Isso foi no ano de 1963. (mais…)

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