“Quando mudamos o ‘EU’ para o ‘NÓS’, caminhamos”, afirma Aleida Guevara

10620876_953942127954108_1914126246_nPor Comunicação Via Campesina
Da Página do MST

Uma mulher cubana e comunista, de andar tranquilo e olhar utópico. Aleida Guevara, filha de Ernesto “Che” Guevara, que seguiu a mesma formação médica de seu pai tornando-se pediatra, esteve presente no 14° Acampamento Latino-americano da Juventude da CLoc-Via Campesina.

Em sua fala para a juventude latino-americana, Aleida apontou os desafios da juventude no processo de luta de classes e disse apostar nesta como peça chave para o fortalecimento dos processos revolucionários na América Latina.

Ela ressaltou também a necessidade da unidade latino-americana entre os povos, movimentos e organizações sociais.

“Revolução é precisamente isto: mudar o que pode ser mudado. E, nesse sentido, é necessário a força. E esta só pode vir da unidade. Portanto, esqueça o “EU”. Temos que trabalhar no “NÓS”. O que queremos? O que vamos fazer? O que aspiramos ter?”, ressaltou.

A seguir, a íntegra da entrevista concedida à equipe de comunicação do 14° acampamento. (mais…)

Ler Mais

Estupros e outros crimes na Medicina da USP começam a ser investigados

A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais da Assembleia Legislativa discute as denúncias de violações de direitos humanos na FMUSP
A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais da Assembleia Legislativa discute as denúncias de violações de direitos humanos na FMUSP

Após as denúncias, a USP criou uma comissão para apurar os casos de abusos sexuais, estupros e trotes violentos ocorridos na Faculdade de Medicina

CartaCapital

A Polícia Civil de São Paulo indiciou um homem acusado de estuprar uma estudante da Faculdade de Medicina da USP em 2011. O caso foi denunciado recentemente na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e motivou novas denúncias e a proibição de festas no campus.

O suspeito não teve a identidade revelada e continua em liberdade. Ele era funcionário terceirizado da USP e participava da festa Carecas no Bosque, organizada por estudantes do Associação Atlética da faculdade. A vítima dormia em um local batizado pelos alunos de “cafofo”, após ter ingerido grande quantidade de bebida alcoólica na festa.

Segundo testemunhas, o rapaz ofereceu dinheiro para os seguranças do evento para que pudesse entrar no “quarto”. Como havia bebido, a estudante não viu a cena. Ela acordou em um hospital, levada por colegas, e foi avisada por um amigo do abuso sofrido. Após as denúncias, a USP criou uma comissão para apurar os casos de abusos sexuais, estupros e trotes violentos ocorridos na Faculdade de Medicina.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

Ler Mais

A luta pela moradia

Elaine Tavares – Palavras Insurgentes

Fincada bem no centro da cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a Comunidade Autônoma Utopia e Luta tem sido um exemplo para a luta pela moradia em todo o país.

Sua história começa no ano de 2005, quando organizadamente algumas famílias decidiram ocupar um prédio abandonado do INSS, durante o Fórum Social Mundial.

A ocupação resistiu, prosperou e hoje é uma cooperativa que inclusive obteve regularização fundiária pelo Programa Crédito Solidário do governo federal.

Conversamos com Eduardo Solaris, que vive na comunidade e participa de todo o processo de organização.

Ler Mais

Em Volta Redonda, ainda se combate a ditadura

Uma audiência vai decidir se a ponte Emílio Médici passará a se chamar dom Waldyr Novaes
Uma audiência vai decidir se a ponte Emílio Médici passará a se chamar dom Waldyr Novaes

Os habitantes do município fluminense têm a chance de homenagear um herói e retirar nome de ditador de obra pública

por Paulo Cezar Soares — CartaCapital

Se depender do Ministério Público Federal (MPF) de Volta Redonda, cidade no interior fluminense que sedia a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), mais um espaço público, dos milhares espalhados pelo Brasil, deixará de carregar o nome de um ditador. O MPF encaminhou em outubro à prefeitura e à Câmara de Vereadores o pedido de mudança na denominação de uma das principais pontes do município, batizada em 1973 de Emílio Garrastazu Médici, identificado até a medula com as torturas e a repressão política dos anos de chumbo. O procurador Júlio José Araújo Jr. sugere que um novo nome seja dado em 90 dias, por meio de discussão pública, com ampla participação da sociedade civil e baseada em normas constitucionais e legais.

Ainda em novembro, uma audiência pública será convocada para ouvir os moradores, afirma o presidente da Câmara de Vereadores, Washington Tadeu Granato Costa, do PTB. “Na audiência pública o tema vai ser debatido com integrantes da Comissão da Verdade e a população. Será feito um projeto de lei que, após ser votado em dois turnos, decidirá ou não pela troca.” Costa não disse se concorda com a alteração do nome da ponte. “Preciso ser imparcial.” (mais…)

Ler Mais

A metade do tamanho que se tem, por Nina Alencar Zur

Nina Alencar Zur é estudante de direito na UERJ e, em estágio na Defensoria Pública do Rio de Janeiro, tomou contato com os sentenciados recolhidos no Presídio Muniz Sodré. Desta experiência, banhada de humanidade, vem o texto abaixo (publicado originalmente no Diários de Mochila), contundente e ao mesmo tempo poético. “A maioria ainda está lá diminuindo de tamanho e fugindo do tempo”, escreve. Se a literatura é uma forma de condensar a vida, o texto de Nina nos mostra o que é possível ver, quando tratamos o direito de uma forma menos formal e burocrática. (Marcelo Semer)

prisão - mãos grade

Nina Alencar Zur, em Diários de Mochila

É só ao meio dia que David volta das distâncias e enxerga em seu corpo alguma coisa além de um pedaço de carne podre. Uma pequena porção de liberdade entra pelos seus poros, alagando-o em uma espécie primitiva de vida. Vida sem alegria, apenas a noção de que se está. O sol cobre o pátio sempre cinza do presídio e aquece até o buraco mais fundo da sua alma. Ela já mofa, é úmida. A cela fica um inferno em dias quentes. Cadeia é brincadeira desgraçada, jogo em que só se perde. Caminha até encontrar um canto vazio, sem ninguém pra perturbar com assunto de anteontem. Lá as conversas são sempre atrasadas, inúteis, como se vivessem todos no tempo dos bichos. Só se pasta e caga. Para ao lado de três latas de lixo enormes. Respira fundo aquele cheiro de merda e se recolhe para dentro do próprio corpo. Fica na mesma posição por alguns minutos, sentindo o bater do peito. O único movimento que percebe fora é o zumbido constante das moscas que, como ele, levam a vida mergulhadas na sujeira.

Escapa da agonia como pode, mas ela está sempre rondando a sua mente, tentando dele se apropriar. David está encurralado pelo sofrimento, retorcido pelas cordas do desespero, que permitem pouquíssimos movimentos. Divide a cela com mais dezoito homens, cada um com seus vinte e poucos anos nas costas. Todos ali pela força do tráfico, que só derruba quem nasce com a doença da pobreza. Quando chegou, aprendeu que a pobreza é uma doença. Ela consome um pouco todo dia, até que deixa imprestável. Castra os desejos, impõe barreiras e, por fim, trancafia. É a única explicação para eles serem esquecidos naquele depósito. Pobreza contagia e tem que ser isolada, sem piedade. Tomou ódio crescido dos seus cúmplices naquela penitência, sem chances de melhorar, cada dia mais fraco, sugado. Também aprendeu que onde tudo é ausência, tudo se negocia. Até mesmo o espaço para ganhar alguma hora de sono mal dormida, pisoteado pelos que ficam de pé, suando, esperando a sua vez de deitar. Cada passo e respiração, cada punheta e mijo são compartilhados. Na cadeia, a solidão é mais profunda. Ela dá no espírito. (mais…)

Ler Mais