“O neoextrativismo está acabando com a América Latina”. Entrevista com Boaventura de Sousa Santos (em português*)

Sociólogo Boaventura de Sousa Santos. Foto: Steven Navarrete/El Espectador
Sociólogo Boaventura de Sousa Santos. Foto: Steven Navarrete/El Espectador

Há alguns dias, Boaventura de Sousa Santos, pesquisador e diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal) visitou a Espanha para o lançamento de dois livros chaves para entender a complexidade da realidade social contemporânea no mundo e no continente europeu: A democracia à beira do caos (Siglo del Hombre) e Democracia, direitos humanos e desenvolvimento (Dejusticia). Nenhum dos dois está em português. El Espectador falou com ele sobre seus trabalhos, a crise europeia e os problemas enfrentados pela América Latina. Eis a entrevista

Steven Navarrete Cardona – El Espectador**  

Fale-nos sobre o seu livro ‘A democracia à beira do caos’…

É uma tentativa de teorizar a crise da democracia no continente que se auto-denomina como o continente que inventou o ideal da democracia e o concretizou historicamente com mais consistência. A crise resulta em boa medida da contaminação da política democrática pelo neoliberalismo econômico que se traduz na crítica do Estado Social, na perda de direitos sociais e na privatização das políticas de saúde, educação e segurança social. Preocupa-me sobremaneira esta perda dos direitos fundamentais. (mais…)

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Luta pela manutenção do Tambor uniu quilombolas e ribeirinhos do rio Jaú

Maria Helena de Assis e os filhos Zildo, Adilson, Anilson e José Nilton e o neto (de camisa azul) Ecenildo (Foto: Elaíze Farias/AR)
Maria Helena de Assis e os filhos Zildo, Adilson, Anilson e José Nilton e o neto (de camisa azul) Ecenildo (Foto: Elaíze Farias/AR)

Elaíze Farias, de Novo Airão (AM) – Amazônia Real

A Comunidade Quilombola do Tambor também é formada por famílias que foram agregadas por uma respeitada liderança do rio Jaú, José Maurício dos Santos, tio de Sabino Nascimento, e filho de José Maria e Otília Maurícia.

José Maurício foi o responsável pela mobilização das famílias que restavam no Jaú após a criação da unidade de conservação. Chefes de família saíram de suas localidades e passaram a morar na comunidade. O principal motivador desta união foi a construção de uma escola, cuja ausência era uma das causas para as constantes mudanças das famílias para Novo Airão.

José Maurício, porém, não viu seu projeto ser viabilizado. Ele foi vítima de um acidente fatal quando sua canoa naufragou no rio Jaú em uma madrugada do mês de fevereiro de 2000. (mais…)

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RJ – Ato público amanhã, dia 7/11: não à mortandade de peixes na Baía de Guanabara e a criminalização dos pescadores

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Dia: 7 de Novembro (sexta feira), às 10 hs na porta do INEA (Instituto Estadual do Ambiente) –  Av. Venezuela, No. 110 – Praça Mauá.

Há quase um mês vem ocorrendo a mortandade de TONELADAS de peixes na Baía de Guanabara, além da morte de tartarugas e boto.

Os órgãos ambientais (Secretaria Estadual do Ambiente e o INEA) acusam os pescadores pela mortandade, criminalizando esta categoria profissional que já vem sofrendo com os impactos dos mega-empreendimentos industriais e o aumento das “áreas de exclusão de pesca”, onde os pescadores são proibidos de trabalhar, retirando o sustento destas famílias que vem empobrecendo, enquanto aumenta a poluição e a destruição do meio ambiente. (mais…)

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FAO: Em seminário regional, Brasil mostra os avanços conquistados através da agricultura familiar

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Brasil lidera países que apostaram neste setor, com um orçamento do programa nacional de agricultura familiar dez vezes maior desde 1996, afirma relatório da ONU

ONU

Políticas para a agricultura familiar devem incorporar uma abordagem transversal que vá além do apoio à produção e considere o papel do setor na luta contra a fome e a pobreza, na preservação do meio ambiente, da educação, da saúde e do desenvolvimento regional, disse o representante da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Raúl Benitez, nesta segunda-feira (4).

“Não podemos tratar situações diferentes com as mesmas ferramentas. Devemos focar as políticas para a agricultura familiar nos desafios próprios desta produção, caso contrário, aprofundaremos suas desigualdades”, disse Benitez, durante o Seminário sobre Políticas Públicas e Agricultura Familiar na América Latina e o Caribe, que acontece em Santiago, no Chile, e visa a analisar a situação atual e os desafios futuros das políticas públicas da agricultura familiar na região. (mais…)

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Começa o II Encontro MP e movimentos sociais, promovido pelo CNMP

Foto: Sérgio Almeida (Ascom/CNMP)
Foto: Sérgio Almeida (Ascom/CNMP)

Na foto acima, Luciano Marins, subprocurador-geral da República; Luciano Ávila, membro auxiliar do CNMP; Luís Antônio Camargo, procurador-geral do Trabalho; Fábio George Cruz da Nóbrega, conselheiro do CNMP; Lio Marcos Marin, procurador-geral de Justiça do MP/SC; Alex Cardoso, representante da articulação do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.

Começou na manhã desta quarta-feira, 5 de novembro, e prossegue até hoje, dia 6, o II Encontro Nacional Ministério Público e Movimentos Sociais: Em defesa dos direitos fundamentais. O evento é promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais do Conselho Nacional do Ministério Público (CDDF/CNMP) e está sendo realizado no Memorial Darcy Ribeiro, na Universidade de Brasília (UnB).

O encontro conta com a participação de lideranças nacionais, organizações da sociedade civil e membros dos diferentes ramos e unidades do MP brasileiro. (mais…)

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Brasil: A Grande Divisão, por Boaventura de Sousa Santos

brasil em raçasEm Carta Maior

As eleições do Brasil suscitaram as atenções da comunicação social mundial. Em grande medida, fez uma cobertura hostil da candidata Dilma Rousseff, no que foi zelosamente acompanhada pela “grande mídia” brasileira. O paroxismo do ódio anti-petista levou uma revista de grande circulação, a p a enveredar por uma via provavelmente criminosa. O New York Times em nenhuma ocasião se referiu à candidata do PT sem o epíteto de ex-guerrilheira. Com a mesma inconsistência de sempre, não ocorreria a este periódico, ou a tantos outros que seguem a sua linha, referir-se à ex-comunista Ângela Merkel ou o ex-maoísta  Durão Barroso, ou  mesmo ao comunista Xi Jinping, Presidente da China. Os interesses que sustentam esta imprensa corporativa esperavam e queriam que saísse derrotada a candidata do PT. O terrorismo econômico das agências de rating, do The Economist e Financial Times, da bolsa de valores procurou condicionar os eleitores brasileiros e assumiu uma virulência surpreendente, tendo em vista a moderação do nacionalismo desenvolvimentista brasileiro e o fato evidente de serem sobretudo fatores mundiais (leia-se, China) os que afetam o ritmo de crescimento de países como o Brasil.

Por que tanta e tão desesperada hostilidade?

Os fatores externos

Há razões externas e internas que só parcialmente se sobrepõem. Daí a necessidade de as analisar em separado. As razões externas são bem mais profundas que o mero apetite do capital internacional pelas grandes privatizações do pré-sal e da Petrobras ou que a violência da resposta do capital financeiro perante qualquer limite à sua voracidade, por mais moderada que seja. O Brasil é hoje o exemplo internacionalmente mais  importante e consolidado da possibilidade de regular o capitalismo para garantir um mínimo de justiça social e impedir que a democracia seja totalmente capturada pelos donos do capital, como acontece hoje nos EUA e está a acontecer um pouco por todo o lado. E o Brasil não está sozinho. É apenas o país mais importante de um continente onde muitos outros países – Venezuela, Argentina, Chile, Bolívia, Equador, Uruguai – procuram soluções com a mesma orientação política geral, embora divergindo na dose de nacionalismo ou de populismo (tal como Ernesto Laclau, não condeno em bloco nem um nem outro). Para mais, estes países têm procurado construir formas de solidariedade regional que não passa pela bênção norte-americana, ao contrário do que acontecia antes. (mais…)

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ES – Militante do Coletivo Enegrecer sofre racismo institucional no Procon

racismo-maoPor Walmyr Júnior, no Jornal do Brasil

Você percebe a perversidade do racismo quando ele, além de oprimir, tenta transportar a denúncia para outro território. Que o racismo se faz presente em todas as esferas da vida pública e privada, não temos dúvida. Mas, é de se alarmar quando um caso ocorre dentro de um órgão da Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos.  Assim, começa o caso explorado pelo artigo de hoje. Lízia De Boni, servidora pública da Prefeitura Municipal de Vitória, sofreu mais uma vez na pele as opressões e as violências que o racismo promove na população negra.

O que parecia mais um atendimento a munícipes pelo Procon, órgão em que a servidora trabalha, terminou em mais uma reprodução do racismo que a oprime ao longo de 28 anos. Uma denúncia na 4ª Delegacia Policial em Maruípe na tarde de 31/10/2014 foi realizada, conheça a denúncia na íntegra:

“Por volta das 16hs do dia 30/11 chegou ao Procon Municipal de Vitória um senhor alterado por ter chegado após o horário prevista de distribuição de senha. A coordenadora do órgão mostrou a portaria municipal que regulamenta o horário de atendimento, mas fez uma concessão e solicitou a uma funcionária que o atendesse. Durante o atendimento, o munícipe puxou conversa enquanto a funcionária digitava os dados do processo no computador. Ele se referia a um programa de TV sobre o oriente médio e elogiava as feições físicas dos árabes, enquanto manifestava o desejo de que as feições do povo brasileiro “evoluíssem” para um padrão com feições mais europeias. E citando diferentes regiões do Brasil como exemplo, disse que a região sudeste estava já manifestando padrões físicos mais aceitáveis devido imigração italiana. Ele ainda se referiu às redes sociais, que essa semana as pessoas estavam sendo acusadas de xenofobia, racismo e ódio. E que ele DISCORDAVA DA EXISTÊNCIA DO RACISMO. Em dado momento, começou a se referir a um apresentador de um programa de TV da Band. A funcionária continuou o seu trabalho e disse que não assiste TV. O munícipe seguia dizendo que era um absurdo ligar a TV e “dar de cara” com “aquilo”, que era muito feio e se vestia como africano “ o cabelo de tranças horríveis, camisa larga e calça no meio das pernas”. Por fim, manifestou que tinha motivo pra ter medo se cruzasse com “um cara desses” na rua, que depois as pessoas falam que é racismo e ele discorda disso. Ao perceber que o munícipe insistia na conversa, a funcionária interrompeu o atendimento e começaram a discutir sobre o fato.  (mais…)

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