Brasil tem um milhão de abortos induzidos por ano

Créditos da foto: Eric Drooker
Créditos da foto: Eric Drooker

O abortamento clandestino constitui a quinta causa da morte materna no país e uma em cada cinco mulheres já adotou essa prática

Dermi Avezedo – Carta Maior

O Brasil registra anualmente um milhão de abortos induzidos e uma em cada cinco mulheres já adotou essa prática. O abortamento clandestino constitui a quinta causa da morte materna no país.

Esses dados, resultantes de pesquisas realizadas pelo Ministério da Saúde e por organizações de mulheres serão analisados em Recife/PE, 2 a 4 de maio próximo, no primeiro Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Olga Benário, que é uma frente de entidades feministas, constituída há três anos para lutar pelos direitos da mulher e por uma sociedade sem injustiças e sem explorações. (mais…)

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Você é capaz de enxergar o outro na internet ou apenas se vê no espelho?, por Leonardo Sakamoto

Leonardo Sakamoto

Um amigo jornalista defende a tese de que uma parcela das pessoas não está na internet para se informar, mas apenas para poder discutir. Para elas, tudo o que precisam saber já teria sido ensinado na escola, na igreja, na família ou passado pelo telejornal da noite.

Em muitos casos, a pessoa até descobre que a posição do autor ou da autora faz sentido mas, frustrada por uma vidinha bem sem graça, precisa extravasar em algo. Daí texto vira saco de areia. Às vezes, o negócio vai tão no automático que basta identificar o nome de quem escreveu e, muito superficialmente, o tema para começar a soltar preconceitos loucamente. E bate, bate, bate, descontando raiva. Raiva que, na verdade, sente de sua própria condição mas, na maioria das vezes, não percebe. Porque, como ouvimos aqui e ali, “eu não sou louco para ter que fazer terapia ou análise”.

Particularmente, não me importo em ser sparing de comentarista de internet. É claro que torço para que os mais virulentos paulatinamente desapareçam porque isso significará o aumento do nível educacional, intelectual e cidadão de nossa gente. Mostrará que as aulas de interpretação de texto funcionam. Mas, não nego, que gostaria que alguns se mantivessem por uma questão de interesse puramente acadêmico. Pois nenhuma espécie merece a extinção só por ser estranha. E, além do mais, trolls podem ser divertidos. Retomo algo que já havia trazido aqui para provar este ponto. (mais…)

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O futuro da internet em debate no Brasil

Gilberto Gil, destaque na reunião da ONU que debateu em Túnis (2005) futuro da internet. Espaço do Brasil tornou-se ponto de encontro de intelectuais, ativistas e membros de governos
Gilberto Gil, destaque na reunião da ONU que debateu em Túnis (2005) futuro da internet. Espaço do Brasil tornou-se ponto de encontro de intelectuais, ativistas e membros de governos

Dois eventos globais paralelos tentam, esta semana, assegurar liberdade na rede, num mundo ameaçado por autoritarismos, vigilância e censura. Será possível?

Por Maurício Ayer Antonio Martins – Outras Palavras

O sociólogo catalão Manuel Castells, autor de A Sociedade da Informação; o engenheiro inglês sir Tim Berners-Lee, que criou a World Wide Web; o músico e ex-ministro brasileiro Gilberto Gil, cujo currículo inclui participação destacada na conferência internacional que debateu, em Túnis (2005) o futuro da internet, têm uma tarefa árdua, esta semana, em São Paulo. Junto com oitocentos representantes (de duzentos países) e com outros intelectuais e ativistas destacados, eles tentarão afastar sombras que pairam sobre o futuro da rede mundial de computadores – e, em muitos sentidos, da democracia.

Como permitir que a internet continue a alimentar a esperança de comunicação direta, sem intermediários e fundamentalmente desmercantilizada, entre os seres humanos? De que modo evitar que ela seja contaminada pela espionagem maciça, censurada por governos autoritários ou reduzida a um espaço mercantil, em que o grande poder econômico controla os fluxos de informação relevantes? Estes são alguns dos temas da Net Mundial e Arena Net Mundial, eventos marcados para 22 a 24 de abril, no Hotel Grand Hyatt e Centro Cultural de São Paulo. (mais…)

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Feminismo negro: sobre minorias dentro da minoria (por Jarid Arraes)

fem-neg

As necessidades das mulheres negras são muito peculiares e sem que seja feita uma profunda análise do racismo brasileiro, é impossível atender às urgências do grupo

Por Jarid Arraes – Sul21

A origem

O Feminismo Negro é um movimento social e um segmento protagonizado por mulheres negras, com o objetivo de promover e trazer visibilidade às suas pautas e reivindicar seus direitos. No Brasil, seu início se deu no final da década de 1970, a partir de uma forte demanda das mulheres negras feministas: o Movimento Negro tinha sua face sexista, as relações de gênero funcionavam como fortes repressoras da autonomia feminina e impediam que as ativistas negras ocupassem posições de igualdade junto aos homens negros; por outro lado, o Movimento Feminista tinha sua face racista, preterindo as discussões de recorte racial e privilegiando as pautas que contemplavam somente as mulheres brancas. (mais…)

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Os Amarildos, firmes!

foto: Celso Martins
foto: Celso Martins

Elaine Tavares – Palavras Insurgentes

Os textos, ditos sagrados, para mim sempre foram metáforas da vida mesma. Um jeito de contar histórias que pudessem ser entendidas pelas pessoas simples. Arquétipos de nós mesmos, de situações históricas, de passagens da vida que sempre se repetem, dando conta de nossa condição humana. Por isso, me encantam, e a eles dispendo tempo. Gosto, particularmente, no novo testamento, das parábolas de Jesus, o jovem galileu, nascido no espaço do que hoje é a Palestina ocupada. Histórico ou não, ele tinha esse dom de falar por metáforas, buscando encontrar o centro do amor humano. Então, é a ele que recorro para pensar meu mundo, nessa segunda-feira gris.

Ontem voltei a ver um velho filme que tocou minha alma na infância: Ben-Hur, com o inesquecível Charlton Heston. É sobre um homem que passa por todas as agruras de um tempo de invasão estrangeira em sua terra, que perde tudo, e que arma toda uma vingança. Mas, tocado pela figura e pelo exemplo de um “ninguém”, um andarilho, um rebelde – o homem que mais tarde veio a saber que era Jesus –  ele volta a ser o que era, generoso e bom, recebendo assim, outras bênçãos. Uma metáfora dentro da metáfora. Só o amor pelo outro – caído – pode salvar a nós mesmos. (mais…)

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Usina de Jirau registra mortandade de peixes durante testes de turbinas

Usina de Jirau não soube informar quais espécies de peixes morreram (Foto: Rondôniavip)
Usina de Jirau não soube informar quais espécies de peixes morreram (Foto: Rondôniavip)

Kátia Brasil – Amazônia Real

Milhares de peixes morreram durante testes de turbinas realizados na segunda-feira, dia 14 de abril, em uma das casas de força da hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, a 120 quilômetros de distância de Porto Velho (RO). A notícia só foi divulgada nesta semana após uma fotografia dos peixes mortos ser publicada com exclusividade pelo site Rondôniavip.

“Normalmente este tipo de mortandade indica falta de oxigênio, mas não sabemos por que”, disse o ecólogo Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

A mortandade de peixes na usina Jirau aconteceu seis dias após a hidrelétrica retomar, no dia 8 de abril, o funcionamento da Linha de Transmissão entre Porto Velho e Araraquara (SP), conforme aprovação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Em nota divulgada à imprensa de Rondônia, a Empresa Energia Sustentável do Brasil (ESBR), responsável pela construção e operação da usina de Jirau, tratou a mortandade de peixes de “incidente”. Segundo a empresa, não se sabe a quantidade certa de “espécimes perdidas”. (mais…)

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Uma análise séria, crítica e imperdível dos efeitos da Copa do Capital: “A Copa já era!”

Charge encontrada na internet
Charge encontrada na internet. TP.

“Na verdade, a humilhação internacional, a qual não se quer submeter o Brasil, é a de que o mundo saiba como o capitalismo aqui se desenvolve, ainda marcado pelos resquícios culturais de quase 400 anos de escravidão e sem sequer os limites concretos da eficácia dos Direitos Humanos e dos direitos sociais, promovendo, em concreto, uma das sociedades mais injustas da terra”. [destaque nosso. TP.]

Por Jorge Luiz Souto Maior*, no Blog do Juca Kfouri

O presente texto tem o propósito de apresentar onze argumentos, do goleiro ao ponta-esquerda, para demonstrar que a Copa já era! Ou seja, que já não terá nenhum valor para a sociedade brasileira e, em especial para a classe trabalhadora, restando-nos ser diligentes para que os danos gerados não se arrastem para o período posterior à Copa.

1. A perda do sentido humano

O debate entre os que defendem a causa “não vai ter copa” e os que afirmam “vai ter copa” está superado. Afinal, haja o que houver, o evento não vai acontecer, ao menos no sentido originariamente imaginado, como instrumento apto a gerar lucros e dividendos políticos “limpinhos”, como se costuma dizer, pois não é mais possível apagar os efeitos deletérios que a Copa já produziu para a classe trabalhadora brasileira. É certo, por exemplo, que para José Afonso de Oliveira Rodrigues, Raimundo Nonato Lima Costa, Fábio Luiz Pereira, Ronaldo Oliveira dos Santos, Marcleudo de Melo Ferreira, José Antônio do Nascimento, Antônio José Pitta Martins e Fabio Hamilton da Cruz, mortos nas obras dos estádios, já não vai ter Copa!

Aliás, a Copa já não tem o menor valor para mais de 8.350 famílias que foram removidas de suas casas no Rio de Janeiro, em procedimento que, como adverte o jornalista Juca Kfouri, no documentário, A Caminho da Copa, de Carolina Caffé e Florence Rodrigues, “lembram práticas nazistas de casas que são marcadas num dia para serem demolidas no dia seguinte, gente passando com tratores por cima das casas”. Essas práticas, segundo relatos dos moradores, expressos no mesmo documentário, incluíram invasões nas residências, para medir, pichar e tirar fotos, estabelecendo uma lógica de pressão a fim de que moradores assinassem laudos que atestavam que a casa estava em área de risco, sob o argumento de que na ausência de assinatura nada receberiam de indenização, o que foi completado com o uso da Polícia para reprimir, com extrema violência, os atos de resistência legítima organizados pelos moradores, colimando com demolições que se realizaram, inclusive, com pessoas ainda dentro das casas. (mais…)

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