
Claret Fernandes, especial para Combate Racismo Ambiental
O filme ‘A vida é bela’ do italiano Roberto Benigni guarda uma semelhança sinistra com Belo Monte, barragem privada financiada com dinheiro público em fase de construção desde junho de 2011, no rio Xingu, Amazônia brasileira: o efeito ilusório!
A película lançada em dezembro de 1997 obteve grande sucesso em grande parte pela sua capacidade criativa de esconder a verdade dos fatos. O contexto é o da Segunda Guerra Mundial. O personagem Guido, um judeu, e seu filho pequenino são levados para o campo de concentração nazista. Preocupado com o menino, Guido usa sua imaginação fértil para fazê-lo crer que todo aquele terror não passava de uma brincadeira. O menino se entusiasma e, mesmo questionado por outras crianças de sua idade, buscando convencê-lo de que estão todos condenados à morte, ele segue animado com a possibilidade de ser um dos vencedores ao final da suposta gincana.
Benigni zomba da crueldade! À noite, antes de dormir, dois personagens, Guido e Ferruccio Papini, fazem brincadeiras com o filósofo alemão, Arthur Shopenhauer, o escritor favorito de Adolf Hitler.
Esse efeito ilusório, que transforma um campo de concentração nazista em brincadeira de gente grande e pequena, ocorre atualmente em Belo Monte. A diferença é que Benigni o faz por amor ao filho e os detentores do poder em Belo Monte, e seus sequazes, o fazem pelo cinismo macabro de acumulação de capital a qualquer custo. (mais…)