Brasil: crises, combates e perspectivas

Osvaldo Coggiola* – Correio da Cidadania

Quando o Brasil venceu a Copa das Confederações, no mesmo momento, fora do Maracanã, uma multidão equivalente àquela que se encontrava no estádio protagonizava uma batalha campal contra a polícia, que usou bombas, gás e balas de borracha. O saldo foi de dezenas de presos e feridos. Que o futebol, religião nacional, não tenha conseguido desviar uma mobilização anti-governamental é um feito inédito na história. Tão insólito quanto o feito de que a presidenta sequer pisou no estádio, temendo vaias ainda piores do que na inauguração da Copa. Neymar se pronunciou (apesar do cordão de segurança que o rodeia permanentemente) a favor das manifestações.

No mesmo domingo, a Câmara Municipal de Belo Horizonte foi ocupada por jovens que reivindicam a abertura dos contratos com as empresas privadas de transporte urbano, para por em evidência os superlucros patronais e a corrupção descarada dos “representantes do povo”. Desde a semana passada, os movimentos das favelas paulistas (MTST, os “sem teto” e o Periferia Ativa) organizam manifestações e bloqueios de avenidas contra as péssimas condições de moradia, saúde e transporte nos bairros pobres.

Ao mesmo tempo, é desenvolvida uma formidável ofensiva repressiva não apenas nas ruas senão nas mesmas favelas, uma operação gigantesca de militarização para evitar que os setores mais explorados se incorporem massivamente à luta. Na Favela Nova Holanda, localizada no complexo da Maré, a operação deixou uma dúzia de jovens mortos, definidos como “ladrões”; em seguida, foi posto em evidência que nenhum deles havia tido sequer uma acusação formal contra si próprio em toda a sua vida. O monstruoso aparelho repressivo brasileiro foi incrementado e sofisticado como nunca em função dos “grandes eventos” (campeonatos mundiais de futebol e Olimpíadas) pelo “governo dos trabalhadores”. Durante as primeiras manifestações, Dilma Rousseff ofereceu publicamente e explicitamente o apoio da “Força Nacional”, um braço repressivo “contra-insurgente” montado pelo governo do PT, a governadores e prefeitos “em apuros”. (mais…)

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‘Precisamos rediscutir o modelo de sociedade, antes de determinar a forma de eleição de políticos’

Valéria Nader* e Gabriel Brito** – Correio da Cidadania

Ainda estamos no calor da onda de manifestações que fazem crer em novos rumos para o país, a despeito do desconcerto que ainda afeta os governos instituídos, incapazes sequer de abrir mão da repressão militar nas ruas, enquanto desengavetam propostas há muito tempo fora de suas pautas, postas à mesa com pressa jamais vista.

Para comentar um pouco sobre o mês que abalou as estruturas do país, e também sobre a propalada reforma política, agora entusiasticamente oferecida por Dilma, o Correio da Cidadania entrevistou o jurista e livre docente da USP, Jorge Luiz Souto Maior.

Para Souto Maior, o atual momento “ficará para a história como um momento de ruptura, de transformação por parte sociedade brasileira, que não será mais a mesma, certamente. Também não serão mais as mesmas as instituições brasileiras, que sentiram fortemente o peso da manifestação popular”, resume.

O jurista enfatiza, no entanto, que as manifestações populares exigem, em seu fundo, uma maior intervenção social do Estado, no sentido de organizar e promover adequadamente os serviços públicos e essenciais. Além de mencionar que os acenos dados até agora pelo governo neste sentido são muito genéricos, faz uma importante  advertência quanto ao tema para o qual mais se voltou o governo até o momento, e aquele que tem recebido maior cobertura na mídia corporativa,  a reforma política.  “Precisamos discutir que modelo de sociedade nós queremos, pra determinar a medida da atuação que se deseja dos políticos e do governo. Penso que a questão, já posta na mesa, sobre a participação mais ativa do Estado nos temas que dizem respeito aos direitos sociais e à economia é algo mais importante do que simplesmente determinar a forma de eleição dos políticos”. (mais…)

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Tarifas caem para 70% da população das grandes cidades do Brasil

131877Folha de S. Paulo

A onda de protestos pelo país, iniciada há um mês, impulsionou a queda das tarifas do transporte para mais de um quarto da população brasileira e 70% dos moradores das grandes cidades.

Levantamento da Folha em 90 municípios –capitais e outros com mais de 200 mil eleitores– aponta que 59 deles reduziram as passagens de ônibus, trens ou metrô.  (mais…)

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Vergonha nacional

Pacientes eram tratados como animais no hospital, comparado a campos de concentração nazistas
Pacientes eram tratados como animais no hospital, comparado a campos de concentração nazistas

A jornalista Daniela Arbex lança em BH livro sobre atrocidades sofridas por pacientes do Hospital Colônia de Barbacena. De 1930 a 1980, morreram 60 mil internos da instituição 

Carlos Herculano Lopes – EM Cultura

“Senhor Deus dos desgraçados!/ Dizei-me vós, Senhor Deus!/ Se é loucura … se é verdade/ Tanto horror perante os céus…”. Esses versos do poema “O navio negreiro”, do poeta baiano Antônio de Castro Alves (1847 –1871), bem poderiam ter sido inspirados nas histórias de milhares de brasileiros deserdados que por diversos motivos – alcoolismo, epilepsia, prostituição, homossexualismo e perda da virgindade, entre outros “desvios” – foram diagnosticados como doentes mentais e encarcerados no Hospital Colônia de Barbacena, de onde a maioria nunca mais saiu. (mais…)

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Movimento de Luta pela Terra bloqueia desde ontem passagem de caminhões com eucalipto da Veracel

aipim versus eucalipto
Por Isabela Naves, do CEPEDES, para Combate Racismo Ambiental

Desde ontem, 5 julho, quando promoveu um ato na rodovia  Eunápolis – Monte Alegre, Km 25, próximo à comunidade “Ponto do Maneca”, o Movimento de Luta pela Terra (MLT) está bloqueando a passagem dos transportes de cargas de madeira de eucalipto da empresa Veracel Celulose no município de Eunápolis, Bahia.

De acordo com Zuza, liderança do MLT, o objetivo inicial do bloqueio era marcar uma reunião com o setor jurídico da empresa, para imediata solicitação de uma audiência na Vara da Fazenda Pública do município de Eunápolis e dar prosseguimento ao processo que trata da situação da Fazenda São Caetano, discriminada como terra do Estado e ocupada pelo plantio de eucalipto. É nessa porção de terra que estão acampadas as 85 famílias do MLT desde 2008. (mais…)

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RJ – Mil vão à casa de Cabral, param bairro nobre e enfrentam a PM

Jornal A Nova Democracia – Na noite de 4 de julho, mais de mil pessoas fizeram um protesto no acesso à rua onde mora o governador Sérgio Cabral. O político mora em um prédio de luxo no Leblon, um dos bairros mais caros do mundo e o metro quadrado mais caro do Brasil. Policiais, desde cedo, já bloqueavam os acessos à rua para evitar que manifestantes chegassem ao edifício. Como vem acontecendo com freqüência, jornalistas do monopólio, habituado a criminalizar os movimentos combativos, foram expulsos do local. Aos poucos, o número de pessoas foi crescendo e o espaço foi ficando pequeno, até que policiais começaram a atirar spray de pimenta indiscriminadamente. Manifestantes, mais uma vez, mostraram coragem e enfrentaram as tropas de repressão com pedras e garrafas.

Ao fim do confronto, ao menos cinco manifestantes foram presos. Até o momento em que nossa equipe deixou o local, um grupo de cerca de 200 pessoas mantinham a rua da casa de Sérgio Cabral bloqueada.

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Vanessa Grazziotin repudia anulação de sentença aplicada ao ator Dado Dolabella

JusBrasil*

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) usou a tribuna, nesta sexta-feira (5), para manifestar repúdio à decisão da 7ª Câmara do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro de anular condenação ao ator Dado Dolabella por agressão à então namorada, a também atriz Luana Piovani. O ator havia sido sentenciado a 2 anos e 9 meses de prisão com base na Lei Maria da Penha, pelo Juizado Especial de Violência Doméstica no estado.

De acordo com Vanessa, que também dirige no Senado a Procuradoria da Mulher, o desembargador Sidney Rosa da Silva considerou que a briga entre o casal não se enquadrava nos termos da Lei Maria da Penha. Por isso, julgou que o Juizado de Violência Doméstica e Familiar não tinha competência para julgar o caso. Ela lembrou que na ocasião também sofreu lesão a camareira que tentou evitar a agressão contra a atriz.

Para Vanessa, a decisão da 7ª Câmara causou surpresa, sobretudo pelos argumentos do desembargador Sidney Rosa da Silva para acatar o pedido da defesa. Um deles é o de que não haveria relação familiar entre o agressor e a atriz, já que não moravam juntos. Ela lembrou, porém, que a Lei Maria da Penha não exige coabitação ou casamento formal para caracterizar a existência de uma relação familiar.

– Quando um juiz escreve isto, que alguém ser namorado ou namorada não caracteriza nenhuma relação familiar, nenhuma relação conjunta, ele fere não Luana Piovani, mas todas as mulheres – criticou. (mais…)

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Entidades do campo cobram menos burocracia e mais agilidade do governo

ABR05072013PZB_1414Luana Lourenço – Agência Brasil

Brasília – Movimentos sociais ligados ao campo cobraram ontem (5) do governo mais agilidade e menos burocracia para resolver questões como a reforma agrária e a melhoria dos serviços públicos nas cidades. Representantes de 11 entidades, entre elas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), estiveram nesta sexta-feira com a presidenta Dilma Rousseff para discutir o atual momento do país após a onda de manifestações que tomaram as ruas.

“Elencamos alguns elementos e trouxemos para a presidenta Dilma. É preciso e urgente que o governo se desburocratize e possa fazer mais pelo povo brasileiro. Os pontos centrais discutidos foram a reforma agrária, a saúde e a educação”, relatou Alexandre Conceição, da direção nacional do MST, porta-voz da reunião. “Só diálogo não basta, tem que ter a política.” (mais…)

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“25 verdades sobre o caso Evo Morales/Edward Snowden”

O presidente boliviano Evo Morales em entrevista coletiva no aeroporto de Viena, na Áustria. Agência Efe
O presidente boliviano Evo Morales em entrevista coletiva no aeroporto de Viena, na Áustria. Agência Efe

Caso mostra que União Europeia é um engodo político e diplomático, sempre subserviente às exigências de Washington

Salim Lamrani* – Adital

O caso Edward Snowden está na raiz de um grave incidente diplomático entre a Bolívia e vários países europeus. Por ordem de Washington, França, Itália, Espanha e Portugal proibiram o avião presidencial de Evo Morales de sobrevoar seus territórios. (mais…)

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