Dono da Eternit é condenado a 18 anos de prisão

Tribunal italiano culpa empresário por uso de amianto

Parentes e vítimas de vítimas mostram bandeiras em que se lê: "Eternit: Justiça", na corte de Turim Marco Alpozzi / AP
Parentes e vítimas de vítimas mostram bandeiras em que se lê: “Eternit: Justiça”, na corte de Turim Marco Alpozzi / AP

O Globo

TURIM e RIO – A Corte de Apelação de Turim, na Itália, condenou nesta segunda-feira o empresário suíço Stephan Schmidheiny, dono da empresa Eternit, a 18 anos de prisão por desastre doloso. A empresa usava fibra de amianto, mineral altamente tóxico e cancerígeno, na produção de materiais de construção, o que teria provocado a morte de quase três mil pessoas, entre funcionários e moradores de áreas próximas às plantas da Eternit na Itália.

O tribunal também fixou pagamento de € 20 milhões para a região de Piemonte e € 30,9 milhões para a cidade de Casale Monferrato, local da principal fábrica da empresa, onde houve o maior numero de mortos.

Schmidheiny foi considerado culpado por “catástrofe sanitária e ambiental permanente” e por ter infringido as regras de segurança do trabalho. Ele já tinha sido condenado a 16 anos de prisão em primeira instância. Também era réu na ação o barão belga Louis De Cartier, que morreu em maio.

— A sentença é um hino à vida. É um sonho que se torna realidade — comemorou o promotor Raffaele Guariniello, que considera o julgamento “um ponto de referência para todos os processos por desastre ambiental”.

Por sua vez, Astolfo Di Amato, advogado de Schmidheiny, se disse “indignado” e afirmou que as acusações mudaram durante o processo. A defesa havia argumentado que os dois réus não eram responsáveis diretos pela gestão da Eternit na Itália, empresa que faliu em 1986, seis anos antes da proibição do amianto no país. Mas, segundo o Ministério Público, eles omitiram informações sobre os danos causados pelo mineral.

Procuradores no Brasil

Os procuradores italianos Sara Panelli e Gianfranco Colace, que atuaram na ação criminal, estarão no Brasil no dia 10. O convite partiu da procuradora do Trabalho Margaret Mattos.

O objetivo é buscar informações sobre o processo de investigação dos doentes e a maneira como foi feitas as denúncias. O Paraná é o maior produtor de produtos de amianto no país, com três fábricas.

— Vamos fazer uma audiência pública com representantes dos municípios para fortalecer a ideia de banimento do amianto nas cidades.

(Colaborou Cássia Almeida)

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