Pequenos agricultores acusam grandes proprietários de terra de desviarem água que serviria para todos
Danielle Pereira – Brasil de Fato
O ano de 2012 que, logo no início, já brindou a Paraíba com a pior seca das últimas 4 décadas, viu, em seu desfecho, o anúncio oficial de um outro fim: o das obras do Perímetro Irrigado das Várzeas de Sousa (Pivas). Distante cerca de 400 quilômetros da praiana capital João Pessoa, o projeto de irrigação capta, conduz e distribui as águas dos açudes Coremas-Mãe d’Água para 4.390 hectares de propriedades agrícolas encravadas em pleno Sertão, entre os municípios de Sousa e Aparecida. No entanto, o anunciado do término das obras no fim do ano passado não resolveu o problema apontado. A falta de água tem sido uma constante na vida dos agricultores. E não pela seca.
Edinaldo José do Nascimento nasceu e se criou na agricultura familiar. Desde 2006 está no assentamento do Pivas, adquirido em 2005. Com ele, estão 178 pequenos produtores organizados em 14 associações. Uma delas é a Apivas, Associação dos Produtores Irrigantes das Várzeas de Sousa, que tem Nascimento como vice-presidente.
Em 2011, o agricultor familiar perdeu 2 mil pés de mamão porque a água não chegava em sua propriedade. Ele não consegue nem estimar o valor do prejuízo: “A água não chegava em quantidade e a gente teve que reduzir as áreas. Eu tava com meu plantio de goiaba sendo implantado, eu tive que cuidar dele. E eliminei meu plantio de mamão. Rapaz, 2 mil pés de mamão, nem dá pra fazer a conta assim de repente… a muda em si custa 4 mil reais, só de mudas. Fora a mão de obra”. Nascimento disse que em setembro do mesmo ano teve problemas com a produção de maracujá e se viu obrigado a racionar água. (mais…)
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