MPF/AM: Justiça determina retirada de invasores de território da etnia Jaminawa

Parecer do MPF foi acolhido e ocupantes irregulares terão de deixar as terras próximas à aldeia São Paulino, em Boca do Acre

A Justiça Federal acompanhou o parecer do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) em ação de reintegração de posse movida pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e determinou, em caráter liminar, a imediata retirada de ocupantes irregulares de terras vizinhas à aldeia São Paulino, localizada nas margens do rio Purus e habitada por indígenas da etnia Jaminawa, em Boca do Acre. Apenas a presença de comunidades tradicionais e pequenos produtores foi ressalvada.

A decisão liminar também determina a imediata proibição da entrada de outras pessoas na área e estabelece que a circulação de terceiros só poderá ocorrer mediante autorização judicial. Cabe recurso da decisão.

De acordo com a Funai, a área é ocupada tradicionalmente por indígenas da etnia Jaminawa e encontra-se em processo de demarcação desde 2004, agora em fase de conclusão. Ainda segundo o órgão, foram identificados relatos de preconceito racial e ameaças de morte por parte dos invasores contra os indígenas que moram na aldeia.

No parecer encaminhado à Justiça, o MPF/AM destaca que a identificação das populações indígenas com o território é essencial para o exercício de atividades produtivas e reprodução física e cultural segundo seus costumes e tradições, conforme disposto no artigo 231, parágrafo 1º da Constituição Federal. “São necessárias medidas urgentes para impedir a intrusão da terra indígena por não-índios e a descaracterização da relação do povo Jaminawa com o seu território”, destacou o procurador Julio José Araujo Junior, autor do parecer.  (mais…)

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MPF/MS: 19 respondem por homicídio do cacique guarani-kaiowá Nízio Gomes

Nizio Gomes, líder indígena de aldeia de Amambai, em Mato Grosso do Sul

Morte ocorreu durante tentativa de expulsão de índios de área ocupada, em 2011. Entre os réus estão fazendeiros, advogados, um secretário municipal e proprietário e funcionários de empresa de segurança privada

Dezenove pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF/MS) e respondem como réus na Justiça por vários crimes relacionados à tentativa de expulsão dos indígenas do acampamento Guaiviry, instalado em área de mata nativa de propriedade rural localizada às margens da rodovia MS-386 entre os municípios de Ponta Porã e Aral Moreira, sul do estado. A ação ocorreu em 18 de novembro de 2011 e resultou na morte do cacique Nízio Gomes e em lesões corporais ao indígena Jhonaton Velasques Gomes. Foram utilizadas ao menos seis armas de fogo calibre 12 na ação, ainda que com munição menos letal. Sete réus continuam presos.

O crime repercutiu internacionalmente e colocou em foco o “ambiente onde imperam o preconceito, a discriminação, a violência e o constante desrespeito a direitos fundamentais” dos 44 mil guarani-kaiowás e guarani-ñandevas que vivem em Mato Grosso do Sul, como descreve a denúncia do MPF.

A divulgação só foi possível a partir do levantamento do segredo de Justiça,determinado em 8 de novembro a pedido do Ministério Público Federal. (mais…)

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Marãiwatsédé: nota de esclarecimento sobre parecer apresentado ao STF

MPF esclarece o correto teor do parecer do procurador-geral da República enviado ao STF a respeito dos agravos regimentais (recursos) que pedem a paralisação da desintrusão dos não índios de Marãiwatsédé.

Tendo em vista a afirmação incorreta dada pelo suplente de senador José Aparecido dos Santos em entrevista, na sexta-feira, 23 de novembro, ao programa Bom Dia Mato Grosso, na TV Centro América, afiliada da TV Globo e ao site Circuito Mato Grosso, em notícia publicada no sábado 24 de novembro, o Ministério Público Federal tem a esclarecer que:

1. Três agravos regimentais (recursos) foram propostos contra a decisão, de 17 de outubro, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, ao suspender a decisão do vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região na medida cautelar inominada, possibilitou o seguimento do plano de desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsédé. Os três agravos regimentais (recursos) tramitam no STF sob o número SL 644.

2. No dia 19 de novembro, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e a vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, emitiram o parecer do Ministério Público Federal (MPF) quanto ao teor dos recursos.

3. Ao contrário do que foi afirmado pelo suplente de senador José Aparecido dos Santos – que o MPF deu parecer favorável ao pedido feito pela associação dos fazendeiros que ocupam a  terra indígena -, o MPF manifestou pela manutenção da decisão do dia 17 de outubro, do então presidente STF, que, ao suspender a decisão anterior do vice-presidente do TRF1, possibilitou que o plano de desintrusão fosse executado. Ou seja, o MPF se manifestou pela continuidade da desintrusão, que já está em curso.  (mais…)

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Dobra o número de mortos durante confrontos com PMs em SP

Léo Arcoverde, do “Agora”

A onda de violência que derrubou o ex-secretário de Estado da Segurança Pública Antonio Ferreira Pinto do cargo, na última quarta-feira, foi marcada também pela explosão do número mortos por PMs em supostos confrontos na Grande São Paulo.

Dados do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) mostram que, de 24 de outubro até o último dia 19 (27 dias), 62 civis foram mortos por PMs na região metropolitana, em uma média diária de duas mortes –entre janeiro e setembro, era registrado um caso por dia.

Os registros do DHPP apontam que, durante o período analisado, uma de cada quatro mortes cometidas por PMs ocorreu na zona sul da capital.

O bairro campeão foi o Campo Limpo, com sete casos. Foi lá que o servente de pedreiro Paulo Batista Nascimento, 25, foi morto por cinco PMs após já ter sido rendido. A ação foi filmada por um cinegrafista amador e divulgada pela TV Globo. (mais…)

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Universidades públicas de SP irão propor cotas de 50%

O Estado de S.Paulo

As três universidades públicas paulistas, USP, Unesp e Unicamp, fecharam na quinta-feira (22) proposta que será apresentada nesta semana ao governador Geraldo Alckmin para adoção de um programa de cotas que destinará 50% das vagas a alunos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas. O objetivo é igualar os porcentuais estabelecidos pelo governo Dilma Rousseff para as universidades federais na Lei de Cotas.

A afirmação é do reitor da Unesp, Julio Cezar Durigan, membro do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo), que vinha discutindo o plano desde o início de outubro, quando o governador pediu a sua formulação, após a regulamentação da Lei de Cotas – que só se aplica às instituições federais de ensino.

A proposta estadual, assim como a lei federal, leva em conta critérios econômicos e raciais de inclusão. Metade das vagas reservadas seria para estudantes com renda familiar igual ou inferior a 1,5 salário mínimo por pessoa; e 35%, para pretos, pardos e índios.

“A proposta para o programa de cotas já foi escrita e vai ser apresentada nesta semana ao governador. Estamos fazendo o mesmo que o governo federal, mas com mais qualidade”, afirmou Durigan, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Atualmente reitor em exercício, ele já foi nomeado para assumir formalmente a reitoria pelos próximos quatro anos, a partir de janeiro. (mais…)

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Governo federal exonera investigados pela Operação Porto Seguro

Pedro Peduzzi, Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Diário Oficial da União publicou hoje (26) os primeiros nomes de servidores exonerados de cargos de confiança e a abertura de frentes investigativas e processos disciplinares decorrentes da Operação Porto Seguro da Polícia Federal.

A Casa Civil exonerou a chefe de gabinete do escritório da representação da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, e estabeleceu prazo de 30 dias para a conclusão das investigações contra a servidora. A Advocacia-Geral da União (AGU) exonerou o adjunto do Advogado-Geral José Weber de Holanda. O órgão informou que Holanda foi afastado de suas funções, até que seja concluída a investigação.

Na Secretaria do Patrimônio da União (SPU), o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão exonerou do cargo de assessora, Evangelina de Almeida Pinho, que também é investigada pela PF. A Secretaria de Aviação Civil exonerou o diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Rubens Carlos Vieira. Por meio de nota, a Anac informou que foi instaurado processo administrativo para “apurar se as supostas irregularidades tiveram algum impacto na Agência”.

Em nota, a Agência Nacional das Águas (ANA) informou ter afastado do cargo de diretor, Paulo Rodrigues Vieira. Já o Ministério do Meio Ambiente determinou a criação de comissão especial para apurar os fatos e responsabilidades relativos à operação deflagrada pela Polícia Federal. Os trabalhos devem ser concluídos em 60 dias. (mais…)

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Acordo que permitirá acesso de estados ao Cadastro Ambiental Rural deve ser assinado na quinta-feira

Isabela Vieira, Repórter da Agencia Brasil

Rio de Janeiro – O Ministério do Meio Ambiente deve assinar na quinta-feira (29) um acordo para disponibilizar aos estados brasileiros imagens de satélite do Cadastro Ambiental Rural (CAR). O banco de dados é uma das novidades do Código Florestal.

A informação foi dada hoje (26) pela ministra Izabella Teixeira, durante evento da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA), no Rio de Janeiro.

“Esta semana, na reunião do Conama [Conselho Nacional do Meio Ambiente], assino os termos de cooperação para passar as imagens aos estados, de tal maneira que possam se preparar para fazer, com os municípios, o cadastramento do CAR em todo o pais”, explicou a ministra.

O banco de dados será alimentado pelos próprios produtores, pela internet. O modelo será parecido com o da Declaração do Imposto de Renda.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) auxiliará o preenchimento, por telefone e pela internet. Estão previstas ainda parcerias com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e cooperativas rurais. (mais…)

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PEC 71/2011: um Cavalo de Troia

Beware of Greeks bearing gifts, óleo de Henri Motte. Século XIX.

Tania Pacheco

Embora escrevendo num blog, não estamos nos referindo, aqui, ao termo utilizado em informática, e sim ao cavalo que, segundo a história, foi o estratagema inventado por Ulisses para vencer os troianos. Após algum tempo de cerco mal sucedido, os gregos fingiram abandonar a luta e partir em seus barcos, deixando como um falso presente um enorme cavalo de madeira, que os troianos entenderam como um presente e levaram para dentro da cidadela. Só que o imenso cavalo escondia dentro de si os soldados gregos, que, à noite, saíram de seu bojo e atacaram os troianos, vencendo assim a famosa Guerra de Troia.

Na definição curta e precisa de uma amiga do mundo das leis, a PEC 71/2011, proposta pelo senador do PSDB de Santa Catarina Paulo Bauer, é exatamente isso: um Cavalo de Troia. E o pior é que assim está sendo recebida por centenas (?) de pessoas nas redes sociais. Algumas, por ingenuidade; outras, por descaso; finalmente, outras ainda porque, no caso, agem como aliadas dos gregos na conquista de Troia. (mais…)

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Sobrenome: “Guarani Kaiowá”, por Eliane Brum

O que move um brasileiro urbano, não índio, a agregar “guarani kaiowa” ao seu nome no Twitter e no Facebook?

Eliane Brum

No início de outubro, a carta de um grupo de guaranis caiovás de Mato Grosso do Sul provocou uma mobilização, em vários aspectos inédita, na sociedade brasileira. No texto (escrevi sobre isso aqui), os índios, ameaçados de despejo por ordem judicial, declaravam: “Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui”. A carta foi divulgada pelo Twitter e pelo Facebook, gerando uma rede de solidariedade e de denúncia das violências enfrentadas por essa etnia indígena. Desta rede, participaram – e participam – milhares de brasileiros urbanos.

Para muitos deles, este foi o primeiro contato com o genocídio guarani caiová, apesar de o processo de extermínio da etnia ter se iniciado muito tempo antes. De repente, pessoas de diferentes idades, profissões e regiões geográficas passaram a falar diretamente com as lideranças indígenas, no espaço das redes sociais, sem precisar de nenhum tipo de mediação. E de imediato passaram a ampliar suas vozes. A partir dessa rede de pressão, as instituições – governo federal, congresso, judiciário etc – foram obrigadas a colocar a questão na pauta.

Depois de dias, em alguns casos semanas, a imprensa repercutiu o que ecoava nas redes. Alguns dos grandes jornais enviaram repórteres para a região, colunistas escreveram artigos com diferentes pontos de vista. O movimento de adesão à causa guarani caiová nas redes sociais – sua articulação, significados e consequências – é um fenômeno fascinante. E, por sua força e novidade, traz com ele uma série de questões que possivelmente precisem de muito tempo para serem respondidas – e que não têm uma resposta só.  (mais…)

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