Conheça a carreira de Milton Nascimento em 70 passos

 (Carlos Moura/D.A Press )
(Carlos Moura/D.A Press )

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1 – Aos 2 anos, em 1942, Milton Nascimento já ensaiava os primeiros sons ao piano. Pouco depois, ganhou uma sanfona de dois baixos;

– Em 1944, o carioca Milton perde a mãe, Maria do Carmo, no Rio de Janeiro. Vai morar com a avó biológica em Juiz de Fora, mas não se adaptou à nova família;

3 – Conhecidos de Maria do Carmo, Lília e Josino de Brito Campos, ao ver a tristeza do menino, pedem à avó que o deixe morar com eles. Milton segue com o jovem casal para Três Pontas, no Sul de Minas Gerais;

4 – Antes dos 7 anos, ele ganha uma gaita e uma sanfona de quatro baixos. O primeiro violão chega aos 13, quando ele e Wagner Tiso formam o grupo Luar de Prata;

5 – Milton e Wagner criam a banda Ws Boys. São convidados para participar do Conjunto Holliday, em Belo Horizonte. Em 1960, gravam o compacto Barulho de trem;

6 – O apelido Bituca foi dado por Lília, a mãe adotiva. Ela achava graça no beiço que Milton fazia ao ser contrariado;

7 – Em 1963, Bituca se muda para BH, com 20 anos. Vai morar numa pensão no Edifício Levy, conhece a família Borges e passa a integrar o conjunto de bailes de Célio Balona;

8 – Monta o Berimbau Trio com Wagner Tiso e Paulinho Braga. Começa a compor. Em 1964, grava o LP Quarteto Sambacana,
com Pacífico Mascarenhas;

9 – Milton vai para São Paulo e participa do Festival Berimbau de Ouro, em 1966. Canta Cidade vazia, de Baden Powell e Lula Freire;

10 – O Tempo Trio grava a primeira música de Bituca, E a gente sonhando. Elis Regina, que viria a ser amiga e musa, inclui Canção do sal no disco Elis;

11 – Milton se desilude com os festivais. Mas o cantor Agostinho dos Santos, a pretexto de gravar um disco, pede três canções a ele e as inscreve, em segredo, no Festival Internacional da Canção, em 1967;

12 – As três canções são classificadas – inclusive Travessia. A parceria com Fernando Brant projeta Milton e o leva a gravar o primeiro disco solo;

13 – O disco Courage é lançado nos Estados Unidos. Em 1968, começa a carreira internacional de Bituca;

14 – Milton Nascimento, disco de 1969, traz as canções Beco do Mota e Pai Grande. Em 1970, ele grava Milton com a banda Som Imaginário. Pra Lennon e McCartney é uma das faixas;

15 – Em 1972, surge Clube da Esquina. O disco em parceria com Lô Borges batiza um dos principais movimentos da MPB;

16 – A musicalidade de Clube da Esquina destaca nacionalmente Lô e Márcio Borges, Beto Guedes, Toninho Horta, Fernando Brant e Ronaldo Bastos, entre outros. O disco deslumbra o mundo;

17 – Milton e parceiros estão na mira da ditadura militar. Milagre dos peixes, disco de 1973, tem quase todas as letras censuradas. Sai com várias faixas instrumentais. Perseguido, Bituca passa a fazer shows promovidos por diretórios estudantis;

18 – O show Milagre dos peixes vira disco. Segundo Milton, foi o primeiro álbum de música popular gravado com uma orquestra sinfônica, a do Rio de Janeiro, ao vivo;

19 – Em 1974, o mundo do jazz se deslumbra com Bituca. Ele e o saxofonista Wayne Shorter gravam o disco Native dancer, nos EUA;

20 – Bituca “globaliza” o Clube da Esquina, dividindo microfones e estúdios com Pat Metheny, Herbie Hancock, Ron Carter, Mercedes Sosa, Fito Paez, Hubert Laws, Peter Gabriel, James Taylor, Sting, Paul Simon, Jon Andersen e Duran Duran;

21 – Maurice White, do Earth, Wind and Fire, declara que as músicas e seu grupo se inspiraram nos falsetes de Milton Nascimento. Bjork é outra fã de carteirinha;

22 – Em 1975, o disco Minas desmente quem tachava Bituca de “hermético”. Fé cega, faca amolada, Ponta de areia e Paula e Bebeto se tornam hits ;

23 – Minas chega ao 1º lugar na parada de sucessos australiana. Conta com a participação do pianista Tenório Jr., posteriormente desaparecido na Argentina durante a ditadura militar;

24 – Minas se desdobra em Gerais, disco com forte marca latino-americana. A diva argentina Mercedes Sosa canta com Milton;

25 – Milton compõe a trilha do balé Maria Maria, que marca a estreia do Corpo. O grupo mineiro se tornou uma das companhias de dança mais respeitadas do mundo;

26 – Clube da Esquina dois chega, seis anos depois do clássico. Reúne Elis Regina, Chico Buarque, Gonzaguinha, Flávio Venturini, Boca Livre, César Camargo, Joyce, Francis Hime, Olívia Hime, Beto Guedes, Danilo Caymmi, Paulo Jobim, Nelson Ângelo, Toninho Horta, Lô Borges e Wagner Tiso, entre outros;

27 – A parceria com o Grupo Corpo se repete: Milton compõe a trilha do balé Último trem;

28 – Milton sempre teve um pé no samba. No começo da carreira, tocou nos grupos Evolussamba e Sambacana;

29 – O disco Sentinela, de 1980, o leva para a primeira turnê europeia. Faz shows na Suíça, em Portugal e na França. Por 10 dias ele lota o Théâtre de la Ville, em Paris;

30 – Missa dos quilombos, musicada por ele, homenageia Zumbi dos Palmares. Parceria com dom Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra, o projeto estreia no Recife;

31 – Ideia de dom Hélder Câmara, Missa dos quilombos vira disco. É encenada na praça da Catedral de San Tiago de Compostela, na Espanha;

32 – Em 1983, Milton e Wagner Tiso compuseram Coração de estudante para o filme Jango, de Sílvio Tendler. A letra se refere ao jovem Edson Luís, morto pela polícia em 1968 – estopim para imensas passeatas contra a ditadura militar

33 – Em 1985, Coração de estudante vira hino das Diretas Já, campanha em que Milton e artistas se engajam. No ano seguinte, foi a trilha sonora da agonia e morte do presidente eleito Tancredo Neves;

34 – Em 1984, Milton estreia no Carnegie Hall, em Nova York, em temporada de sucesso;

35 – Em 1985, o presidente francês François Mitterrand nomeia Bituca Cavaleiro da Ordem das Artes das Ciências e Letras
de seu país;

36 – O disco A barca dos amantes é gravado ao vivo com Wayne Shorter, em São Paulo. Na Argentina, Milton também faz outro ao vivo, com Mercedes Sosa e Leon Gieco;

37 – Bituca estreia no Japão, em 1988. Em Tóquio, inaugura o Fã-Clube da Esquina;

38 – Milton abraça a causa dos povos da floresta. Viaja de barco pelo Rio Juruá, no Acre, e grava o disco Txai, em 1990. Torna-se astro da world music e se destaca no ranking da revista Billboard;

39 – Impressionado com o cacique Benke, que discursou na Rio-92, Milton compõe canção inspirada no líder ashaninka;

40 – O mundo celebra a música de Milton. Ele ganha o título de World beat artist of the year concedido pela revista Downbeat (1990), pela Downbeat Reader’s Pool (1991) e pela Downbeat Critic’s Pool (1992);

41 – Em 1995, sai o disco Angelus, apelidado de “Clube da Esquina 3”. Os astros James Taylor, Herbie Hancock, Wayne Shorter, Jon Anderson, Ron Carter, Peter Gabriel, Pat Metheny e Jack Dejohnette participam das gravações;

42 – Angelus não surgiu em estúdios luxuosos do Primeiro Mundo. A maioria das gravações se deu numa fazenda em Esmeraldas, no interior de MG. O álbum foi concluído em Nova York;

43 – O CD Nascimento (1997) e a turnê Tambores de Minas, espetáculo com direção de Gabriel Villela, marcam uma espécie de volta às raízes afro-mineiras;

44 – Nascimento recebe o Grammy de melhor álbum de world music de 1998. Milton comove o país, que acompanha sua internação por causa de diabetes;

45 – Bituca recupera a saúde. Tambores de Minas, com direção de Gabriel Villela, ganha apresentação histórica na Praça Tiradentes, em Ouro Preto;

46 – Durante a gravação do DVD Tambores de Minas, no Teatro João Caetano, no Rio, Milton recebe das mãos do produtor Russ Titleman a estatueta do Grammy;

47 – Em cerimônia emocionante, Milton é coroado Rei Congo em Divinópolis, no Oeste de MG. A população para para homenageá-lo. O cortejo festivo sai pelas ruas;

48 – Milton volta ao passado, quando cantava “em troca de pão”. Em 1999, anima verdadeiros bailes – com direito a orquestra – durante a turnê do disco Crooner. A festa chega à América Latina e à Europa;

49 – Milton recebe o título de doutor honoris causa da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Ele e o escritor português José Saramago são condecorados com a medalha de ouro da Sisac, no Chile;

50 – Crooner recebe o Grammy Latino na categoria disco pop contemporâneo brasileiro. Milton Nascimento e Gilberto Gil se tornam parceiros e gravam CD em 2001;

51 – A dupla Sandy e Júnior participa do disco de Gil e Milton, que recebem críticas por gravar com os filhos hitmakers do sertanejo Xororó. Os veteranos saem em defesa dos “meninos”;

52 – Nos 30 anos de Clube da Esquina, em 2002, uma surpresa: durante show em São Paulo, a praticamente desconhecida Maria Rita, filha de Elis, canta Roupa nova com o “compadre” da mãe;

53 – Bituca homenageia as mulheres – sobretudo a mãe, Lilia, que morreu em 1998 – no CD Pietá. Convida Maria Rita, Simone Guimarães e Marina Machado para acompanhá-lo nas gravações. Marina faz longa turnê com ele;

54 – Para gerenciar a carreira e ganhar independência, Milton cria o selo Nascimento e sai da gravadora Warner;

55 – O espetáculo Ser Minas tão Gerais (2004), em parceria com o grupo Ponto de Partida, de Barbacena, e Meninos de Araçuaí é gravado em DVD. Ressalta as raízes mineiras de Bituca;

56 – Milton espanta críticos e público em Ser Minas tão Gerais. Não era o “astro” daquele palco. Dividia-o alegremente com a garotada do Vale do Jequitinhonha e com a jovem trupe barbacenense;

57 – Tristesse, faixa do disco Pietá, parceria com Telo Borges, vence o Grammy Latino na categoria canção brasileira;

58 – Em 2005, outro Grammy Latino: A festa, música de Milton interpretada por Maria Rita, vence a categoria canção brasileira;

59 – Milton recebe a medalha de ouro da Academia de Artes, Ciências e Letras da França pelo conjunto da obra, em 2006;

60 – Em 2007, Bituca arrasa no Japão. Faz 10 shows, para a alegria dos fã-clubes de lá;

61 – O disco Novas bossas (2008), em parceria com o Jobim Trio, apresenta releituras de canções de Tom Jobim, Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes e Lô Borges;

62 – Outro projeto francês: o disco Milton Nascimento & Belmondo (2009) junta o brasileiro aos irmãos Lionel Belmondo (sax e flauta) e Stéphane Belmondo (trompete), conceituados no meio jazzístico parisiense;

63 – O anfiteatro da casa de Milton Nascimento, no Rio de Janeiro, chama-se Wayne Shorter. Com direito a harmônico e piano de cauda;

64 – Bituca nunca abandonou a luta dos povos indígenas. Em 2010, ele participou de ato em favor dos guaranis do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande;

65 – Milton sempre manteve os laços com Três Pontas. Ele gravou seu último disco, E a gente sonhando, ao lado de jovens músicos da cidade;

66 – Quarenta anos depois do lançamento de Clube da Esquina, a repórter Ana Clara Brant e o fotógrafo Túlio Santos, do Estado de Minas, põem fim ao mistério sobre os garotos da capa do disco. Em março, em Nova Friburgo (RJ), eles descobrem a identidade da dupla: José Antônio Rimes, o Tonho, e Antônio Carlos Oliveira, Cacau. Milton Nascimento e Lô Borges se emocionam com a revelação;

67 – A bela letra de Ronaldo Bastos para Pablo, que fala do garoto com ‘‘pó de nuvem nos cabelos‘‘, é dedicada ao único filho de Bituca;

68 – Isto é Milton, segundo o jornal francês Le Parisien: “Este anjo negro do Brasil é dono de uma das vozes mais surpreendentes que a América nos ofereceu em todos os tempos”;

69 Assim Bituca se refere a seu disco mais famoso: “Penso que o Clube não pertencia a uma esquina, a uma turma, a uma cidade. Mas a quem, no pedaço mais distante do mundo, ouvisse nossas vozes e se juntasse a nós”;

70 – “Se Deus cantasse, seria com a voz do Milton”. Palavra de Elis Regina.

Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2012/10/26/interna_diversao_arte,330196/conheca-a-carreira-de-milton-nascimento-em-70-passos.shtml#.UIqJSDGY0cM.gmail

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