Deputado explora em campanha obras contra a seca liberadas pelo pai ministro

No mesmo dia em que tratores levaram benfeitorias a bairro, foram levadas faixas do candidato

Em Petrolina, no sertão de Pernambuco, grupo político liderado pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), usa a promessa de água e asfalto para angariar votos e eleger Fernando Coelho Filho (PSB) para a prefeitura da cidade

Fábio Fabrini, de O Estado de S.Paulo

PETROLINA – Castigado pela pior seca dos últimos 30 anos, o sertão de Pernambuco vive em pleno 2012 a reedição de um clássico enredo eleitoral do Nordeste. Para eleger o deputado federal Fernando Coelho Filho (PSB) prefeito de Petrolina, o grupo político liderado pelo ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), pai do candidato, usa água para angariar votos.

Em campanha, o candidato explora amplamente obras para levar adutoras e reservatórios à vasta caatinga do município, executadas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) a partir de emendas que ele próprio apresentou e a pasta comandada pelo pai, responsável pela estatal, liberou.

O projeto da família inclui a ascensão de Fernando Filho à prefeitura num primeiro passo e, em 2014, a candidatura do ministro Bezerra ao governo pernambucano. (mais…)

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Grandes cidades investiram na revitalização dos rios

Maioria adotou mudanças na legislação para acabar com o despejo de dejetos industriais e criar programas permanentes de limpeza

O Estado de S.Paulo

Nas últimas décadas, esforços pela limpeza dos rios nas grandes cidades têm ocorrido em todo o mundo, motivados pelo aumento acelerado dos dejetos jogados nos cursos d’água que acompanhou a crescente industrialização a partir da 2.ª Guerra.

O caso mais célebre é o do Rio Tâmisa, que divide Londres e foi considerado biologicamente morto em 1957, após décadas de sujeira crescente. A mudança ocorreu com leis que proibiram o lançamento de dejetos por empresas e no tratamento de esgoto da capital britânica. Hoje o Tâmisa está mais limpo que há 150 anos e abriga 125 espécies de peixes e mais de 400 de invertebrados.

Outro grande rio europeu que foi revitalizado é o Reno, que corta nove países, entre eles a Alemanha. Antes chamado de “o esgoto aberto da Europa”, a limpeza começou em 1987 e hoje a poluição caiu em 90%. O resultado foi a volta dos peixes.

A Coreia do Sul também fez um esforço gigantesco de revitalização de rio. Desde os anos 1970, o Rio Cheonggyecheon, que passa pela capital Seul, estava coberto por vias expressas, que finalmente foram demolidas em 2003. Cerca de US$ 1 bilhão foi gasto em dois anos para restaurar o curso original do rio e desviar o trânsito. Com isso, houve melhorias ambientais palpáveis: a qualidade do ar subiu, as temperaturas no verão caíram e várias espécies de peixes, pássaros e insetos retornaram ao local. Essas melhorias também atraíram investimentos para o centro da cidade e mais de 50 milhões de turistas apenas nos dois anos seguintes à iniciativa. (mais…)

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Chacina de Mesquita

Os corpos dos seis jovens foram encontrados próximos a uma obra, na Rodovia Presidente Dutra

Victor Viana

No dia 8 de setembro, seis amigos de infância pretendiam tomar banho de cachoeira no Parque de Gericinó, área abandonada pelo exército, no bairro da Chatuba, em Mesquita. Os jovens, que tinham entre 16 e 19 anos, moravam no Cabral, em Nilópolis, saíram de um festival de pipas e foram rumo à cachoeira. Não voltariam. Sem notícias, as famílias passaram aflitas o fim de semana. Só na segunda-feira, 10, pela manhã, souberam que os jovens haviam sido assassinados.

Os corpos dos seis jovens foram encontrados próximos a uma obra, na Rodovia Presidente Dutra, com características de que tinham sido brutalmente torturados antes da morte. Com tiros na cabeça, estavam nus e enrolados em plásticos.

A chacina deu origem a uma série de especulações. “Morreram porque eram bandidos, por que foram confundidos com bandidos, por represália dos traficantes às UPPs, descaso com a baixada?” Nada que justificasse a atrocidade cometida no bairro da Chatuba, chamado agora de favela em várias das notícias sobre o ocorrido (será que pensam que diferença entre bairro e favela é dada pelo grau de violência?). Tamanha foi a gravidade da situação, que a Polícia Militar instalou uma companhia destacada, com mais de 100 PMs, e ocupou a região. (mais…)

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“Vivos o muertos estaremos en nuestra tierra”, dicen los guaraní-kaiowá en Brasil

Foto: Aty Guasu

Ante la lentitud e insensibilidad del gobierno cuando se trata de devolverles sus tierras, dos grupos de indígenas guaraní-kaiowá se cansaron de esperar y decidieron recuperar dos áreas en la frontera con Paraguay, pese a las agresiones de hacendados y pistoleros

Spensy Pimentel

Mato Grosso do Sul,Brasil.Otros dos grupos de guaraní-kaiowá se cansaron de esperar la acción del gobierno brasileño y toman la justicia y la tierra con sus manos. Como si no bastara la espera por las decenas de áreas cuya demarcación aguardan desde hace años, incluso en áreas cuyos decretos de homologación ya fueron firmados por el presidente de la república continúan ocupadas por los hacendados. Esto sucede por la lentitud del Poder Judicial cuando se trata de garantizar los derechos indígenas, y por la rapidez de ciertos jueces para conceder medidas a favor de los colonos blancos.

Los dos grupos que ocuparon tierras en las últimas semanas son de la región de Paranhos (Mato Grosso do Sul), en plena zona fronteriza con el Paraguay. Históricamente, la región tiene fama de ser violenta y peligrosa debido a la impunidad de la que gozan una cantidad indeterminada de asesinos a sueldo desparramados en esta zona fronteriza sin control. Además, hay un gran flujo de armas de fuego debido a la presencia del narcotráfico – existen enormes plantaciones de marihuana destinadas a abastecer las grandes ciudades brasileñas de São Paulo y Río de Janeiro que están en las proximidades del lado paraguayo. (mais…)

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A desnacionalização fundiária

Os grandes agronegocistas brasileiros estão pressionando o governo e o Congresso, a fim de que sejam abolidas as restrições (já de si débeis) à aquisição de terras nacionais pelos estrangeiros. Eles querem ganhar, ao se associarem aos capitais de fora ou participando da especulação de terras

Mauro Santayana

Há cem anos, sobre um vasto território entre o Paraná e Santa Catarina, uma empresa norte-americana, a Southern Brazil Lumber & Colonization, reinava absoluta. Com a maioria de empregados norte-americanos, contratados por Percival Farquhar, que pretendia transformar o Brasil em vasta empresa de sua propriedade, a Lumber abatia todas as árvores de valor comercial, da imbuia à araucária. Todas as manhãs, ao som de um gramofone, os empregados – incluídos os brasileiros – reunidos na sede da empresa, em Três Barras, entoavam o hino norte-americano, The Star-Spangled Banner, enquanto a bandeira de listras e estrelas era hasteada. Ao anoitecer, repetia-se a cerimônia, ao recolher-se o pavilhão. Ali mandavam e desmandavam os ianques. O imenso espaço em que se moviam os homens de Farquhar estava fora da jurisdição brasileira.

Embora não houvesse sido a única razão do conflito, a Lumber esteve no centro da Guerra do Contestado, um dos mais épicos movimentos de afirmação nacionalista do povo brasileiro. Nele, houve de tudo, dos interesses econômicos de Farquhar e seus assalariados pertencentes às oligarquias políticas, ao fanatismo religioso, em que não faltou uma Joana d’Arc – a menina Maria Rosa morta aos 15 anos na beira do Rio Caçador, lutando como homem. (mais…)

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De 23 novas hidrelétricas planejadas na Amazônia, 7 serão erguidas em áreas intocadas

Mapa novas hidreletricas na amazônia. Fonte: Blogue SOS Rios do Brasil

Usina no coração da floresta – O governo planeja instalar na Amazônia pelo menos 23 novas hidrelétricas, além das seis já em construção na região. Segundo levantamento do GLOBO, ao todo, essas 29 hidrelétricas vão gerar 38.292 MW, quase metade dos 78.909 MW produzidos pelas 201 usinas hidrelétricas em operação hoje no país. Sete delas, como as das bacias do Tapajós e do Jamanxim, serão feitas no coração da Amazônia, em áreas de floresta contínua praticamente intocadas. Outras estão em áreas remanescentes importantes de floresta amazônica, como o conjunto de sete hidrelétricas planejadas nos rios Aripuanã e Roosevelt, no Mosaico de Apuí, com impacto direto em 12 unidades de conservação de proteção integral e terras indígenas. A região, ao Sul do Amazonas, foi considerada de prioridade extremamente alta para conservação pelo Ministério do Meio Ambiente, em 2006. Matéria de Cleide Carvalho, em O Globo, socializada pelo ClippingMP. (mais…)

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D. Tomás Balduíno: “Nossa reforma agrária ainda é a dos militares” – Especial para o QTMD?

Bispo emérito de Goiás, fundador e por seis anos presidente da Comissão Pastoral da Terra, fundador do Conselho Indigenista Missionário, com 90 anos de “uma vida a serviço da humanidade” (registrada em livro), D. Tomás Balduíno encontra momentos de sossego no Convento São Judas, onde mora em Goiânia, porém não desistiu de procurar a agitação dos movimentos sociais. (mais…)

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Que o feminismo tem a ver com prefeituras?

Marcha das Vadias-2012, em São José do Rio Preto-SP

Postura vergonhosa de SP perante aborto legal é um dos casos que revelam: direitos das mulheres precisam ir às urnas

Por Marília Moschkovich, editora de Mulher Alternativa

Chegamos aos finalmente (ou quase isso) das campanhas que antecedem o primeiro turno das eleições municipais. Escolher uma pessoa pra ocupar uma posição na câmara municipal de sua cidade, e saber como ela funciona, quais são a coligações, etc. é um bom começo. Importantíssimo, aliás. Como já comentei em outro texto, no Mulher Alternativa, é preciso rompermos com discursos generalistas que não se posicionam de forma concreta sobre os assuntos da cidade. Declarar-se “contra a corrupção” ou “a favor da educação” não são exatamente plataformas políticas. Quais são, de fato, as propostas dos seus e das suas candidatos/as?

É nessa hora que o bicho pega. Posicionar-se de forma clara e objetiva significa, para muitos/as candidatos/as, perder votos. Assumir um lado. Ou então, ter que pensar sobre o assunto. Quantos vereadores de sua cidade têm alguma ideia do que vereadores podem fazer, de fato, em relação a pautas aparentemente mais amplas? Quantos eleitores têm essa ideia clara para si? (mais…)

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Cultura: a carta dos movimentos a Marta Suplicy

Que propostas foram apresentadas à ministra, em 20/9. Por que elas abrem nova avenida para a cultura política da autonomia

Uma grande inovação política pode ter ocorrido em 20 de setembro, quando os movimentos sociais da Cultura reuniram-se com a nova ministra da área, Marta Suplicy. O encontro permite ter esperanças na recuperação de um ministério extremamente inovador, durante o governo Lula – porém opaco, nos últimos dois anos. Mas seu alcance vai além. Ele abre novas janelas para a ação dos movimentos que reclamam a autonomia e a reinvenção da política, mas que não abrem mão de exercer influência sobre o Estado desde já. E marca um contraste brutal entre a ação da sociedade civil organizada e o das grandes empresas e lobbies – acostumados a colonizar o poder; fazê-lo agir segundo seus interesses privados; cultivar os sigilos comprometedores, o tráfico de influências e múltiplas formas de corrupção. (mais…)

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