Golpe de Estado sob forma de ‘Julgamento político’ destitui Fernando Lugo do cargo de presidente

Rogéria Araújo, Jornalista da Adital

No início da tarde desta sexta-feira, o Senado decidiu, em julgamento político, a condenação de Fernando Lugo que, assim, será destituído do cargo de presidente do país. O pedido foi feito pela Câmara de Deputados e acatado pela maioria dos senadores que desde ontem iniciou o processo, sob protestos da população e sob pedidos da União das Nações Sul-americanas, que pedem respeito pela democracia no país, uma vez que Lugo foi eleito legitimamente pelo povo do Paraguai.

As informações de jornais locais davam conta que desde manhã o documento que destituiria Lugo já estava pronto. E que, neste caso, assumiria o vice-presidente, Federico Franco. No fim da tarde, o resultou apontou 39 votos pela condenação, 4 votos contrários à condenação e 2 ausências. Os parlamentares que apoiaram Lugo afirmaram categoricamente que se tratou de um claro golpe de estado.

A delegação da União das Nações Sulamericanas (Unasul) está acompanhando o presidente paraguaio Fernando Lugo, no Congresso Nacional. Desde ontem milhares de pessoas tomam as ruas de Assunção em favor da permanência do mandatário, eleito em 2008. Para muitos, a manobra da oposição significa um Golpe de Estado, já que não havia razões suficientes para que o Congresso se reunisse de ontem para hoje e se configurasse como tribunal. Advogados tentaram obter mais tempo para a defesa do presidente, mas o pedido não foi aceito pelo Senado.

O motivo central argumentado pelos senadores foram as mortes de 17 pessoas, entre indígenas e policiais durante um conflito por terras ocorrido no último dia 15 Curuguaty. De acordo com informações do Senado, isto foi suficiente para acatar o pedido.

A Unasul chama a atenção para o perigo que representa esta iniciativa do Congresso – onde Lugo tem minoria de apoio – afirmando que este instrumento está ferindo a democracia e a soberania do país.

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=68177

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Coletiva de imprensa encerra Cúpula dos Povos na Rio+20 e apresenta Declaração Final

Adital – A Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental foi encerrada nesta sexta-feira (22) com a realização de uma coletiva de imprensa nos Arcos da Lapa. Estiveram presentes 18 representantes de organizações que estiveram à frente da Cúpula. A coletiva foi realizada para avaliar e fazer um balanço dos dias de evento da sociedade civil, que aconteceu em paralelo à Conferência nas Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

No encontro com a imprensa foi assegurado que a Cúpula dos Povos cumpriu seu papel que era de ser um contraponto ao evento oficial, já que a sociedade civil não se reconhecia no Riocentro e nos debates que aconteceram lá. Os representantes também confirmaram o posicionamento de que o documento da Rio+20 foi um fracasso.

“O governo brasileiro foi pífio, não avançou na agenda sobre os quilombolas, na demarcação de terras indígenas, na garantia aos direitos reprodutivos das mulheres, na defesa aos oceanos, não vetou completamente o Código Florestal, mas sim fortaleceu o agronegócio e a economia capitalista pintada de verde”, manifestou Pedro Ivo, do Terrazul.

Durante a coletiva, também foi repudiada a matéria veiculada em portal na internet sobre as musas da Rio+20 e da Cúpula dos Povos. (mais…)

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Após reunião com secretário geral da ONU, delegação da Cúpula dos Povos se diz decepcionada

Natasha Pitts, Jornalista da Adital

Na manhã de ontem (22), uma delegação de representantes do Grupo de Articulação (GA) do Comitê Facilitador da Sociedade Civil (CFSC) para a Rio+20/Cúpula dos Povos se reuniu com o secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki Moon, para apresentar o documento final da Cúpula dos Povos. A reunião aconteceu no Riocentro, local onde  acontece a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Participaram deste encontro 36 delegados da Cúpula dos Povos. Cinco deles foram escolhidos como porta-vozes para apresentar o documento: Sharan Burrow, da Confederação Sindical Internacional (CSI); Mnimmo Bassey, ambientalista nigeriano; a canadense Nettie Wiebe, da Via Campesina Internacional; a sul-africana Mercia Andrews, do movimento de mulheres; e o brasileiro Antonio Marcos Alcântara de Oliveira, representando os povos indígenas.

Na ocasião, os representantes da sociedade civil apresentaram a Ban Ki Moon o documento final da Cúpula, produzido por todos os participantes durante as Plenárias de Convergência e as Assembleias dos Povos.

De acordo com Graciela Rodriguez, da Articulação de Mulheres Brasileiras, o encontro foi decepcionante, pois o secretário geral apenas repetiu o que já tinha sido dito por ele sobre a relevância do documento final da Rio+20 e a necessidade de “ser ambicioso, mas ter os pés na terra”. (mais…)

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Carta da Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental: Em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida

Que pena não sermos também contra todas as formas de racismo! Mas quem sabe isso virá “naturalmente” junto com a “revolução moral e intelectual da sociedade”… Cáspite! TP. 

Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos, organizações da sociedade civil e ambientalistas de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade.

A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembléias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.

As instituições financeiras multilaterais, as coalizações a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferencia oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro. (mais…)

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Rafael Correa: “Estamos diante de uma guerra não convencional”

Em uma entrevista especial concedida à Carta Maior e aos jornais Página/12, da Argentina, e La Jornada, do México, o presidente do Equador, Rafael Correa analisa o que considera ser um dos principais problemas do mundo hoje: o poder das grandes corporações de mídia que agem como um verdadeiro partido político contra governos que não rezam pela sua cartilha. “Essa é a luta, não há luta maior. Estamos diante de uma guerra não convencional, mas guerra, de conspiração, desestabilização e desgaste”.

Carta Maior, La Jornada e Página/12

Rio de Janeiro – Representante de uma nova geração de líderes políticos da esquerda latinoamericana, o presidente do Equador, Rafael Correa, foi lançado para a linha de frente do cenário político mundial com o pedido de asilo político feito, em Londres, pelo fundador do Wikileaks, Julian Assange. Há poucas semanas, Assange entrevistou Correa e os dois conversaram, entre coisas, sobre um tema de interesse de ambos: as operações de manipulação conduzidas pelas grandes corporações midiáticas. Agora, durante sua passagem pela Rio+20, Rafael Correa voltou com força ao tema.

Em uma entrevista especial concedida à Carta Maior e aos jornais Página/12, da Argentina, e La Jornada, do México, Correa analisa este que considera ser um dos principais problemas do mundo hoje: o poder das grandes corporações de mídia que, na América Latina, agem como um verdadeiro partido político contra governos que não rezam pela cartilha dos interesses desses grupos. “Essa é a luta, não há luta maior. Estamos diante de uma guerra não convencional, mas guerra, de conspiração, desestabilização e desgaste”.

Na entrevista, Correa fala sobre o pedido de asilo de Assange, relata o debate sobre uma nova lei de comunicações no Equador e faz um balanço pessimista sobre os resultados da Rio+20. Leia a entrevista: (mais…)

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Fiasco da Rio+20

O que nos espera após o fiasco da Rio+20? Ignorando a cidadania mundial, governos apostam em mínimo denominador comum e não apresentam propostas para a crise ecológica, afirma Cândido Grzybowski.

Cândido Grzybowski, Sociólogo, diretor do Ibase

Afinal, onde estamos? Para onde vamos? Como imaginamos o nosso destino comum em íntima relação com a natureza? De que forma construir as condições de bem viver e de felicidade para todos os seres humanos, sem distinção, cuidando e compartilhando o generoso Planeta que nos acolhe? Que mudanças precisamos fazer desde já no atual modo de nos organizar, produzir e consumir, gerador de exclusões e desigualdades sociais vergonhosas e destruidor da base da vida? São perguntas que cabe fazer neste final da Conferência Rio+20, quando mais uma vez nossos governantes demonstraram falta de determinação para iniciar a grande reconstrução de um mundo em crise. Muita pompa oficial para nada, propagando ainda mais incertezas sobre a nossa capacidade coletiva de mudar rumos para a sustentabilidade da vida, de todas formas de vida, e para a integridade do Planeta Terra. Enquanto isto… a crise se aprofunda e se amplia e a incerteza coletiva aumenta. A Rio+20 alimenta a capacidade destrutiva da crise mundial, ao invés de aproveitar o momento histórico e virar um marco de mudanças inadiáveis.

Precisamos afirmar em alto e bom tom que a crise de múltiplas facetas (climática e ambiental, financeira, alimentar, de valores…), que abarca o mundo inteiro, tem também um outro componente: a crise de governança. Isto se revela, de um lado, na falta de uma estrutura de poder mundial mais legítima do que a de hoje. O multilateralismo esgota-se e fica impotente diante da ameaça permanente dos imperialismos armados e seu poder de veto. Além disto, seu alcance esbarra nos Estados e suas velhas soberanias nacionais. É fundamental acrescentar, nesta sintética avaliação, que a economia hoje globalizada e a própria saúde das finanças públicas estatais dependem do enorme poder privado das grandes corporações econômico-financeiras, que submetem o mundo a seus interesses de acumulação. Temos um governo mundial de corporações mais do que de Estados. (mais…)

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