Em 5 anos, só 0,9% dos matriculados em cursos de ponta da USP são negros

Desde criação do programa de inclusão da universidade, 87 estudantes negros ingressaram em Medicina, Direito e Engenharia

PAULO SALDAÑA, OCIMARA BALMANT – O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO – Em cinco anos, os cursos de Medicina, Direito e Engenharia da Universidade de São Paulo (USP) – considerados de ponta – matricularam 77 alunos pretos. O número refere-se a 0,9% dos matriculados nas carreiras entre 2005 e 2011. Os dados de 2012 não estão disponíveis no site da Fuvest e a universidade não os forneceu. Preto é a terminologia usada pelo IBGE e pela USP para a cor da pele.

Anteontem, a Faculdade de Direito aprovou recomendação para que a USP adote o sistema de cotas raciais. A decisão será encaminhada ao Conselho Universitário, instância máxima da USP, a quem caberá discutir a adoção da medida. O conselho é, tradicionalmente, contrário à ideia de cotas. A USP entende que o sistema de bônus do Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp), voltado a alunos de escola pública, independentemente da cor da pele, já atende as demandas por inclusão. O Inclusp foi adotado a partir de 2007. (mais…)

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Com dois anos de atraso, cadastro de desaparecidos vai finalmente funcionar


A ferramenta pode ajudar famílias como a de Gildene de Jesus. A filha dela, Beatriz, está desaparecida desde 2010 (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 111011)
A ferramenta pode ajudar famílias como a de Gildene de Jesus. A filha dela, Beatriz, está desaparecida desde 2010

A ferramenta conta com programa para envelhecer fotografia e material genético de parentes. Segundo especialistas, coleta de DNA será um diferencial

Grasielle Castro e  Renata Mariz- Correio Braziliense

Com dois anos e meio de atraso, a lei que cria o Cadastro Nacional de Crianças Desaparecidas finalmente vai sair do papel.

Depois de uma tentativa fracassada, a Secretaria de Direitos Humanos (SDH), vinculada à Presidência da República, colocará no ar, em breve, a página em que pais, demais responsáveis e autoridades deverão incluir dados e foto do desaparecido. Segundo a secretaria, só depende de ajustes finais a definição da data de apresentação do site. Entre as novidades, estão um programa de computador capaz de envelhecer a imagem de um menino ou menina perdido há muito tempo e um formulário para parentes deixarem registrada a vontade de doar material genético a um banco de DNA. Esse recurso pode ser importante para agilizar testes de identificação de crianças encontradas em outros estados e até fora do Brasil. Além disso, o conselho tutelar mais próximo será acionado para visitar a casa do desaparecido. (mais…)

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Mãe de vítima emociona na instalação da Comissão da Verdade de Pernambuco

Onde está meu filho?’, pergunta Elzita Santa Cruz, 98 anos, dos quais 38 aguardando a resposta

Angela Lacerda, da Agência Estado

RECIFE – Elzita Santa Cruz, 98 anos, representante dos mortos e desaparecidos no período da ditadura militar, deu o tom de emoção à instalação da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara, na tarde desta sexta-feira, 1º, nos jardins do Palácio do Campo das Princesas. “Onde está meu filho?” perguntou ela, que aguarda uma resposta há 38 anos, desde o desaparecimento de Fernando Santa Cruz, sequestrado no dia 23 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro.

A solenidade contou com a presença do ex-governador, senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) – que está em processo de reaproximação com o governador Eduardo Campos (PSB) – da presidente da Comissão Parlamentar da Memória e da Verdade, Luiza Erundina, e do membro da Comissão nacional da Verdade, José Paulo Cavalcanti. (mais…)

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Pluralismo restrito: São Paulo repete com os bolivianos do século 21 o preconceito contra os nordestinos do século 20

Pluralismo restrito
Jeferson, de 16 anos: “A maioria dos brasileiros não fala com a gente. E tudo o que acontece é nossa culpa. Falam que a gente só traz cocaína para cá”. (Foto: Gerardo Lazzari)

Por: João Peres

Os irmãos Mamani sofrem da sina do mal viver. Uns nasceram na Bolívia, outros vieram ao mundo no Brasil. Não importa: os traços andinos, o jeito tímido e a pele morena são pecados suficientes para dar-lhes, em vida, o direito ao calvário. Não há idade para começar a pagar penitência. É o despertar dos colegas à intolerância ao diferente o que sela a sorte desses meninos e meninas.

Laura*, de 11 anos, vive distante do mundo colorido de seus ancestrais. “Não quero mais ir para a escola”, diz, envergonhada, sem fitar os olhos alheios, na casa em que vive, uma mistura de oficina de costura e moradia. Ultrapassado um pesado portão de ferro, revelam-se uma escadaria íngreme e, logo adiante, uma construção inacabada dividida em três pisos, todos habitados por várias famílias. A mãe trabalha das 7h às 22h30, de segunda a sexta, e faz umas horinhas no sábado em uma sala quente, de telhas plásticas, um ventilador ruidoso e luminárias amarradas por barbantes, prontas para despencar. Os problemas de Laura aumentaram no ano passado, quando passou a ser xingada dentro e fora da sala de aula. E também na rua de casa, onde é agredida fisicamente, o que torna as saídas cada vez mais escassas. “Falam que não gostam de bolivianos. A professora não faz nada”, queixa-se. Como ocorreu aos mais velhos, tomam-lhe o dinheiro do lanche. Como lhe ocorreu, contra o irmão de 7 anos, Álvaro*, atiram maçãs.Também batem e roubam.  (mais…)

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Justiça diz que já identifica casos de europeus vítimas de tráfico de pessoas no Brasil

Por: Pedro Peduzzi, da Agência Brasil

Brasília – A vontade de muitos jovens brasileiros de terem uma experiência profissional no exterior já resultou em muitos casos de vítimas de tráfico de pessoas. De acordo com o Ministério da Justiça, no entanto, com o crescimento econômico do Brasil e o aumento da fiscalização, é cada vez mais comum a identificação de cidadãos europeus vítimas desse crime no território brasileiro, iludidos por falsas oportunidades de trabalho.

“Durante muito tempo os brasileiros eram as maiores vítimas, quando iam aos países centrais. Agora, temos percebido que há ocorrência de tentativas de tráfico de pessoas a partir da América Latina e dos países centrais, que estão em crise. Neles, existem ocorrências de tentativas de tráfico de pessoas enviadas ao Brasil com o mesmo propósito”, disse o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão.

O combate a esse tipo de crime foi discutido no Seminário Internacional Brasil-União Europeia sobre Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. A constatação de problemas comuns, de acordo com Paulo Abrão, resultou na necessidade de se aproximarem com o objetivo de planejar ações e definir parâmetros para a troca de informações. “Vamos padronizar essa coleta de informações para que, em um ano, tenhamos dados confiáveis para formular nossas políticas”, adiantou. (mais…)

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Catadores do Jardim Gramacho, que fecha hoje, serão indenizados em R$ 24 milhões

Maior aterro sanitário da América Latina proporcionava renda para 1600 famílias

Catadores do Jardim Gramacho, que fecha hoje, serão indenizados em R$ 24 milhões
Cena do documentário Lixo Extraordinário (de Lucy Walker), sobre trabalho do artista plástico Vik Muniz junto a catadores do Jd. Gramacho (Foto: Divulgação)

Por: Lauany Rosa, da Rede Brasil Atual

São Paulo – O Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, o maior da América Latina, será fechado hoje (1º), devido à superlotação e ao risco socioambiental. Catadores que trabalhavam no local serão indenizados pela prefeitura do Rio de Janeiro e os familiares, beneficiados por programas do governo federal.

O fechamento do lixão será apresentado durante a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável), dias 20 a 22 de junho no Rio de Janeiro, como exemplo da substituição de um local sem tratamento de resíduos por modernos aterros sanitários. Instalado há 36 anos em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, chegou a funcionar 24 horas por dia. Até ontem (31), 30% da capacidade estava em funcionamento. Nesse período, 1.603 catadores tiraram o sustento de suas famílias das 9,5 mil toneladas de lixo ali despejadas diariamente.

Segundo o presidente do Conselho do Fórum Estadual de Lixo e Cidadania do Rio de Janeiro, Jorge Pinheiro, estão sendo tomadas medidas para recuperação do local. “A área será tratada. O processo socioambiental já começou, e um plano urbanístico também está sendo feito no bairro.” (mais…)

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Ocupar uma propriedade que não cumpre sua função social é exigir a lei, diz MST

Ocupar uma propriedade que não cumpre sua função social é exigir a lei, diz MST
"O movimento social precisa ir no limite da lei", diz coordenador da área jurídica do MST (Foto: Camila Rodrigues/Divulgação)

Advogado do MST, Ney Strozake, afirma que o movimento busca forçar o Poder Executivo a fazer valer a Constituição Federal

Por: Redação da Rede Brasil Atual

São Paulo – O advogado Ney Strozake, coordenador da área jurídica do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), afirmou que a ocupação de terras ocorre para demandar do Poder Executivo o cumprimento da lei. Em um evento na Faculdade Cásper Líbero, na quarta-feira (30), ele disse que a Constituição Federal de 1988 determina que a União deve desapropriar a propriedade rural que não cumpre sua função social. Para Strozake, as ações do movimento seriam noticiadas pelos veículos de comunicação como crimes, pois eles seguiriam a opinião do poder político dos proprietários de terra.

“Ocupar uma propriedade que não cumpre sua função social é exigir a lei”, disse ele. No artigo 184 da Constituição Federal é dito: “Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social”. E a função social, especificada logo em seguida na Carta Magna, no artigo 186, é cumprida quando, simultaneamente, há o aproveitamento racional e adequado da terra, a utilização adequada dos recursos naturais e preservação do meio ambiente, quando as relações de trabalho são respeitadas, e quando a exploração favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. Quando uma propriedade não cumpre uma dessas exigências, de acordo com Strozake, o MST a ocupa com a perspectiva que a União a desaproprie e, dela, faça um assentamento.“Enquanto o Estado não desapropriar, ele está desrespeitando a lei”, disse. (mais…)

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Entidades cobram mais ações do governo paulista para localização de desaparecidos no estado

Por: Camila Maciel, da Agência Brasil

São Paulo – O ato em solidariedade a parentes de pessoas desaparecidas, ocorrido hoje (1º) na Assembleia Legislativa de São Paulo, foi marcado por críticas à falta de políticas públicas que garantam uma busca eficiente dessas pessoas. Parte dessas reivindicações estaria contempladas no Projeto de Lei nº 463, de 2011, que cria a Política Estadual de Busca a Desaparecidos. A proposta, no entanto, foi integralmente vetada pelo governador Geraldo Alckmin, em março deste ano.

Dados inconsistentes, despreparo dos agentes públicos, falta de integração entre os diversos níveis de governo e a ausência de um sistema de informações interligado foram algumas das falhas denunciadas por representantes de organizações da sociedade civil e por deputados. Dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo mostram que, de fevereiro de 2008 a janeiro de 2011, 13.089 pessoas desapareceram no estado.

Segundo o deputado Hamilton Pereira (PT), autor do projeto, a Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia já deu parecer favorável ao projeto e contrário ao veto. “O ato de hoje é também uma forma de mobilizar a sociedade e garantir a derrubada do veto”, disse. Ele reforçou que a política estadual permitirá uma melhor integração com a política nacional. “O cadastro tem que ser alimentado com informações dos estados”, ressaltou o parlamentar. (mais…)

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São Paulo: movimentos querem maior participação nas políticas públicas

São Paulo: movimentos querem maior participação nas políticas públicas
Os moradores lamentam que o orçamento da cidade cresça sem que aumente a possibilidade de influenciar na aplicação dos recursos (Foto: Alexandre Moreira. Brazil Photo Press. Folhapress)

Por: Tadeu Breda, Rede Brasil Atual

São Paulo – Movimentos sociais se manifestaram no centro de São Paulo no último dia 31 para exigir maior participação popular na elaboração e na execução das políticas públicas municipais. A marcha começou na Praça Ramos de Azevedo, no centro, e seguiu até a Praça da Sé, fazendo uma parada em frente à prefeitura para deixar seu recado à administração Gilberto Kassab (PSD).

“Vamos exigir das autoridades que olhem pro povo, que deixem o povo trabalhar e que melhorem os investimentos nas políticas públicas, porque o trabalhador precisa de um transporte com dignidade, precisa de médico, precisa de creche e precisa de moradia”, disse o carro de som, resumindo o propósito da manifestação.

O protesto foi convocado pela Central de Movimentos Populares (CMP), entidade que reúne organizações da sociedade civil que reivindicam ao Estado direitos estabelecidos pela Constituição, pressionando os governos do país pela elaboração de políticas públicas voltadas à moradia, à saúde e ao trabalho. “O 31 de maio é nosso dia de lutas por políticas públicas”, explica Miriam Hermógenes, membro da direção executiva do CMP. “A marcha acontece há mais de uma década.” (mais…)

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