Defesa dos territórios tradicionais de Fundo de Pasto é debatida em IV Seminário da região de Juazeiro

 Por João Marques

O IV  Seminário dos Fundos de Pasto da Região de Juazeiro teve a participação efetiva dos agricultores e das agricultoras presentes dos municípios de Casa Nova, Campo Alegre de Lourdes, Remanso, Pilão Arcado e Uauá, que estiveram animados com a  proposição de ações para defender o seu lugar, o seu chão das ameaças externas. A relação entre Terra e Território foi o tema central do Encontro. O evento foi realizado entre os dias 20 e 22 de abril, no Centro de Formação de Lideranças da Diocese de Juazeiro, em Carnaíba do Sertão, distrito juazeirense.

Na ocasião, foi discutida também a Proposta de Emenda Constitucional de Iniciativa Popular que altera o artigo 178 da Constituição baiana para, com isso, o Estado reconhecer o direito que as comunidades têm de viver livremente em suas terras. Nesse ponto, também houve muita participação e intervenções positivas. O grupo presente encaminhou várias propostas para que a PEC dos Fundo de Pasto seja apresentada e aprovada. Para tanto, os(as) envolvidos(as), bastante empolgados(as), consideraram que a mobilização e trabalho de base serão fundamentais.

“Nós estamos na luta e vamos até o fim  para que seja aprovada a nossa PEC”, avaliou Geraldo Duarte da Silva, morador da comunidade  São Gonçalo, em  Campo Alegre de Lourdes. (mais…)

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I Semana de Antropologia e Arqueologia da UFMG: Patrimônios Culturais

O Grupo de Estudos em Antropologia e Arqueologia (Geaarq) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) convida a todos os interessados para a I Semana de Antropologia e Arqueologia da UFMG, de 23 a 27 de abril, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte.

Este evento, seguindo a linha que a UFMG vem percorrendo, tanto na graduação quanto na pós-graduação, no que se refere à formação em Antropologia e em Arqueologia, servirá como um espaço de atuação, discussão e reflexão sobre o diálogo entre estas duas áreas do conhecimento, além de um lugar privilegiado para a troca de experiências acadêmicas e profissionais entre estudantes, professores e pesquisadores diversos. O eixo temático geral deste evento será sobre “Patrimônios Culturais”.

PROGRAMAÇÃO

23 de abril, segunda-feira:

14:00 – Auditório Professora Sônia Viegas (FAFICH/UFMG)
Um diálogo sobre Os diálogos entre Antropologia e Arqueologia
Carlos Magno Guimarães (UFMG) & Ruben Caixeta de Queiroz (UFMG)

17:00 – Auditório Professora Sônia Viegas (FAFICH/UFMG)
Patrimônios Subaquáticos e Navais
Bruno Sanches Ranzani da Silva (UFPEL) (mais…)

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“Eu acuso que o Governo brasileiro trata o povo do Pará como pessoas de segunda categoria”, diz dom Erwin Krautler

Exatamente no dia 23 de abril de 1972 nascia a entidade que viria a ser uma das mais dedicadas à causa indígena deste país. O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), braço indígena dentro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) completou ontem, 23, 40 anos de existência.

O presidente do CIMI e bispo da prelazia do Xingu (PA), dom Erwin Krautler, falou na entrevista coletiva de ontem, da 50ª Assembleia Geral dos Bispos da CNBB, em Aparecida (SP), do aniversário da entidade e da polemica em torno da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que acontece em Altamira (PA).

Dom Erwin disse que no atual contexto, a data não é para muitas comemorações, mas sim de cobranças. “A meu ver, o nosso maior legado foi ter colocado as condições e causas indígenas na Constituição Federal de 1988. Infelizmente, os governos que seguiram desde então, não cumpriram o prazo estipulado na Carta Magna, que foi de cinco anos, para demarcação das terras indígenas. Atualmente, menos da metade das terras indígenas no Brasil são demarcadas, o que gera conflito com fazendeiros, madeireiros e grileiros de terras, ocasionando mortes e tragédias”, destacou o bispo prelado do Xingu. (mais…)

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50 Assembleia Geral da CNBB: Em defesa dos territórios e dos direitos dos povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e demais populações tradicionais

Nós, Bispos do Brasil, reunidos na 50ª Assembleia Geral, reafirmamos nosso compromisso com os povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e demais populações tradicionais, pelo fortalecimento de suas identidades e organizações próprias, na defesa dos seus territórios, na educação intercultural bilingue dos povos indígenas e na defesa de seus direitos.  “A partir dos princípios do Evangelho, apoiamos a denúncia de atitudes contrárias à vida plena em nossos povos de origem e nos comprometemos a prosseguir na obra da evangelização (…), assim como a procurar as aprendizagens educativas e de trabalho com as transformações culturais que isso implica” (cf. DAp 530).

A Constituição Federal de 1988, ao confirmar o direito territorial dos povos indígenas e das comunidades quilombolas, bem como dos pescadores artesanais e outras populações tradicionais, representou muito mais do que a necessária reparação do erro histórico da apropriação de suas terras e da escravidão. É o reconhecimento da sociedade brasileira de que para esses povos a terra e a água são um bem sagrado, que vai além da mera produção para sobrevivência, não se reduzindo à simples mercadoria. É patrimônio coletivo de todo um povo, de seus usos e costumes, assim como a apropriação dos seus frutos.

Ao Governo Federal, cabe o dever constitucional de reconhecer, demarcar, homologar e titular os territórios indígenas, quilombolas e das demais populações tradicionais, ressarcindo seus direitos, passo fundamental e determinante para garantir sua sobrevivência. Sem a garantia de acesso à terra, elemento base da cultura e da economia dessas populações, elas continuarão a sofrer opressão, marginalização, exclusão e expulsão, promovidas por empresas depredadoras, pelo turismo, a especulação imobiliária, o agronegócio e pelos projetos governamentais, como as grandes barragens, que têm invadido áreas cultivadas, alterando o ciclo de vida dos rios e provocando o despovoamento de suas margens. (mais…)

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Waimiri-atroari: vítimas da Ditadura Militar. Mais um caso para a Comissão da Verdade. Entrevista especial com Egydio Schwade

Durante a ditadura militar, “nenhum jornalista, missionário ou integrante do Cimi e de outras entidades do movimento popular que pudessem resistir ou manifestar uma posição a favor dos índios tinha acesso às terras dos Waimiri-atroari”, diz ex-secretário do Cimi.

“Os índios Waimiri-atroari são desaparecidos políticos, como os demais que desapareceram no rio Araguaia”, defende Egydio Schwade (foto), ex-secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário – Cimi. É a partir desta denúncia que ele reivindica que o massacre contra aproximadamente dois mil índios Waimiri-atroari, ocorrido no período da ditadura militar, faça parte da Comissão da Verdade, que tem a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas entre 1964 e 1985. Schwade participou do processo de alfabetização dos Waimiri-atroari entre 1985 e 1987 e conta que, a partir de desenhos, os indígenas começaram a contar “as atrocidades que  haviam ocorrido no período militar”. E enfatiza: “Eles desapareceram porque resistiram contra os projetos do governo militar. (…) Muitos indígenas foram mortos, uns com napalm, outros eletrocutados, uns com armas de fogo”.

Na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, Egydio Schwade relata que os conflitos entre os Waimiri-atroari e o governo iniciaram por conta da construção da BR-174, que “tinha a intenção de acessar uma rica mina de minérios estratégicos, localizada no alto rio Uatumã, próximo ao rio Alalaú”, e da construção da hidrelétrica de Balbina. Segundo Schwade, “tanto a hidrelétrica de Balbina quanto a mineradora ficavam nas terras dos índios Waimiri-atroari e, portanto, a BR-174 atravessou no centro das terras dos indígenas”. (mais…)

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Governo do Maranhão classifica morte de jornalista de “ação bárbara e cruel”

Luciana Lima, Repórter da Agência Brasil

Brasília – O governo do Maranhão lamentou o assassinato do jornalista Décio Sá, ocorrido em São Luís na noite de ontem (23) e, por meio de nota, classificou o crime de “ação bárbara e cruel”. Décio mantinha um blog e era repórter da editoria de polícia no jornal O Estado do Maranhão, pertencente à família do presidente do Senado, José Sarney. Na nota, o governo informa que está tomando todas as providências para chegar ao mandante do crime.

“O governo do estado lamenta o ocorrido e repudia a ação bárbara e cruel, tendo tomado todas as providências para a prisão dos assassinos. Peritos do Instituto Médico-Legal (IML) estão no local. Homens da Superintendência de Investigações Criminais e da Delegacia de Homicídios já iniciaram as averiguações para prender os criminosos.”

A Secretaria de Estado de Segurança Pública informou também, na nota, que o jornalista foi morto com tiros à queima-roupa e que ele estava sozinho na hora do crime. “Dois homens teriam chegado em uma moto, sendo que um deles entrou no estabelecimento e foi até o banheiro. Ao retornar, disparou os seis tiros no jornalista, pelas costas, sendo quatro na cabeça e dois na região do tórax. Décio Sá morreu na hora”, informou a nota.

Edição: Talita Cavalcante

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-04-24/governo-do-maranhao-classifica-morte-de-jornalista-de-acao-barbara-e-cruel

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Vamos nos mobilizar juntos em 5 e 20 de junho

Gente na rua, multidões, passeatas. Como mostrar o futuro que de fato queremos sem manifestações? Por isso, a mobilização é um eixo central da Cúpula dos Povos, para além das atividades autogestionadas, plenárias e demonstrações de experiências.

Os dias 5 e 20 de junho serão marcados por ações locais e globais. É muito importante conectar e coordenar todas as mobilizações que se realizem nesses dias. Precisamos que o mundo conheça nossas mensagens.

Pensando nisso, a Cúpula convida organizações, entidades, redes, grupos, coletivos e indivíduos de qualquer lugar do Brasil e do mundo para nos articularmos juntos em 5 e 20 de junho. Se você quer realizar uma manifestação na sua comunidade, cidade, região ou país, junte-se a nós para realizarmos uma mobilização global.

Como nos unir?
A Cúpula tem um grupo responsável justamente pela conexão e articulação entre as diversas mobilizações que podem e devem acontecer pelo Brasil e pelo mundo: o Grupo de Trabalho (GT) de Mobilização Global. (mais…)

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Suprema Humanidade: quando as excelências perdem a excelência

A briga dos ministros do STF nos lembra de que, por baixo da toga, os juízes estão tão nus quanto qualquer um

Eliane Brum

– Désinvolture brega, caipira.

A expressão, usada pelo ministro Joaquim Barbosa para referir-se ao ministro Cezar Peluso, pode ser a síntese dos dilemas expostos pela briga que ganhou as manchetes na semana passada. É o que confere qualidades shakespearianas à troca de golpes abaixo da linha de cintura, a rigor mais adequada a uma pelada de futebol de várzea. É onde mora a tragédia.

Reparem bem no drama. Joaquim Barbosa queria – e chamou – seu colega Cezar Peluso de “brega, caipira”. Brega, portanto, não era suficiente, para o ministro. Ele tinha ainda de adicionar mais um suposto sinônimo – e o suposto sinônimo escolhido demonstra a ira de que estava possuído, porque se esqueceu por completo do politicamente correto ao usar “caipira” com sentido pejorativo. Barbosa ainda chamaria Peluso de “ridículo”, “corporativo”, “desleal”, “tirano” e “pequeno”. Mas o mais interessante é que, antes de “brega, caipira”, ele instalou uma palavra francesa para completar a expressão: “désinvolture”.

Talvez, na intuição do ministro, uma “désinvolture” o salvasse de escorregar na lama das palavras da língua de origem – o salvasse, quem sabe, até mesmo da origem. Escolha que lembra as elites brasileiras do passado, na época em que apreciavam se expressar em francês para marcar também na linguagem a sua pretensa superioridade. Em boa parte do período em que a elite brasileira assim se comportou, porém, os antepassados de Joaquim Barbosa eram escravos – o que torna tudo mais interessante. Como uma volta completa. (mais…)

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Com a bênção dos doadores do agronegócio

Deputado escolhido como relator do Código Florestal modificou o documento a favor do setor produtivo responsável por 40% do financiamento da sua campanha e irritou os ambientalistas

Gabriel Mascarenhas – Correio Braziliense

Alvo das críticas de ambientalistas em razão das  mudanças promovidas na reforma do Código Florestal na semana passada, o deputado Paulo Piau (PMDB-MG), relator da matéria que tramita na Câmara, contou com uma colaboração dos empresários do agronegócio para se eleger. Mais de R$ 990 mil — o que corresponde a 41,7% dos R$ 2.380.528 que declarou ter recebido em doações — vieram de investidores que devem ter agradecido um documento menos rigoroso. Depois de analisar o texto vindo do Senado, Piau alterou diversos tópicos, entre eles, o que determinava uma extensão da área de preservação permanente a ser recomposta por quem realizou desmatamentos em encostas e beiras de rios. A nova versão será votada nesta terça-feira no plenário da Casa.

Os cortes feitos por Piau colocaram em risco a aprovação da matéria esta semana, como queriam a base aliada e os ambientalistas. “O relatório do Piau é desastroso. Fragiliza a defesa e a recuperação dos cursos d”água e matas ciliares, já pouco protegidas. Ainda mantém as facilidades de créditos agrícolas ao agronegócio sem a exigência de regularização ambiental em cinco anos e sepulta o artigo que estabelece a reserva de vegetação por habitante de cidades. Liberou geral. A votação será uma batalha”, prevê o deputado Chico Alencar (PSol-RJ). (mais…)

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Fazendeiros exigem desocupação de 12 fazendas na BA

Tiago Décimo

A Polícia Federal promoveu, na manhã desta segunda-feira (23/04), a primeira tentativa de negociação para que fazendeiros e índios da aldeia pataxó hã-hã-hãe interrompam a série de conflitos pela posse de terras registrada no sul da Bahia desde o início do ano. O acordo, porém, não foi concluído.

Em uma reunião na sede do Sindicato dos Produtores Rurais de Pau Brasil – um dos três municípios onde índios têm promovido invasões a fazendas (os outros são Itaju do Colônia e Camacan) -, os policiais federais propuseram que os fazendeiros aceitassem as ocupações realizadas desde o início do ano (68) até que o Supremo Tribunal Federal julgue a questão. Em troca, os índios garantiriam que não haveria novas invasões, como ficou combinado na reunião da PF com representantes dos pataxós e da Fundação Nacional do Índio (Funai), realizada no domingo. Os cerca de 60 agricultores que compareceram à reunião, porém, não acataram a proposta. Eles exigem que os indígenas desocupem, pelo menos, as 12 últimas fazendas invadidas, todas na semana passada, para que haja trégua entre as partes, à espera do julgamento. A contraproposta foi encaminhada à Funai.

Não há data definida para o julgamento do caso pelo STF, que analisa a questão há 30 anos. O processo chegou a entrar na pauta do Supremo, o julgamento foi para outubro do ano passado, mas acabou adiado, a pedido do governo baiano, que alegou “grave comoção pública e eventual desordem social” que a decisão poderia acarretar. O clima entre fazendeiros e índios voltou a ficar tenso na região no fim da semana passada. Apesar de não ter ocorrido novas invasões – a última foi registrada na quinta-feira -, um índio foi baleado na perna dentro da área de uma das fazendas invadidas, na sexta-feira, e, no sábado, foi encontrado o corpo de um funcionário de uma das fazendas da região ainda não invadidas, dentro da propriedade na qual trabalhava. Ele foi morto com um tiro na nuca. Também no sábado, um caminhão com trabalhadores rurais foi incendiado por homens encapuzados e armados. Os ocupantes, que seguiam para uma das fazendas invadidas pelos índios para tentar resgatar o gado, que ficou confinado, conseguiram fugir antes do atentado. Ainda não foram identificados suspeitos dos crimes. (mais…)

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