Hidrelétricas, Rio + 20 e a fantasia

Fonte da imagem: Instituto Lula

Ao se referir à participação do Brasil na Rio+20, a conferência das Nações Unidas que será realizada em junho, na capital do Rio de Janeiro, a presidente lembrou aos que estavam na reunião que o mundo real não trata de tema “absurdamente etéreo ou fantasioso”. “Ninguém numa conferência dessas também aceita, me desculpem, discutir a fantasia. Ela não tem espaço para a fantasia. (Fonte: Estado)

 Telma Monteiro

 O Brasil é o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa (GEEs), perdendo apenas da China e dos EUA. O crescimento econômico, para países em desenvolvimento, custa caro e vem acompanhado também do aumento das emissões e acúmulo de GEEs na atmosfera, que geram impactos socioambientais. Clima com oscilações bruscas de temperatura, alteração dos níveis de precipitação são alguns dos desafios que é preciso enfrentar no século XXI.

O setor elétrico brasileiro é responsável por parte das emissões de GEEs, seja pela liberação do metano nos reservatórios das hidrelétricas, seja pela alteração do regime dos rios barrados, seja pelas emissões das termelétricas ou ainda por induzir a atividade humana de migração, ocupação e desmatamento de áreas de floresta. Por outro lado, as alterações do clima interferem nas vazões dos rios, na regulação das cheias dos reservatórios, na segurança das populações no entorno das hidrelétricas e na eficiência da geração. (mais…)

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Ler com a alma: Entrevista com o crítico literário Alfredo Bosi

Há muito Alfredo Bosi é reconhecido como um dos mais importantes críticos literários brasileiros. Afeito à linha de leitura pautada pela conjunção de formalismo literário e implicação histórica, o autor de Dialética da colonização é dono de uma obra que resolve com felicidade os impasses instituídos por correntes analíticas refratárias à pluralidade. Nesta entrevista, concedida a estudantes da pós-graduação da UFRJ (Eduardo Rosal, Heleine Domingues, Luiz Guilherme Barbosa, Marcos Pasche, Mayara Guimarães, Priscila Castro, Roberto Lota e Wellington Silva), no Centro de Estudos Avançados da USP, do qual é coordenador, Alfredo Bosi fala detidamente de seu mais recente livro — Ideologia e contraideologia —, recapitula seu percurso intelectual e destaca a importância do Padre Antônio Vieira para as letras do Brasil.

• Em Ideologia e contraideologiaa crítica literária praticamente não aparece. A escrita de um livro dedicado à análise de idéias sociológicas e filosóficas é fruto de um projeto antigo, talvez possibilitada no momento em que se deu sua aposentadoria, ou fruto de um caminho novo que o senhor pretendeu explorar recentemente?
Essa pergunta me interessa de perto porque me ajuda a fazer uma auto-análise até de um possível projeto intelectual. Acredito que essa preocupação em definir melhor certas idéias, certos valores culturais, venha de longe. Pelo menos, eu poderia datar da concepção de Dialética da colonização. Quando escrevi Dialética da colonização, no final dos anos 1980, publicado em 1992, já minha preocupação era construir essa ponte entre o universo literário — que é um universo de imaginação, que se projeta evidentemente à subjetividade dos autores — e algo público, uma atmosfera cultural, social, pública.

Fui educado, bem no princípio da minha formação, na leitura das obras de Benedetto Croce, que era realmente o centro dos estudos literários da Itália. Mas fui educado já na Universidade de São Paulo, quando estudioso e depois professor de literatura italiana, em uma estética que insistia na separação, na divisão. Isto é, deixava bem claro que uma coisa era o conhecimento do mundo por meio de idéias e valores — conhecimento de que a filosofia é o centro, mas que depois foi ampliado, na modernidade, mediante as ciências humanas, sociologia, antropologia, ciências políticas, psicologia —, e outra o conhecimento por intuição. (mais…)

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Manifesto da Frente de Defesa dos Interesses, Direitos e Ambiente de Haalgayoc-Bambamarca sobre o projeto Minas Conga

O Manifesto foi traduzido e enviado por Danilo de Assis Clímaco, que vem colaborando com este Blog, principalmente no acompanhamento dos acontecimentos ligados ao projeto Minas Conga. A nota anterior a ele, que situa o estado atual do conflito, também é de autoria de Danilo, a quem agradecemos pela colaboração. TP.

Observação sobre o contexto imediato: dentro do conflito causado pela imposição do projeto Minas Conga na província de Celendín, Cajamarca, os próximos dias serão de excepcional tensão, pois: (a) um conjunto de especialistas associados às empresas mineiras internacionais foi contratado para dar um veredicto supostamente definitivo sobre a viabilidade ou não de Minas Conga, que será com toda certeza, dada a parcialidade dos especialistas, favorável ao projeto; (b) há poucas semanas especialistas contratados pelos movimentos sociais declararam inviável o projeto; (c) o movimento anti-Conga, unificado, declarou entre outras medidas, a vigilância constante das lagoas ameaçadas pelo projeto e jornadas de reflexão e de paralisação para, respectivamente, os dias 9 e 11 de abril; e (d) frente à impossibilidade de prosseguir o projeto sem o uso da violência, o governo central está progressivamente mobilizando tropas na região de Cajamarca.

O Manifesto abaixo, de Edy Benavides Ruiz, presidente da Frente de Defesa dos Interesses, Direitos e Ambiente de Haalgayoc-Bambamarca, zonas vizinhas a Celendín que serão diretamente afetadas por Minas Conga, é um exemplo pontual da invasão das tropas que acontece em várias outras zonas de resistência. (DAC). (mais…)

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