A Primeira Cumbre Regional Amazônica, o chamado Grande Encontro dos povos indígenas da Bacia Amazônica, realizado pela COICA, em parceira com a COIAB, a resistência indígena foi marcante. O evento que reuniu cerca de 200 participantes, das delegações dos nove países Amazônicos, deixou claro que a garantia dos territórios indígenas, aliado aos ensinamentos tradicionais são as maiores contribuições que podemos dar para combater as mudanças climáticas e o aquecimento global.
No ato de encerramento, Raoni Kayapo, lendário defensor do Xingu, deu um “puxão de orelha” no convidado da mesa, o Sr. Márcio Meira, presidente da FUNAI, e deu a ordem final, mandando ele sair da presidência do órgão indigenista oficial brasileiro.
“Tem que sair, você tá matando os povos indígenas. Tem que colocar outra pessoa que se preocupe com a gente”, afirmou o grande cacique Kayapo, puxando a orelha do Meira. (Fotos – Café Cuxá Filmes).
Na Cumbre Regional Amazônica, foram desenvolvidas discussões em grupos de trabalho e na plenária, sobre questões que afetam os povos e as decisões em seus respectivos países.
Os grupos de trabalho foram: Territórios Indígenas, Planos de Vida e Áreas Protegidas; Crise Climática e Alternativas; Saberes Ancestrais sustentáveis, patrimônio intelectual e vida plena; Comunicação e Educação como resposta a Crise Climática, o último GT que falou das propostas para a RIO + 20.
Nos grupos ficou marcada a necessidade de garantia territorial para poder se pensar em implementar políticas de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal).
As terras indígenas são as maiores áreas na Amazônia que ainda são preservadas, e assim, o CO2 não é lançado na atmosfera, em outras palavras, os ensinamentos dos povos indígenas, a sua relação com a natureza contribuem para a preservação do planeta.
A Cumbre foi marcada também pelo posicionamento da delegação indígena da Bolívia, que denunciou o caso da estrada que está sendo construída em terra indígena boliviana com dinheiro do BNDES.
Abaixo o Mandato de Manaus, o documento final do Grande Encontro Pan-Amazônico: Saberes Ancestrais, Povos e Vida Plena em Harmonia com a Florestas. A Cumbre de los Bosques.
“ Somos Povos sem Donos, igual que a Vida”
Mandato de Manaus: Ação Indígena Pela Vida
Reunidos em Manaus de 15 a 18 de agosto del 2011, na 1ª. Cumbre Regional Amazônica, os povos indígenas amazônicos e as organizações nacionais de nove países: Bolívia (CIDOB), Brasil (COIAB), Equador (CONFENIAE), Colômbia (OPIAC), Guyana (APA), Guyana Francesa (FOAG), Peru (AIDESEP), Venezuela (ORPIA) e Surinam (OIS) e em diálogo com aliados de diversas entidades sociais, estatais e ambientais; comprovamos que a crise climática e ambiental, é gravíssima, em pouco tempo irreversível, enquanto os poderes globais e nacionais, não podem nem querem detê-la, e pior, pretendem ‘aproveitá-la com mais “negócios verdes” mesmo que ponham em perigo todas as formas de Vida. De poderes, baseados no racismo, patriarcado, individualismo e de consumismo desenfreados, de mercantilização e privatização de tudo e a irresponsabilidade soberba de “domínio” da natureza esquecendo que apenas somos uma pequena parte dela.
Denunciamos a hipocrisia e contradição nas políticas globais e nacionais sobre as florestas, em junto a declarações, planos, pequenos projetos “sustentáveis”, aprofunda-se a depredação, o desmatamento, a degradação por parte dos negócios de minérios, de hidrocarbonetos, mega-hidrelétricas, pecuária extensiva, soja, agronegócio, “agro-combustíveis”, super estradas de colonização, transgênicos, agrotóxicos, superposição de áreas protegidas em territórios indígenas, biopirataria e roubo dos conhecimentos ancestrais. Sendo necessárias melhores práticas florestais, encobrem-se que a melhor delas é mudar profundamente as macro políticas da globalização neoliberal.
Propomos os seguintes objetivos, enfoques, alternativas e ações:
1. Territórios de Vida Plena para o desaquecimento planetário.
Está demonstrado que os refúgios da vida são as florestas e territórios dos povos amazônicos, como efetivas barreiras à depredação. Por isso é indispensável mudar as legislações e políticas públicas para garantir a demarcação dos territórios dos povos indígenas amazônicos e a sua titularidade coletiva como povos e também para respaldar, e não agredir nem marginalizar as nossas estratégias de “Vida Plena” diferentes da mercantilização da natureza. Isto é uma estratégia eficaz e eficiente para reduzir o aquecimento global e recuperar a harmonia com a mãe terra, que mantivemos por milhares de anos. Para que não mude o clima, há que se mudar o sistema. É o sistema o que deve se “adaptar” ao clamor da mãe natureza e nós seus filhos da cor da terra. O “custo” financeiro para solucionar esta dívida histórica originada no etnocídio das colonizações, é muitíssimo menor do que o dedicado a ineficazes debates e experimentações.
2. Fortalecer “Redd+ Indígena” e que devedores ecológicos reduzam a sua contaminação.
Perante quem decide sobre o processo “Redd+”: os Estados (BM-BID), FIP, ONU-REDD, COP17-CMUNCC, Rio+20 e outros; demandamos garantias e condições imediatas para os Povos antes de avançar mais nestes processos sobre REDD+ até que sejam devidamente atendidas.
- Respeitar e fortalecer a propostas de REDD+ Indígenas ou adequação da Redd+ às cosmovisões e direitos coletivos dos povos, incluídas nas “Diretrizes da COICA sobre mudanças climáticas e Redd+” e nas propostas das organizações nacionais e que entre outros aspectos, os seguintes:
Sem territórios nem direitos coletivos é inviável a Reed+ * Nenhum contrato comunal até que sejam executadas as regras internacionais, nem a longo prazo, cedendo gestão territorial ou propriedade intelectual com mais penalidades que benefícios nem em idiomas e leis estrangeiras* Respeitar e apoiar a conservação holística das florestas e não somente onde tem desmatamento ou reduzindo-os a toneladas de carbono* Respeitar nossas propostas de regulamentações nacionais sobre Redd+ e a consulta e consentimento livre, prévio e vinculante* Respeitar relatórios da COICA sobre processos Redd+paralelos ao dos Estados* Mecanismos de solução de conflitos com garantias de neutralidade e eficácia * Não apoiar o mercado de créditos de carbono para encobrir aos contaminantes globais.
- Prioridade de políticas e fundos para consolidação e titulação Territorial dos Povos Indígenas, como condição irrestrita antes de avançar sobre Redd+ * Mudanças legislativas nacionais para consolidar Direitos coletivos nas leis de serviços ambientais, florestais sobre “fugas de Redd+”(minérios, hidrocarbonetos, agro-combustíveis, etc) e de consulta e consentimento.
- Estados e Bancos assumam a sua responsabilidade para freiar a expansão dos ladrões de Redd+ (carbon cowboys, borbulha Redd+) mediante: * Registro e certificação pública internacional dos operadores de Redd+ *Rejeição das empresas e ONGs fraudadoras denunciadas pelos povos indígenas *Recomendar às comunidades a que não se comprometam com contratos ‘para Redd+’ ou em ‘negócios de carbono’ até que as regulamentos internacionais e nacionais estejam totalmente claras e implementadas.
- Prioridade da redução da contaminação por Gases de Efeito Estufa(GEI) por parte dos devedores ecológicos industrializados de minorias ricas do poder no norte e no sul.
- Prioridad de la reducción de la contaminación por Gases de Efecto Invernadero (GEI) por parte los deudores ecológicos industrializados de minorías ricas del poder en el Norte y el Sur
3. Unidade entre Saberes Ancestrais e Sobrevivência da Biodiversidade
Nossos saberes ancestrais estão unidos profundamente nas conservação produtiva da natureza, e nesse caminho, perante a Conferência das Partes 11 do Convênio de Diversidade Biológica e o Congresso da União Internacional da Natureza (UICN) chamamos a que sejam respaldados as seguintes propostas:
- Priorizar a demarcação, legalização e segurança jurídica dos territórios indígenas, como garantia para a conservação da biodiversidade e os recursos genéticos e os saberes ancestrais.
- Consolidar o Direito de Consulta Prévia e Consentimento Livre, Vinculante, Prévio e Informado, para o acesso aos recursos genéticos dentro dos territórios indígenas e os conhecimentos tradicionais associados.
- Os recursos genéticos dos territórios indígenas e os conhecimentos ancestrais constituem o patrimônio natural e intelectual coletivo indígenas, conservado por milênios e transmitido de geração em geração.
- O acesso aos conhecimentos ancestrais e os recursos genéticos devem contemplar a participação justa e equitativa nos benefícios incluindo os produtos derivados, tanto dos recursos genéticos como dos conhecimentos tradicionais associados.
- Os conhecimentos ancestrais não estão no domínio público, mas no âmbito cultural dos povos indígenas e os Estados e organismos internacionais(como o Convênio sobre a Diversidade Biológica –CDB) adotem normativas jurídicos sui generis de proteção legal destes conhecimentos ancestrais.
- Não à comercialização do conhecimento ancestral e ao uso indevido e não autorizado para as reivindicações de patentes biotecnológicas.
4. Rio+20 : Soluções para a Vida, não para os Mercados
A Conferência da ONU de junho de 2012 Rio de Janeiro será uma das últimas possibilidades para salvar todas as formas de vida do planeta. Os povos amazônicos chamamos à realização Atos Culturais-Políticos nas proximidades da Cúpula oficial, com líderes de povos e movimentos, artistas, cientistas, intelectuais, que ganhem a opinião pública e política global. Da mesma forma desenvolver estratégias de intervenção política dentro e fora de Rio+20 e construir uma Cúpula dos Povos plural e democrática, com ampla visibilidade pública. Tudo isso para ganhar o mais alto apoio político para a ONU que não se submeta ao irresponsável jogo de interesses do Poder, e que se avancem nos enfoques, objetivos e propostas tais como:
- Não aceitar que a “Economia Verde” seja a combinação de neoliberalismo desenvolvimentista com “projetos verdes” mas uma mudança profunda com redução do consumismo, desperdício e depredação e a mudança do padrão de produção, consumo, distribuição e energia(hidrocarburos, biocombustíveis) com alternativas de harmonia entre sociedades, culturas e natureza.
- Renovação do protocolo de Kyoto, em que haja compromissos firmes e exigíveis, de redução de gases de efeito estufa e com espaços de participação dos povos indígenas. Não deixar o mundo à deriva com poderes que imponham quanto, como e quando reduzir suas emissões.
- Consolidação das Territorialidades dos Povos Indígenas e suas Visões de Vida Plena de gestão holística da natureza para o”resfriamento” do planeta, mediante o aumento qualitativo dos fundos públicos globais para implementar tal demarcação e titulação.
- Estabelecimento de uma Corte Ambiental Internacional, funcionamento urgente, independente dos poderes globais, com espaços de participação indígena, os mais afetados pelos crimes ambientais.
- Reorganizar as atuais entidades ambientais da ONU para não sejam subordinados aos poderes contaminantes, superar o burocratismo e ampliando os espaços de participação e incidência para os povos indígenas amazônicas e do mundo.
Finalmente, a Cumbre propôs o posicionamento da comunicação como uma linha de ação política, não só instrumental.
Incidir em políticas públicas de acesso a meios de comunicação e uso de tecnologias de informação e comunicação e pôr em andamento o projeto de Rede COICA de Comunicadores Amazônicos.
Os povos indígenas e a natureza somos um só, e por isso, estamos obrigados a manter as florestas em pé, reduzir o desmatamento e ser guardiões de seus serviços como a água, biodiversidade, clima para a sobrevivência da Vida. Pedimos somente que nos deixem trabalhar em paz em nossa missão.
¡ Basta de “Belomonstruos” no Brasil, Guiana, Peru (Marañón, Pakitzapango), Bolívia e o Mundo!
¡ Não à um Rio+20 por cima da Morte dos Povos e Vida do Xingu
¡ Não à estrada no Território Indígena Isiboro Secure em Bolívia. Irmão Evo defenda aos povos e não os negócios do BNDES !
¡Basta à destruição petroleira no Equador (Yasuní);Peru (Datem)e outros países !
¡Não às imposições IIRSA, como o eixo multimodal Manta-Manaus que destruirá o Rio Napo!
¡ Ação e Solidariedade com as lutas dos povos indígenas da Amazônia e o mundo!
¡ Guiana, Suriname, Guiana Francesa devem ratificar o Convênio 169 !
Os Povos Indígenas Amazônicos, caminhando sobre a trilha de nossos ancestrais, pedimos ao mundo abrir seus corações e sonhos e unirmos nas jornadas pela Vida, para Todas e Todos
Coordinadora de Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazónica, COICA
Coordinadora de Organizaciones Indígenas de la Amazonía Brasilera, COIAB
Perú
Asociación Interétnica de Desarrollo de la Selva Peruana, AIDESEP
- Coordinadora Regional de Organizaciones de Pueblos Indigenas- San Lorenzo, CORPI
- Asociación Regional de Pueblos Indígenas de la Selva Central, ARPI
- Organización Regional de Pueblos Indógenas del Oriente, ORPIO
- Organización Regional AIDESEP Ucayali, ORAU
- Federación Nativa de Madre de Dios, FENAMAD
- Coordinadora de Defensa y Desarrollo de los Pueblos Indígenas de San Martin, CODEPISAM
- Organización Regional de Pueblos Indígenas del Alto Marañón. ORPIAN
Ecuador
Confederación de Nacionalidades Indígenas de la Amazonía Ecuatoriana CONFENIAE.
- Federación Indígena de Nacionalidad Cofán del Ecuador FEINCE
- Organización Indígena de Nacionalidad Secoya del Ecuador OISE
- Federación Interprovincial de Comunas y Comunidades Kichwas de la Amazonía Ecuatoriana FICCKAE
- Federación Interprovincial de Centros Shuar FICSH
- Federación de Organizaciones de Nacionalidad Kichwa de Sucumbíos FONAKISE
- Nacionalidad Achuar del Ecuador NAE
- Nación Sápara del Ecuador NASE
- Federación Provincial de Nacionalidad Shuar de Zamora Chinchipe FEPNASH.ZCH.
Bolivia
Confederación de Pueblos Indígenas de Bolivia CIDOB
- Asamblea de Pueblo Guaraní APG
- Organización de Capitanes de Wenhayek y Tapiete ORKAWETA
- Confederación Nacional de Mujeres Indígenas de Bolivia CNAMIB
- Central de Pueblos Étnicos Mojeños de Beni CPEMBE
- Central Indígena de Pueblos Originarios de la Amazonía de Pando CIPOAP
- Central Indígena de la Región Amazónica de Bolivia CIRABO
- Central de Pueblos Indígenas de La Paz CPILAP.
Brasil
Coordinadora de Organizaciones Indígenas de la Amazonía Brasilera, COIAB
- FEPOIMI, Cuiabá, Pantanal
- COAPIMA, Coordinación de las Organizaciones y articulaciones de los Pueblos Indígenas de Maranón
- FOIRN-Federación de las Organizaciones Indígenas de Alto Río Negro
- ASSOCIAÇAO HUTUKARA
- FOIRN – Federacao das organizacoes indgenas do Rio Negro
- ICRASIM – Instituto e Centro de Referência e Apoio a Saúde de Manaus
- COPIAM – Conselho dos Professores Indígenas da Amazônia
- OGPTB – Organização Geral dos Professores Ticuna Bilingüe
- CGPH– Conselho Geral dos Povos Hexkariana
- AMARN – Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro
- COIAM – Confederação das Organizações Indígenas e Povos do Amazonas
- AMISM – Associação das Mulheres Indígenas Sateré-Mawé.
- ASSOCIAÇÃO WAIKIRU
- ASSOCIAÇÃO DOS ÍNDIOS MUNDURUKU
- MEIAM – Movimento dos Estudantes Indígenas do Amazonas.
- ORGANIZAÇÃO WOTCHIMAUCÜ
- UPIM – União dos Povos Indígenas de Manaus
- Organização Metareilá do Povo Suruí
- Associação do Povo Cinta-Larga
- Fórum das Organizações do Povo Paiter Suruí
- CIR – Conselho Indígena de Roraima.
- APIRR – Associação dos Povos Indígenas de Roraima.
- OPIR – Organização dos Professores indígenas de Roraima
- OMIR – Organização das Mulheres Indígenas de Roraima
- CONJABA – Conselho das Organização e Indígenas do povo Javaé da Ilha do Bananal
- CIX – Coordenação Geral Indígena Xavante
- ATIX – Associação Terra Indígena Xingu
- OPRIMT -Organização dos Professores Indígenas de Mato grosso
- Instituto Raoni
- FEPOIMT – Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso
- OPIN – Organização dos Povos Indígenas do Acre Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia
- OPIAJBAM Organização dos povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre –AM
- COAPIMA – Coordenacao das Organizacoes e Articulaçoes dos Povos Indígenas do Maranhão
- APIO – Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque
- UMIAB – Uniáo de Mulheres Indigenas da Amazönia Brasileira
- APN
Surinam
Organization of the Indigenous Peoples in Suriname OIS
- Talawa
- VIDS
- Umari
- Vrouwe Organisalie
- Alle 34 Inheemse Dorpen Van Suriname
Colombia
Organización de Pueblos Indígenas de la Amazonía Colombiana OPIAC
- Asociación de Autoridades Indígenas de Guaviaré CRIGUA II
- Organización Zonal Indígena de Putumayo OZIP
- Asociación de Consejo Regional Indígena de Guainía ASOCRIGUA
- Asociación de Cabildos Huitotos de Caquetá ASCAINCA
Guyana
Amerindian Peoples Asociation APA
Venezuela
Organización Regional de Pueblos Indígenas del Amazonas ORPIA
- Federación Indígena del Estado de Bolívar FIEB
- Unión de Comunidades Indígenas Warao UCIW-CONIVE Delta Amacuro
- Consejo Nacional Indio de Venezuela CONIVE
Guyana Francesa
Federation des Organisations Autochtones de Guyane FOCAG.
- Federation Lokono FL
- Makana Pinius WAYAPI
- Consejo de Caciques CC.G
- Consejo Kauna MANA
- Consejo Kalina KOUROU
- Consejo Kalina AWALA
- Consejo Kulakasi CK
- Consejo Palikve MATAP
Enviada por Henyo – IEB para a lista da superiorindigena.