Dia 20: movimentos sociais e sindicais reúnem esforços e mobilizam em defesa da democracia

Por Cristina Fontenele, na Adital

Agendado para esta quinta-feira, 20 de agosto, o Dia Nacional de Lutas mobilizará os/as brasileiros/as em “defesa da democracia, dos direitos sociais e trabalhistas e da Petrobras”. Encabeçado pelos movimentos sociais e sindicais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), as manifestações terão como pauta “Não ao ajuste fiscal” e “Fora Cunha” [em referência ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha] e são realizadas ainda como reação à onda opositora conservadora e antidemocrática que se mobiliza em prol da tentativa de golpe de Estado contra o governo democraticamente eleito da presidenta Dilma Rousseff. Apoiam também o ato o PT (Partido dos Trabalhadores), PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e o PCdoB (Partido Comunista do Brasil).

Em entrevista à Adital, o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, acredita que o ato do dia 20 terá uma grande repercussão. “As manifestações de rua demonstram uma conscientização popular e representa um grito de liberdade”. Ele avalia que o quadro político atual vem se agravando em decorrência de fatores externos, como a grave crise mundial, sobretudo na Europa e Estados Unidos, impactando principalmente a classe trabalhadora, com reflexos no aumento do desemprego e cortes nos investimentos públicos.

Somado ao contexto internacional, Araújo comenta que a agenda conservadora da Câmara tem sido nociva aos interesses dos trabalhadores, que poderão sofrer um “golpe profundo” em seus direitos conquistados, se aprovados projetos como o da Terceirização, por exemplo. “As análises apontam que esse é o Congresso mais conservador desde 1964 [ano do golpe civil-militar]”, diz.

Em relação ao cenário nacional, o presidente da CTB defende a legitimidade de um governo eleito pelo voto popular. Ele lembra que as eleições foram difíceis, mas que “a direita não se dá por vencida”, e acrescenta: “quem tiver interesse em concorrer às eleições, que espere até 2018”. O dirigente destaca ainda que os sindicatos não “abrem mão” do combate à corrupção, mas que esta não deve levar o país à estagnação. “Temos que ter preocupação e responsabilidade. Não queremos voltar ao tempo da inflação de 80% ao mês”.

O presidente da CTB enfatiza que romper com a dependência do FMI (Fundo Monetário Internacional), inserir o Brasil no grupo do BRICS (bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), foram exemplos de conquistas importantes para construir um ambiente de mais autonomia e de polarização. Ele diz que houve uma melhoria na autoestima da classe trabalhadora, o que advém de conquistas como a valorização do salário mínimo e políticas sociais.

À Adital, a presidenta da UNE [União Nacional dos Estudantes], Carina Vitral, diz que a expectativa para o dia 20 é grande. A crítica ao ajuste fiscal, que cortou quase R$ 10 bilhões do orçamento da Educação, é uma das pautas da mobilização. “Os estudantes sabem que ganharam direitos nos últimos anos e não querem colocar isso em risco”, destaca.

“Que os ricos paguem pela crise!”

Na pauta contra o ajuste fiscal, os movimentos defendem o ajuste de contas com base nos mais ricos, com taxação das grandes fortunas, dividendos e remessas de lucro, além de uma auditoria da dívida pública. Também pedem a segurança dos direitos trabalhistas, como a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e a valorização dos aposentados, com uma previdência pública, universal e sem progressividade.

Sobre o conservadorismo de Eduardo Cunha (Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB – Rio de Janeiro), na visão dos movimentos, o presidente da Câmara dos Deputados representa o “retrocesso e um ataque à democracia”, pois transformou o espaço numa “Casa da Intolerância e de retirada de direitos”. Dessa forma, protestam contra a terceirização, a redução da maioridade penal, a “contrarreforma política” (financiamento empresarial de campanha, restrição de participação em debates) e a entrega do pré-sal às empresas estrangeiras. Defendem uma Petrobras 100% estatal.

Em São Paulo, a manifestação está marcada para às 17h, no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste.

Comments (1)

  1. Mas o Cunha também não foi eleito democraticamente? E assim também não foi o Collor? A legitimidade de um processo eleitoral, e das práticas de um governo, podem sim ser questionadas na rua! Defender a democracia não é defender incondicionalmente um governo, sem levar em conta as práticas que ele adota (autoritarismo, corrupção, fisiologismo, predação social e ambiental…)

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