Corte da OEA pede explicações ao Brasil sobre fracasso na busca de desaparecidos da Guerrilha do Araguaia

Victoria Grabois

Roldão Arruda

A pedido de familiares, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, vinculada à OEA, pediu explicações ao Brasil sobre a demora na localização e identificação dos restos mortais dos participantes da Guerrilha do Araguaia. O prazo para o governo responder à interpelação expira no dia 31 de agosto.

Em 2010, ao julgar ação movida por familiares de desaparecidos, a corte havia determinado ao Estado brasileiro que localizasse e devolvesse aos familares os restos mortais. O Brasil respondeu na ocasião que já estava desenvolvendo ações com este objetivo, por meio de expedições à região do conflito, no sul do Pará. Até agora, porém, nenhum guerrilheiro desaparecido foi localizado e identificado.

Em abril deste ano, os mesmos familiares, representados pela organização não governamental Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL), retornaram à corte, dessa vez para manifestar insatisfação com os resultados das buscas. (mais…)

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Belo Horizonte – A pobreza mora ao lado

Vila São Bento. Zilda sente vontade de ter "tudo arrumadinho" como nos bairros nobres próximos

No aglomerado Santa Lúcia e na vila Acaba Mundo, moradores vivem drama da miséria

Por Joelmir Tavares – Jornal O Tempo; Fotos: Douglas Magno

Não mais que 150 m separam um mundo do outro. A avenida Nossa Senhora do Carmo, uma das principais de Belo Horizonte, serve de fronteira entre o aglomerado Santa Lúcia e o bairro Belvedere, ambos na região Centro-Sul. De um lado, na vila São Bento – uma das cinco favelas do aglomerado -, a rua é de terra, com becos que levam a frágeis casas de alvenaria e pequenos barracos com paredes de madeira e papelão, cobertos de telhas de amianto. Na outra parte, no bairro mais nobre da cidade – onde o metro quadrado chega facilmente a R$ 10 mil -, ruas asfaltadas são margeadas por mansões com piscina e carros importados na garagem. (mais…)

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Quando a ditadura entrou em campo

Jogadores e atletas vítimas da repressão entre 64 e 85 esperam revisão da história pela Comissão da Verdade

Larissa Arantes, Murilo Rocha e Thiago Nogueira

Afonsinho, Nando, Reinaldo, Sócrates, Wladimir. Presentes nos álbuns de figurinhas e no imaginário dos torcedores de futebol de alguns dos principais clubes brasileiros durante as décadas de 60,70 e 80, esses jogadores, e também alguns treinadores, como João Saldanha, figuraram na lista de subversivos durante aqueles anos de chumbo, entre 1964 e 1985. Hoje, à luz da Comissão da Verdade, a esperança dessa seleção de marginalizados e de seus familiares é, ao menos, tornar público como a ditadura interrompeu, de forma cruel e quase sempre silenciosa, trajetórias promissoras.

“Senti bem de perto o bafo da intervenção militar no futebol brasileiro. Mas não me arrependo de nada. Fiz a opção consciente”, conta Afonsinho, afastado do Botafogo em 1970 por Zagallo, sob a alegação de seu visual – barba e cabelos compridos – não condizer com o esporte. (mais…)

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“Vamos ser julgados de novo?”, pergunta-se ex-guerrilheira – Especial para o QTMD?


Marília Guimarães: “eles, os que até hoje escondem o rosto, têm medo da democracia” Foto: Ana Helena Tavares

Por Ana Helena Tavares(*), do “Quem tem medo da democracia?”

Em 1969, houve um Congresso que decidiu juntar as organizações de esquerda VAR- Palmares e VPR. Essa união durou pouco, mas provocou uma reviravolta na vida da então guerrilheira Marília Carvalho Guimarães, levando-a a participar do sequestro de um avião.

Cerca de 20 dias antes do sequestro, Marília foi de Minas para Porto Alegre, onde fez um treinamento específico. Para se dedicar a isso, teve que escolher alguém de confiança para cuidar de seus dois filhos, Marcello e Eduardo, de dois e três anos. A escolhida foi a jovem Dilma Rousseff.

Através do sequestro, do qual Dilma não participou, Marília levou seus filhos para Cuba. Por haver crianças a bordo, a imprensa internacional deu grande destaque ao caso e a isso a ex-guerrilheira diz dever sua vida.

Para contar esta e outras histórias e falar sobre a Comissão da Verdade, Marília Guimarães, que hoje é empresária do ramo de informática, concedeu em sua casa entrevista exclusiva ao “Quem tem medo da democracia?”.

“Quando houve o racha da VPR e da VAR, eu estava em Belo Horizonte, já na clandestinidade. Não fui avisada, porque estava incomunicável.” Esse desencontro levou os companheiros de Marília a acharem que ela tinha optado pela VAR. Mas não tinha. “Eu continuei achando que estava na VPR e fazendo as coisas que era possível em Belo Horizonte, uma cidade terrível.” (mais…)

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‘Violência do Estado é o ingrediente central da onda de assassinatos em SP’

A criminalização da pobreza, o descaso com o sistema prisional, a conivência com a corrupção policial e o incentivo à violência da Polícia Militar são os pilares da política de extermínio que o Governo do Estado de São Paulo reproduz há décadas, avalia o advogado Rodolfo de Almeida Valente, assessor jurídico da Pastoral Carcerária. Leia e entrevista exclusiva. Por Ana Paula Salviatti e Isabel Harari

Carta Maior – Há relação entre a onda de violência por que passa a cidade de São Paulo e a crescente população carcerária?

Rodolfo de Almeida Valente – São Paulo detém um terço da população prisional do Brasil, com cerca de 190 mil pessoas presas. São aproximadamente 450 pessoas presas por cem mil habitantes, o que coloca São Paulo como o nono estado que mais encarcera no mundo. Aqui, uma a cada 171 pessoas adultas está presa. Apenas nesse ano, temos média próxima a 3.000 pessoas presas a mais por mês no sistema prisional paulista. Essa população crescente é amontoada em um sistema prisional cada vez mais superlotado e degradante, onde campeiam as mais diversas violações de direitos. Nesse cenário, pode-se afirmar que a população carcerária está literalmente acuada.

É preciso notar que as pessoas que povoam o sistema prisional são aquelas mesmas pessoas historicamente alijadas do exercício de direitos básicos nesse estado. São jovens, pobres e negras, geralmente oriundas das regiões periféricas. O sistema prisional está claramente voltado não ao combate da criminalidade, mas à neutralização daquelas pessoas que não interessam ao sistema de cidadania de consumo e de acumulação de riqueza capitaneado pelos poucos de sempre. Não apenas são neutralizadas, como também já são alvo de interesse da iniciativa privada, ávida por receber dinheiro público pela administração de presídios e, principalmente, por auferir grandes lucros com a exploração de mão-de-obra disciplinada e barata. Essa é a lógica material do sistema, apesar do discurso falacioso de combate à criminalidade e de ressocialização. Obviamente, essa manifesta política de encarceramento em massa dos pobres acaba por multiplicar sentimentos de revolta, de segregação e, por conseqüência, reproduz continuamente uma sociedade crescentemente desigual e violenta. (mais…)

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Dom Eugênio Sales era, com todo o respeito, o cardeal da ditadura

Ver, ao final do texto de José Ribamar Bessa Freire, um exemplo publicado no JB de hoje. Sem dúvida, tentam transformá-lo em Dom Helder. A falsidade ideológica é tanta que agora, como pode ser visto na matéria em questão, era ele o “bispo vermelho”!  Do jeito que querem reescrever a História, só falta Dom Helder virar informante do DOI-Codi! TP.

José Ribamar Bessa Freire*

O tratamento que a mídia deu à morte do cardeal dom Eugenio Sales, ocorrida na última segunda-feira, com direito à pomba branca no velório, me fez lembrar o filme alemão “Uma cidade sem passado”, de 1990, dirigido por Michael Verhoven. Os dois casos são exemplos típicos de como o poder manipula as versões sobre a história, promove o esquecimento de fatos vergonhosos, inventa despudoradamente novas lembranças e usa a memória, assim construída, como um instrumento de controle e coerção.

Comecemos pelo filme, que se baseia em fatos históricos. Na década de 1980, o Ministério da Educação da Alemanha realiza um concurso de redação escolar, de âmbito nacional, cujo tema é “Minha cidade natal na época do III Reich”. Milhares de estudantes se inscrevem, entre eles a jovem Sônia Rosenberger, que busca reconstituir a história de sua cidade, Pfilzing – como é denominada no filme – considerada até então baluarte da resistência antinazista. (mais…)

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Acampamento Anti-nuclear na Alemanha – entre 28 de Julho e 3 de Agosto

O GAIA está convidar todas as pessoas interessadas para um Acampamento contra a Energia Nuclear, em Dobeln na Alemanha, entre 28 de Julho e 3 de Agosto.

Este acampamento surge um pouco mais de um ano depois do acidente de Fukushima e tem como objectivos: discutir os impactos da catástrofe atómica; os riscos da produção de energia nuclear; partilhar a situação de cada país em relação à produção de energia nuclear; criar redes em projectos comuns de modo a fortalecer a consciencialização sobre os riscos da produção de energia nuclear. Estes tópicos serão abordados com apresentações, oficinas, discussões, eventos públicos, acções de rua e uma visita a uma central de energia nuclear.

Este acampamento internacional anti-nuclear será durante 6 dias e reunirá cerca de 40 jovens da Áustria, Finlândia, França, Alemanha, Lituânia, Holanda, Polônia, Portugal, Eslovénia e Suécia. Cada participante apenas tem de pagar 30% da viagem e trazer tenda e saco cama. (mais…)

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Emocionante e imperdível: “Josué de Castro – Cidadão do Mundo”, de Silvio Tendler

O filme retrata a vida e a obra do médico pernambucano Josué de Castro, intelectual engajado em um dos maiores e eternos problemas da humanidade: a fome. Autor de vários livros que discutem a fome como uma questão política, Josué representou o Brasil em vários órgãos internacionais, como a FAO, mas acabou sendo exilado pela ditadura militar. Direção: Silvio Tendler. Roteiro: Adolfo Lachtermacher, Josué de Castro Filho, Silvio Tendler, Tânia Fusco. Produtor: Adolfo Lachtermache. Enviado por José Carlos. Com depoimentos de Dom Helder Câmara, Milton Santos e Chi Science, entre outros.

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RJ – Moradores reclamam de violência policial no Alemão; PM nega abusos

Isabela Vieira*, Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro- Menos de uma semana após assumirem o policiamento na comunidade Nova Brasília, no complexo de favelas do Alemão, integrantes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da localidade são acusados de agir de maneira violenta contra moradores na madrugada de hoje (14). A Polícia Militar (PM) substitui o Exército, que atuou na comunidade durante um ano e meio.

Na madrugada de hoje (14), policiais militares foram chamados para atender a uma ocorrência perto da quadra de esportes da Nova Brasília. Testemunhas contam que cerca de 20 agentes implicaram com um grupo que se divertia no Bar Flamengo, na Praça do Trevo. Diante da situação, moradores começaram a filmar a abordagem dos PMs por telefones celulares, quando foram repreendidos pela polícia.

“Estávamos no bar, em um momento de lazer no final de semana, quando os policiais chegaram jogando spray de pimenta na gente. Quando falamos que íamos filmar aquilo e pegamos o celular, eles falaram que nos levariam para a delegacia por desacato [à autoridade]”, contou a jovem Eliane da Silva Anacleto, que presenciou a confusão, mas foi impedida de registrá-la. (mais…)

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