Barachel em Direito acusado de discriminação racial

O jovem não pôde ser preso em flagrante porque o pai, que é historiador, alegou que as miniaturas de bonecos nazistas encontrados na residência, pertenciam a ele e não ao filho

Midiã Noelle Santana – Redação CORREIO

O barachel em Direito, João Marcos Aguiar Gondim Crespo, 26 anos, acusado de discriminação racial por meio do uso de uma rede social responderá em liberdade. Segundo Gustavo Valentini, delegado adjunto da 14ª Delegacia, do bairro Leblon, no Rio de Janeiro, o jovem não pôde ser preso em flagrante porque o pai, que é historiador, alegou que as miniaturas de bonecos nazistas encontrados na residência, na Lagoa, pertenciam a ele e não ao filho.

“O acusado disse que os objetos são do pai dele.  Porém também temos gravada uma conversa no Facebook, que tem conduta discriminatória, contra pessoas de classe social, que não são da Eugenia, como ele diz, não são ‘bem nascidas’. Um inquérito foi aberto o estamos apurando a conduta do acusado”, informou.

Os policiais do Programa Delegacia de Dedicação Integral ao Cidadão (DEDIC),  da 14ª DP que cumpriram mandado de busca e apreensão na casa de João na terça-feira (27), localizada na Rua Negreiros Lobato.

A equipe recebeu denúncias de usuários do Facebook na segunda (26) de que o bacharel,  também estudante de Educação Física,  estava demonstrando através do site de relacionamentos a sua ‘indignação’ (preconceito) pelas pessoas pobres que visitam diariamente a Árvore de Natal da Lagoa.

A polícia apreendeu um computador e um notebook, além de miniaturas de tanques de guerra, soldados nazistas e até um boneco de Adolph Hitler sentado em um veículo oficial nazista. Ele pode ser condenado a uma pena de um a três anos de reclusão.

‘Brincadeira’

“Ele disse que foi uma brincadeira de mau gosto e que tirou as frases do Facebook, pois não tinha noção do que fez. Os objetos apreendidos podem ser do pai, mas o acusado terá que responder pelas afirmações racistas”, disse Valentini.

O delegado informou ainda que João tinha um grupo de cinco seguidores no Facebook que concordavam com o seu pensamento, o que contribui para que a polícia fosse em busca do acusado. “Com isso podemos ver ser tem algo mais grave, se pode ter alguma seita, ou não. Ou seja, impedir que isso acabe crescendo e não motive pessoas a até cometerem outro tipo de violência”.

Miniaturas de tanques, soldados nazistas e um boneco de Hitler foram encontrados

Veja as declarações que foram encontradas no Facebook do bacharel:

“Ai, ai, é impressionante o mau-humor e a inveja, de pessoas que moram mal pra …, onde tudo é feio, essas mesmas pessoas devem achar um grande programa  visitar a árvore de natal da Lagoa, que fica apenas 1 min da minha casa, e que eu nunca perdi nem 10 segundos olhando para a mesma.”
“O mal-humor (sic) está além de seus bairros de origem, está em renegar sua genética, cabelo ruim, sorriso horrível, baixa estatura e baixo nível sócio-cultural. São feias por natureza, já nascem com 20% de gordura na cintura, não tem dinheiro nem pra ir pra São Paulo.”

“E tudo que tem na vida é um empreguinho de … . Graças a Deus, em pouco tempo estarei longe dessa gentalha e dessa cafonice. Deus nos livre dessas pragas cafonas, nós, pessoas de bem, que nascemos bem, que tivemos educação e uma ótima genética. VIVA A EUGENIA! VIVA A EUGENIA! VIVA A EUGENIA!”

“EUGENIA é um termo cunhado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando “bem nascido”. {1} Galton definiu eugenia como o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações, seja física ou mentalmente.”

“Verdade cara, mas árvore nesse caso, foi apenas um exemplo da medíocre vida e cultura de seres invejosos que convivem com a gente por alguma sorte da vida.”

Casos de preconceito

Duas situações relacionadas ao preconceito foram destaque em 2010. A primeira foi em novembro. Um caso de preconceito contra os nordestinos ficou famoso no país e se tornou motivo de discussão entre os brasileiros: “a declaração da estudante de Direito, Mayara Petruso”.

Após publicar nas páginas do Twitter e do Facebook frases polêmicas contra os moradores do Nordeste, a população do Brasil começou a ‘reparar’ mais como situações semelhantes de discriminação e incitação a violência são mais comuns do que parecem no cotidiano das pessoas.

O segundo envolveu representantes da escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi. Eles receberam neste mês diversos e-mails com conteúdo discriminatório por causa do enredo escolhido para o carnaval 2011: “Oxente, o que seria da gente sem essa gente? São Paulo: a capital do Nordeste!”.  Trecho de um dos e-mails tem a seguinte frase: “Tomara que esse carnaval seja o pior de todos da escola. É o que desejam todos os paulistas separatistas”. O remetente assina como “São Paulo é meu país”.

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